Luciana Genro aciona CDH por 300 famílias ameaçadas de despejo pela CEEE Equatorial
Comunidade do Morro da Colina denuncia tentativa de reintegração movida pela concessionária de energia e exige o direito de permanecer onde construíram suas vidas há mais de quatro décadas
Foto: Reprodução
A pedido da deputada Luciana Genro (PSOL), lideranças do Morro da Colina levaram um apelo urgente aos parlamentares da Comissão de Cidadania e Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul. A comunidade, localizada na Zona Leste de Porto Alegre, enfrenta risco de reintegração de posse movida pela CEEE Equatorial. Os moradores pedem o reconhecimento de um direito básico: permanecer onde construíram suas vidas.
“Essa não é apenas uma disputa fundiária, é uma questão de dignidade e de direitos humanos. Não podemos permitir que centenas de famílias sejam removidas como se fossem invisíveis”, destacou a deputada, que propôs que a Comissão solicite reunião oficial com a Equatorial e faça a intermediação do diálogo para evitar qualquer tentativa de remoção forçada.
As lideranças comunitárias Frida Elias e Débora Silva, juntamente de outros moradores, relataram o medo constante de perder o único lar construído ao longo de décadas. Frida, moradora há 17 anos, lembrou que muitos chegaram ao local quando o bairro sequer tinha água encanada, correio ou CEP.
“Nós investimos tudo ali. São famílias com filhos, netos, idosos. Vivemos com medo de acordar e encontrar uma patrola derrubando nossa casa”, disse.
Débora reforçou o apelo ao governo e ao povo gaúcho.
“O governo não olha para as pessoas mais humildes aqui em Porto Alegre. Já mandaram polícia, já feriram crianças, grávidas, idosos com tiro de borracha… Eu peço humanidade. Não adianta discurso bonito, queremos ver a lei respeitar quem não tem dinheiro. Não estamos pedindo favor, estamos defendendo o único teto que temos,” desabafou.
A deputada alertou que o caso do Morro da Colina não é isolado.
“Quando é para proteger a propriedade dos ricos, a lei é intocável. Quando se trata do direito à moradia dos pobres, tudo é relativizado. Essas famílias estão há décadas em paz, e agora são tratadas como intrusas em suas próprias casas,” denunciou.
Ao final da reunião, Luciana Genro recebeu das lideranças um documento formal com as reivindicações da comunidade das Vilas Altos da Colina e Grécia, que reúne pedidos como garantia do direito à moradia digna, possibilidade de reassentamento próximo ao território e abertura de diálogo com órgãos públicos e a empresa responsável. O documento reforça que a comunidade existe há mais de 40 anos e já enfrenta processos anteriores de repressão e despejo.