Israel sequestra ativistas da Flotilha Global Sumud e mantém brasileiros incomunicáveis
Mais de 16 horas sem contato: famílias e movimentos exigem ação imediata do governo brasileiro para garantir o retorno seguro dos nossos compatriotas detidos pelo regime sionista
Foto: Reprodução
A ofensiva criminosa de Israel contra a Flotilha Global Sumud escancarou mais uma vez a face autoritária e violenta do regime sionista. As embarcações, que levavam alimentos, medicamentos e brinquedos para Gaza, foram interceptadas ilegalmente em águas internacionais, em um ato que viola frontalmente o direito internacional.
“Forças navais israelenses interceptaram e abordaram ilegalmente o navio Sirius, da Flotilha Global Sumud, juntamente com outras embarcações em águas internacionais”, informou a flotilha, em nota. “As transmissões ao vivo e as comunicações foram cortadas. O status dos participantes e da tripulação permanece sem confirmação. Este é um ataque ilegal contra trabalhadores humanitários desarmados. Apelamos aos governos e instituições internacionais para que exijam sua segurança e libertação imediatas.”
Os ocupantes das embarcações foram levados pelos militares. Entre os sequestrados estão pelo menos 15 brasileiros, incluindo a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), a vereadora Mariana Conti (PSOL-Campinas), a dirigente do PSOL-RS Gabrielle Tolotti, o militante da Rede Emancipa de Educação Popular e do PSOL-RJ Nicolas Calabrese e o ativista Thiago Ávila. Já se passaram mais de 16 horas sem qualquer contato com os compatriotas, o que aumenta a angústia de familiares e apoiadores.
O Itamaraty confirmou estar em diálogo com autoridades israelenses, mas reconheceu que a ação militar “viola direitos” e colocou em risco a integridade dos voluntários.
“No contexto dessa operação militar condenável, passa a ser de responsabilidade de Israel a segurança das pessoas detidas”, afirmou o ministério em nota.
A Anistia Internacional classificou a captura das embarcações como “um ataque descarado contra ativistas solidários que realizavam uma missão humanitária totalmente pacífica”. Para Agnès Callamard, secretária-geral da organização, Israel demonstra “total desprezo” pelas ordens do Tribunal Internacional de Justiça ao bloquear ajuda vital e impor fome sistemática ao povo palestino.
Desde o início da escalada de violência em 7 de outubro de 2023, mais de 65 mil palestinos perderam a vida, dos quais 440 morreram em decorrência da fome, incluindo 144 crianças, segundo registros de organizações internacionais.
Em junho de 2024, uma outra tentativa da Flotilha Global Sumud de levar suprimentos humanitários também foi interceptada pelas forças navais israelenses, impedindo a chegada da ajuda à população de Gaza.
Repercussão
No Brasil, a repercussão cresce. A deputada Fernanda Melchionna (PSOL-RS) publicou vídeo em suas redes sociais na quarta-feira (1º) denunciando a gravidade da situação.
“Estamos tratando de 44 barcos que navegam em mares internacionais como uma missão humanitária para levar alimentos e medicamentos e de forma criminosa, o Estado de Israel interceptou oito barcos. Perdemos o contato com a Mariana Conti, o Nico, a Gabrielle Tolotti, sequestrados pelo Estado de Israel.Como vocês sabem, semana passada, coordenei, junto com minha amiga Sâmia Bomfim,a coleta de dezenas de assinaturas. Foram mais de 40 parlamentares que se manifestaram frente aos ministérios, ao governo Lua, reivindicando a proteção dos brasileiros que estão nessa missão. O governo brasileiro precisa agir de forma contundente para garantir o retorno imediato de nossos companheiros e companheiras”, afirmou.
Além da pressão institucional, manifestações em solidariedade à Palestina e à Flotilha estão marcadas para esta quinta-feira (2) em diversas cidades brasileiras. Atos também ocorrem em frente a embaixadas e consulados israelenses em outros países, reforçando o caráter internacional da denúncia contra os crimes de Israel.
“A solidariedade das redes tem sido muito forte, mas ela precisa crescer para garantir a segurança e a integridade física de brasileiros que foram sequestrados pelo Estado de Israel”, avalia Fernanda.
Enquanto isso, familiares, movimentos sociais e parlamentares exigem que o governo brasileiro intensifique sua ação diplomática e pressione Israel pela liberação imediata dos ativistas.
“O tempo das meras condenações acabou”, declarou Callamard. “Os Estados devem agir agora e deixar claro que não tolerarão mais ataques contra esforços humanitários desarmados.”
O sequestro da Flotilha expõe não apenas o bloqueio ilegal e genocida contra Gaza, mas também a escalada de violência contra quem ousa romper o silêncio. O destino dos ativistas brasileiros – e de centenas de voluntários de mais de 40 países – é, neste momento, um teste crucial para a solidariedade internacional e para a firmeza da diplomacia brasileira diante de um Estado que insiste em agir acima da lei.
Brasileiros sequestrados por Israel:
Ariadne Catarina Cardoso Teles
Magno De Carvalho Costa
Luizianne De Oliveira Lins
Gabrielle Da Silva Tolotti
Bruno Sperb Rocha
Mariana Conti Takahashi
Thiago de Ávila e Silva Oliveira
Lucas Farias Gusmão
Mohamad Sami El Kadri
Lisiane Proença Severo
Nicolas Calabrese (argentino com cidadania italiana residente no Brasil)