Um ano da Casa Marx-Engels
A Casa Marx-Engels é um espaço cultural de formação política na cidade de Betim, geograficamente localizada nas terras das Gerais
No dia 23 de novembro de 2024 foi inaugurada a Casa Marx-Engels, espaço cultural de formação política na cidade de Betim, geograficamente localizada nas terras das Gerais. A ideia de um espaço voltado para (re)organização dos comunistas em Betim e a formação de uma nova geração de marxistas, seja no campo teórico, seja se organizando para ação, surge em um conflituoso momento eleitoral daquele mesmo ano. Ataques, difamações e boicotes financeiros – tanto por setores oportunistas internos do PSOL quanto pela direita extremada – que auferiram desmobilizar o trabalho do Movimento Esquerda Socialista não foram suficientes para impedir o lançamento da candidatura do MES e esta ser a mais votada de toda federação PSOL-REDE na cidade.
Em uma das reuniões organizativas eleitorais, os/as camaradas presentes assumiram a tarefa, inspirados no princípio trotskista de mobilização permanente, que após as eleições municipais seria fundamental abrirmos nosso próprio espaço. E foi naquele momento, imerso ao caos, que os/as militantes de Betim, mais uma vez, avançaram na contradição e em menos de dois meses após o fim das eleições, no dia 23 de novembro de 2024, era inaugurada a Casa Marx-Engels.
Espaço que acolhe a diversa classe trabalhadora, a Casa Marx-Engels se ancora na máxima do camarada Lenin: “Sem teoria revolucionário não há movimento revolucionário.” Na busca de divulgar o marxismo e apresentar a nossa linha política, desde a inauguração passaram pelo nosso espaço em média mil pessoas nos aproximadamente 70 encontros realizados. Duas atividades merecem ser destacadas neste singelo texto comemorativo, que foram as exibições de dois documentários.
Em parceria com movimentos sociais da cidade, o primeiro é a exibição do filme “Carta de Linhares” (evento grande que utilizou o espaço de outro parceiro, o Grupatum), que contou a história de que como militantes do Comando de Libertação Nacional (COLINA) escreveram o primeiro documento denunciando as torturas ocorridas no período da Ditadura empresarial-militar. Naquele dia histórico, além do diretor do filme Marcelo Passos, estiveram presentes para uma rodada de conversa dois ex-presos políticos e signatários da carta, os companheiros Marcon Antônio Meyer e Jorge Nahas.
O outro supracitado documentário, foi a dupla exibição na PUC-Betim dos filmes “Memória Essencial” e “A Casa de Dona Helena Greco”; produzidos pela diretora Luciene Araújo e que contou com a grandiosa presença de Valéria Costa Couto, irmã de Walkíria Afonso Costa – estudante de Pedagogia na UFMG e que foi assassinada pela Ditadura na guerrilha Araguaia.
Neste entrelaçar entre o passado e o presente, nosso espaço completa um ano de vida! Por coincidência boa, se na inauguração da Casa Marx-Engels contou com o lançamento do livro do camarada Ruan Debian (Estudantes a favor da Ditadura: uma análise do anticomunismo do CCC), no dia 22 de novembro haverá o lançamento em Betim do livro do camarada Roberto Robaina (A Ascenção da Extrema Direita e o Freio de Emergência) em conjunto ao lançamento do site da Casa Marx-Engels. Contando com a figura de Robaina neste momento histórico para todos os militantes de Minas Gerais, e em especial a companheirada do MES-Betim, sua presença na comemoração de um ano enaltece o trabalho de valorosos e valorosas camaradas que dedicam suas vidas à construção do nosso partido revolucionário cujo objetivo é o socialismo.
Camaradas como Robson Vieira, Cecília Pádua, Laura Mitraud, Isabelle Patrocínio, Bruno Freitas, Ruan Debian, Daniele Ascipriano, Valdir (querido Didi), Alice Catalunha, Geisa Gabriela, Glaucio Ricardo, e tantos outros, estão no cotidiano da Casa Marx-Engels garantindo que seja, de fato, a casa da classe trabalhadora da cidade. Sem nenhum tipo de financiamento, mantemos as portas abertas graças a esses camaradas mencionados e aos contribuintes mensais, que mesmo não sendo muitos filiados ao MES-PSOL ou frequentarem as atividades, acreditam em nosso trabalho, acreditam numa alternativa ao capitalismo, ou seja, no socialismo. Obviamente que a cotização mensal não é suficiente para aluguel, água, luz e todos os elementos necessários para o funcionamento da Casa Marx-Engels, mas com organização e dedicação a causa proletária, estamos aqui, com todas as dificuldades, completando um ano de história de Casa Marx-Engels.
Por fim, nosso espaço é o espaço da classe trabalhadora da cidade de Betim e região, espaço em que pretos, brancos, pardos, homens, mulheres, héteros, LGBTQIA+, juventude, camaradas experientes, moradores do centro, moradores da favela, ateus, religiosos etc., todos se reconhecem como iguais ao frequentarem a Casa Marx-Engels, pois todos se reconhecem enquanto classe trabalhadora. “Uai”, o cotidiano de nosso espaço, “sô”, é o socialismo sendo experienciado na prática, seja pelas interações sociais, seja pela autogestão do espaço. Como diria o velho Marx e o velho Engels: Trabalhadores do mundo inteiro, Uni-vos!
Sigamos unidos na diversidade!