Noite sob cerco: Israel usa navios, drones e submarinos para intimidar a Global Sumud Flotilla
Em águas internacionais, embarcações humanitárias sofreram horas de assédio militar israelense – um ato ilegal e de guerra contra quem ousa levar solidariedade ao povo palestino
Foto: Global Sumud Flotilla/Diulgação
A madrugada desta quarta-feira (1º) ficará marcada como uma das mais tensas da jornada da Global Sumud Flotilla, missão internacional de solidariedade que busca romper o bloqueio criminoso imposto por Israel à Faixa de Gaza. Nas horas mais silenciosas da noite, os barcos que transportam ativistas, médicos, parlamentares e toneladas de ajuda humanitária foram cercados por navios de guerra, sobrevoados por drones e até intimidados por submarinos israelenses.
Os relatos surgiram em tempo real pelas redes sociais. A vereadora Mariana Conti, do MES-PSOL, publicou vídeos em que denuncia o ataque de drones sobre as embarcações, descrevendo a ação como uma “tentativa de intimidação e sabotagem contra uma missão humanitária em águas internacionais”.
Também presente na flotilla, a presidente do PSOL-RS, Gabi Tolotti, também do Movimento Esquerda Socialista, registrou que a madrugada foi “desafiadora e intensa”, mas reafirmou a determinação do grupo: “seguimos firmes rumo a Gaza”.
Intimidação em alto-mar
Segundo relatos de bordo e confirmados por veículos internacionais como Reuters e The Guardian, navios militares israelenses se aproximaram perigosamente das embarcações civis, em manobras de risco que colocaram em alerta máximo a tripulação. Em alguns momentos, as comunicações entre os barcos Alma e Sirius foram interrompidas, justamente quando navios não identificados, alguns com luzes apagadas, circulavam ao redor.
O cerco não parou aí: drones militares sobrevoaram em baixa altitude, lançando explosões luminosas e substâncias desconhecidas sobre os barcos. Em paralelo, submarinos emergiram em manobras intimidatórias, iluminando a água em torno da flotilla, numa demonstração explícita de força militar contra ativistas desarmados.
“Estamos diante de um crime de guerra em andamento. Interceptar barcos civis em águas internacionais não é apenas ilegal: é uma afronta direta ao direito humanitário”, destacou a vereadora Mariana Conti em suas redes.
Um ataque contra a solidariedade
A Global Sumud Flotilla reúne embarcações vindas de diferentes países, entre eles o Brasil, e carrega toneladas de suprimentos destinados à população de Gaza, que enfrenta um cerco cada vez mais brutal. Desde 2007, Israel controla as entradas e saídas do território palestino, submetendo mais de dois milhões de pessoas a um regime de fome, destruição e ausência de direitos.
Ao atacar a flotilla, Israel não apenas desafia convenções internacionais – como a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar – mas também tenta deslegitimar a solidariedade internacional.
“Essas pessoas não estão armadas. O que Israel teme não são foguetes, mas a denúncia da sua política genocida contra Gaza”, afirmou um dos coordenadores da missão ao portal Esquerda Diário.
Repercussão mundial
O episódio gerou indignação global. Organizações de direitos humanos e movimentos sociais denunciaram que Israel intensifica sua política de intimidação em um momento em que a flotilla ganha apoio internacional crescente. Países como Turquia, Noruega e Irlanda já anunciaram iniciativas diplomáticas para pressionar pelo respeito ao direito de navegação e à missão humanitária. Além disso, outros governos estudam enviar embarcações para escoltar a flotilla, ampliando o constrangimento sobre Tel Aviv.
Apesar das ameaças, a Global Sumud insiste em avançar. “Não nos calarão. Gaza não está sozinha”, declararam os ativistas em nota coletiva. Desde ontem, o mundo pode acompanhar imagens do avanço da caravana em tempo real, pelo YouTube, neste link.

A força da resistência
O ataque da madrugada reforça o contraste entre a violência de um Estado armado até os dentes e a coragem de civis que escolheram arriscar a própria vida em nome da justiça. Enquanto drones, navios e submarinos buscavam impor medo, a flotilla respondia com gritos de resistência e cânticos de solidariedade.
Mais do que um episódio isolado, a madrugada de terror expõe a lógica de Israel: sufocar qualquer gesto de apoio ao povo palestino. Mas também evidencia algo que o exército israelense não pode controlar: a crescente rede internacional de solidariedade que, a cada dia, denuncia e desafia o genocídio em Gaza.