A COP-30 no espelho da situação nacional

A COP-30 no espelho da situação nacional

A realização da COP 30 na Amazônia coloca novamente a emergência climática no centro do debate público no Brasil

Israel Dutra 10 nov 2025, 16:12

Iniciada pouco após o aval do governo federal para a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, a conferência marca o abandono dos objetivos de redução de emissões de carbono estabelecidos pelo Acordo de Paris em 2015. Nas palavras do próprio presidente da COP, André Corrêa do Lago, seu foco deverá estar na adaptação às mudanças climáticas, implicitamente admitindo a incapacidade de ação perante os interesses da indústria do combustível fóssil e aceitando os gravíssimos pontos de não retorno já atingidos ou em via de o serem. O apoio ao Fundo das Florestas Tropicais para Sempre (TFFF, na sigla em inglês), que busca combater o desmatamento através da financeirização das florestas preservadas, é outro exemplo dos enormes limites do governo brasileiro na questão.

Nesse sentido, a COP 30 é também um espelho da própria realidade nacional, expressando ao mesmo tempo tanto as contradições do governo perante o chamado “capitalismo verde” quanto as necessárias tarefas de enfrentamento ao negacionismo e a violência da extrema direita.

Três temas tem sido especialmente sensíveis na agenda dos movimentos sociais diante da COP-30. O primeiro refere-se a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, com a permissão para perfuração exploratória, com prejuízos socioambientais são incalculáveis. Depois, como grande marca apresentada pelo governo brasileiro, reeditando a proposta apontada no G20 em 2022, o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF). O TFFF integra-se a lógica do capitalismo verde ao financeirizar a preservação das florestas tropicais, tratando-as como uma engrenagem da acamulação capitalista para a qual devemos dirigir uma atenção de mercado. Por último, a inclusão de mais de três mil quilomêtros de trechos navegáveis dos rios Tocantins, Madeira e Tapajós no Programa Nacional de Desestatização (PND), contra o que os povos tradicionais já se manifestaram. Estes pontos se chocam diretamente com as posições do governo.

As expressões de resistência presentes hoje em Belém indicam estas respostas. O II Encontro Ecossocialista Latino-Americano e Caribenho é um desses exemplos, reunindo militantes e organizações políticas ecossocialistas de diferentes países para debater e planejar ações antissistêmicas a partir de uma perspectiva revolucionária. A Cúpula dos Povos, um espaço de resistência mais amplo, também é uma destas expressões que reúne movimentos sociais importantes, como o MST, o MAM e outros.

O PSOL e sua Fundação Lauro Campos e Marielle Franco também se apresentam nos espaços ao redor da COP com suas posições programáticas, como no combate ao negacionismo climático, na denúncia da exploração do petróleo na Amazônia e na solidariedade anti-imperialista, especialmente em defesa do povo palestino. Desde nossa organização, o MES-PSOL, estamos construindo estas diversas iniciativas através de nossa vereadora de Belém, a companheira Vivi Reis, de nosso setorial nacional ecossocialista e dos diversos movimentos e frentes de luta que impulsionamos.

Perante todos estes desafios, é necessário combinar agitação e propaganda para propor medidas transitórias que estejam articuladas com as pautas da ordem do dia, especialmente para os setores mais precarizados da classe trabalhadora, as populações racializadas que sentem na pele o racismo ambiental e a juventude que anseia por seu próprio futuro em um momento de profunda crise em todos os níveis da vida. É fundamental tomar posição ao lado dos movimentos socioambientais, formando um polo crítico e de combate, entre outras coisas, às medidas sustentadas pelo governo federal, como a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, as privatizações dos recursos naturais e a financeirização das florestas. Estamos diante da disputa de uma geração e só estaremos à altura desse desafio se encararmos o problema de frente, sem demagogias, através de ações que toquem na raiz capitalista das múltiplas crises. Hoje, Belém é um passo importante desta luta.


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