Fotos: Tatiana Py Dutra/Esquerda em Movimento

Na quinta-feira (2), diversas cidades brasileiras se levantaram em solidariedade ao povo palestino e pela libertação dos militantes da Global Sumud Flotilla sequestrados por Israel. Rio de Janeiro, Belém, Fortaleza, Porto Alegre, Santarém, São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, São Luís e Ibirité foram palco de atos que denunciaram o genocídio em Gaza e exigiram o fim da cumplicidade brasileira com o Estado sionista e ações urgentes que garantam o retorno dos compatriotas presos ilegalmente.

Entre os sequestrados estão a presidente estadual do PSOL, Gabi Tolotti, a vereadora Mariana Conti (PSOL-Campinas), o militante da Rede Emancipa e do PSOL-RJ Nicolas Calabrese e o ativista Thiago Ávila. Eles tentavam romper o bloqueio ilegal contra Gaza levando ajuda humanitária, mas suas emabrcações foram abordadas pela Marinha de Israel. Segundo as últimas informações, os ativistas foram levados a um porto israelense, onde permanecem incomunicáveis, sem acesso sequer a advogados.

Em Porto Alegre, cidade onde mora Gabi Tolotti, a concentração começou em frente à Faculdade de Educação (Faced) da UFRGS, local simbólico por ter sediado um acampamento estudantil contra a parceria da universidade com a AEL Sistemas — subsidiária da Elbit Systems, fabricante de drones e armas utilizadas nos bombardeios a Gaza. De lá, estudantes, sindicalistas e integrantes de movimentos populares caminharam até a Esquina Democrática, tradicional palco de lutas em Porto Alegre, entoando palavras de ordem, empunhando faixas e cartazes que pediam: “Palestina Livre, do rio ao mar!”.

Diversas lideranças políticas e sociais se somaram ao ato. O vereador Pedro Ruas (PSOL) denunciou a cumplicidade brasileira no genocídio:

“Nem todos sabem, mas aquela granada proibida no mundo todo é usada por Israel é feita no Brasil. É uma vergonha para nós. É uma vergonha”.

Já o também vereador Roberto Robaina (PSOL) destacou a urgência da pressão internacional para a libertação dos presos políticos.

“A expectativa é que sejam libertados porque há mobilizações ocorrendo no mundo todo. Teve greve geral na Itália, teve mobilizações na Espanha e o Brasil também está participando, em menor grau, mas participando. Há 15 brasileiros que precisam ser libertados imediatamente porque foram sequestrados por um estado terrorista”, pontuou.

A deputada estadual Luciana Genro (PSOL) reforçou:

“É inaceitável que o Estado de Israel sequestre ativistas que estavam em águas internacionais tentando levar comida, remédios, mantimentos para o povo palestino vítima de genocídio. Exigimos a libertação imediata e que o governo Lula faça todos os esforços nesse sentido”.

Participação crescente

Movimentos sindicais também marcaram presença. Neiva Lazzarotto, diretora do 39° núcleo do CPERS, destacou a força da mobilização:

“Está bonito aqui. Estivemos em um ato outro dia, e vemos que cresceu muito hoje. É importantíssimo que Porto Alegre amplie a mobilização, Fazemos parte dos milhões no mundo que dizem Palestina Livre do rio ao mar. Chega de genocídio. Condenamos o estado assassino de Israel, patrocinado, bancado, pelos Estados Unidos, que também quer nos controlar”.

Cláudia dos Santos, da Frente Gaúcha de Solidariedade ao Povo Palestino, denunciou as relações da UFRGS com a AEL.

“Essa empresa militar israelense produz as armas que atacaram a flotilha e massacram o povo palestino. É urgente romper essas relações. Palavras não mudam a situação, precisamos de pressão real para salvar nossos companheiros presos agora”, exigiu.

Incomunicáveis

Mais de 24 horas após a captura da Global Sumud Flotilla em águas internacionais, os 12 brasileiros detidos no porto de Ashdod permanecem sem contato com a embaixada. Tentativas de acesso feitas por diplomatas foram negadas, mesmo durante os interrogatórios.

“Não foi permitido a nenhum dos brasileiros contato com a embaixada”, denunciou Lara Souza, coordenadora da delegação e esposa do ativista Thiago Ávila, também incomunicável.

Ao todo, cerca de 500 pessoas foram presas por Israel. A justificativa apresentada para barrar advogados e diplomatas foi o feriado de Yom Kippur, com promessa de acesso apenas a partir desta sexta-feira (3).

Além dos 12 confirmados, dois brasileiros — João Aguiar e Miguel de Castro — seguem desaparecidos, sem confirmação oficial de sua detenção.

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