CONVOCATÓRIA DO ENCONTRO NACIONAL DO MPL – Campo Grande (MS) — 23, 24 e 25 de janeiro de 2026
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CONVOCATÓRIA DO ENCONTRO NACIONAL DO MPL – Campo Grande (MS) — 23, 24 e 25 de janeiro de 2026

Por terra, moradia, ecossocialismo e soberania popular!

Coordenação Nacional do MPL 17 dez 2025, 11:28

O Movimento Popular de Luta (MPL) torna pública esta Convocatória Oficial para o seu Encontro Nacional, que ocorrerá entre os dias 23, 24 e 25 de janeiro de 2026, na cidade de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, com delegações de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Alagoas, Mato Grosso do Sul e outros estados.

Lutar pela reforma agrária e pela reforma urbana popular é lutar por dignidade humana, soberania popular e respeito à classe trabalhadora. É afirmar, de forma direta e sem ambiguidades, que terra e moradia não são mercadorias, mas direitos fundamentais sistematicamente negados pelo capitalismo dependente brasileiro e por um Estado historicamente a serviço da burguesia, do latifúndio e da especulação imobiliária.

Encerramos mais um ano sob a marca da crise estrutural do capitalismo e da profunda paralisia das políticas públicas voltadas ao povo pobre. A reforma agrária e a reforma urbana seguem reduzidas a discursos vazios, números artificialmente inflados e anúncios que não se materializam na vida concreta das famílias sem-terra e sem teto. Ao mesmo tempo, assistimos à cooptação de organizações sociais, ao abandono da agenda popular por parte do governo federal e ao fortalecimento de forças políticas que defendem abertamente a privatização da vida, da terra e das cidades.

A realidade é dura e incontornável: milhões de famílias seguem vivendo em barracos de lona às margens de rodovias, em ocupações urbanas criminalizadas, em periferias sem infraestrutura, sob constante ameaça da violência policial, dos despejos forçados e da ação de jagunços financiados pelo agronegócio e pelo capital imobiliário. Defender o povo pobre, a reforma agrária, a moradia digna, os povos indígenas e quilombolas tornou-se, mais uma vez, colocar um alvo nas costas. No Brasil, ser pobre, negro e periférico continua sendo tratado como sinônimo de “inimigo interno”.

O ano de 2025 foi desastroso para a luta popular. Segundo dados oficiais, apenas cerca de 3.200 famílias foram assentadas em todo o país, o pior resultado desde a redemocratização. No campo da moradia, o programa Minha Casa, Minha Vida entregou menos de 45 mil unidades habitacionais para famílias de baixa renda — número irrisório diante de um déficit que ultrapassa 6 milhões de famílias. A política habitacional e agrária foi substituída por manobras retóricas, solenidades vazias e completa submissão do governo às exigências do agronegócio, do mercado imobiliário e do Centrão.

Diante desse cenário, 2026 se anuncia como um ano decisivo. A ameaça do retorno de uma burguesia liquidacionista, privatista e genocida — que já governou o Brasil por séculos — exige uma resposta firme, organizada e independente da classe trabalhadora. Não se trata apenas de disputar eleições, mas de impedir que se repitam tragédias como as chacinas nas periferias, celebradas pela extrema direita sob o falso discurso de “combate ao crime”, enquanto nada fazem para enfrentar as raízes estruturais da violência social.

A classe trabalhadora tem o dever histórico de intervir no processo político de 2026 não como massa de manobra eleitoral, mas como sujeito ativo da transformação social, com candidaturas próprias, alianças táticas bem delimitadas e, sobretudo, com organização popular enraizada nos territórios, nas ocupações, nos acampamentos e nas periferias urbanas e rurais.

O MPL se reconhece como herdeiro de uma longa tradição de resistência popular. Nos inspiramos em Zumbi dos Palmares, em Antônio Conselheiro e no camarada Hugo Blanco, cujas trajetórias ensinam que não há emancipação sem ação direta, organização popular e independência de classe.

Nos inspiramos na trajetória do camarada Hugo Blanco (1934–2023), referência histórica da luta camponesa, indígena e ecossocialista na América Latina. Hugo Blanco dedicou sua vida à organização dos povos andinos contra o latifúndio, protagonizando uma histórica revolta camponesa no Peru e defendendo uma reforma agrária construída a partir de baixo, pela ação direta dos trabalhadores rurais. Preso, exilado e perseguido, jamais abandonou a luta. Sua contribuição política e teórica foi decisiva ao afirmar que os povos indígenas lutam há séculos pelo que hoje chamamos de ecossocialismo: a defesa da vida, do território e da natureza contra a mercantilização capitalista. Hugo Blanco nos ensina que não existe luta por terra e moradia sem justiça climática, nem soberania popular sem defesa intransigente dos territórios e da Pachamama.

Este Encontro Nacional do MPL será espaço de formação política, organização estratégica e definição de tarefas concretas para a luta de 2026.


1. CONJUNTURA INTERNACIONAL

No momento vivemos uma intensificação do “interregno gramsciano”, como aponta Pedro Fuentes (2025), em que o velho mundo imperialista, decadente e violento resiste a desaparecer, enquanto o novo — oriundo das lutas populares — enfrenta obstáculos gigantescos para emergir. A crise estrutural do capitalismo combina recessão global, financeirização extrema, colapso climático e guerras regionais, configurando uma instabilidade permanente. Nesse contexto, a disputa entre Estados Unidos e China é o eixo estruturante da geopolítica mundial. Katz (2021) observa que a China expressa traços embrionários de imperialismo, especialmente ao lucrar com a primarização latino-americana, ainda distante, porém, do padrão militar intervencionista dos EUA.

Sob Donald Trump, o imperialismo estadunidense ingressa em sua fase mais perigosa em décadas. Além do apoio integral ao genocídio palestino e da retórica neofascista aberta, Trump ameaça intervir militarmente na Venezuela. Essa ameaça não pode ser analisada isoladamente: ela está diretamente vinculada às gigantescas reservas de petróleo descobertas na faixa equatorial, que abrange Venezuela, Guiana, Suriname e Brasil, constituindo a maior fronteira energética emergente do século XXI.

As descobertas de petróleo em águas profundas na Guiana e no Suriname, somadas às reservas históricas da Venezuela e aos campos promissores do litoral norte brasileiro, indicam que a região pode se tornar o maior polo produtor de petróleo e gás do mundo. Essa nova fronteira energética redefine os interesses imperialistas. A narrativa de “defesa da democracia” é apenas a fachada ideológica; o objetivo real é garantir controle geopolítico e energético em um mundo em colapso climático e econômico.

Uma intervenção na Venezuela abriria caminho para disputas diretas com a China, reconfigurações forçadas de fronteiras marítimas, ingerência militar sobre Guiana e Suriname e pressões diretas sobre a soberania brasileira. Trata-se de uma ofensiva da extrema direita imperialista sobre a América Latina, travestida de combate ao “narcoterrorismo”. Por isso, o MPL defende a soberania do povo venezuelano contra qualquer intervenção imperialista, sem renunciar à crítica ao déficit democrático do regime Maduro. O internacionalismo consequente exige essa dupla postura.

Defender a soberania latino-americana, especialmente na faixa equatorial, tornou-se condição indispensável para qualquer perspectiva de emancipação dos povos e de enfrentamento ao imperialismo.


2. CONJUNTURA NACIONAL

A vitória de Lula em 2022 só foi possível pela mobilização massiva dos movimentos sociais, das ocupações urbanas e rurais, dos sindicatos combativos, das periferias e da juventude pobre, que enfrentaram e derrotaram o bolsonarismo golpista. O MPL foi parte ativa desse processo. Sem essa mobilização, o Brasil teria mergulhado em um regime de exceção, com censura, perseguição e eliminação de direitos fundamentais.

Entretanto, a necessária derrota da extrema direita não pode servir como justificativa para o imobilismo do governo Lula III nas pautas essenciais à classe trabalhadora. A reforma agrária e a reforma urbana popular praticamente não saíram do papel; o déficit habitacional aumentou; e a especulação imobiliária se intensificou. Houve discursos, anúncios e solenidades — mas o povo pobre continuou sem-terra e sem teto.

Essa paralisia decorre de uma escolha política: governar em conciliação com o grande capital e ficar refém do Centrão. O Ministério das Cidades foi entregue ao MDB de Jader Barbalho Filho, neutralizando qualquer perspectiva de política séria de moradia popular. O agronegócio não enfrentou contradição real com o governo, mantendo-se intocado. O conjunto dessas opções reduziu a agenda de transformação social à mera retórica.

O MPL reafirma que a extrema direita precisa continuar derrotada e que pode haver apoio crítico a um eventual governo Lula IV — mas esse apoio não será um cheque em branco. Ele dependerá da disposição efetiva do governo de romper com a paralisia dos últimos quatro anos e enfrentar o latifúndio, o mercado imobiliário, o arcabouço fiscal e as estruturas de poder que bloqueiam a reforma agrária e a reforma urbana popular.

Por isso, é imprescindível que o MPL apresente a Lula um conjunto de reivindicações programáticas claras, públicas e inegociáveis, construídas a partir das demandas concretas do povo pobre — terra, moradia, regularização fundiária, investimentos massivos em habitação popular, retomada real da reforma agrária, enfrentamento ao agronegócio predatório e devolução das cidades ao povo trabalhador. O governo deve assumir compromissos objetivos, com metas, prazos e mecanismos de participação e controle popular.

Apoio crítico só existe quando há compromisso concreto com o povo. Sem isso, não haverá apoio político do MPL à busca de Lula por um quarto mandato. O movimento marchará ao lado de Lula contra o bolsonarismo, mas marchará de forma autônoma, exigindo que as pautas históricas sejam assumidas sem hesitação.

3. Ecossocialismo como horizonte estratégico do MPL

Michael Löwy, Hugo Blanco e a defesa intransigente da vida, do território e do poder popular

O Movimento Popular de Luta (MPL) assume de forma explícita e intransigente o ecossocialismo como horizonte estratégico da sua atuação política, organizativa e programática. Essa posição não nasce de modismos teóricos ou de preocupações abstratas, mas da realidade concreta vivida pela classe trabalhadora, especialmente pelos povos do campo, das periferias urbanas, dos territórios indígenas e quilombolas — aqueles que mais sofrem os impactos da destruição ambiental produzida pelo capitalismo.

A formulação ecossocialista defendida pelo MPL dialoga diretamente com as contribuições de Michael Löwy, um dos principais teóricos do ecossocialismo contemporâneo. Para Löwy, a crise climática não é um problema secundário nem um desvio corrigível do sistema, mas uma expressão direta da lógica destrutiva do capitalismo, fundada na acumulação infinita, no produtivismo e na mercantilização total da natureza e da vida. Nesse sentido, não existe saída ecológica dentro do capitalismo, nem possibilidade real de um “capitalismo verde” capaz de compatibilizar lucro e preservação ambiental.

Michael Löwy afirma que o ecossocialismo é uma ruptura civilizatória necessária, que recoloca a economia sob controle social e subordina a produção às necessidades humanas e aos limites ecológicos do planeta. Essa ruptura implica enfrentar frontalmente o agronegócio, a mineração predatória, a especulação imobiliária e o modelo energético fóssil, todos pilares da destruição ambiental e da expropriação dos territórios populares. Para o MPL, essa crítica não é abstrata: ela se materializa nas ocupações urbanas e rurais, nos conflitos por terra, nas enchentes que atingem as periferias e na criminalização das lutas populares.

A defesa do ecossocialismo pelo MPL se ancora também no exemplo histórico do camarada Hugo Blanco (1934–2023), cuja trajetória sintetiza, de forma viva, a unidade entre luta de classes, defesa do território e justiça ambiental. Hugo Blanco não tratava o ecossocialismo como uma teoria importada da academia, mas como uma prática histórica dos povos indígenas e camponeses da América Latina. Ao organizar revoltas camponesas contra o latifúndio no Peru, ao defender a autonomia dos povos originários e ao enfrentar o Estado e as oligarquias, Hugo Blanco demonstrou que defender a terra é defender a vida, e que a luta ecológica é inseparável da luta anticapitalista.

Seguindo Michael Löwy, Hugo Blanco afirmava que os povos indígenas lutam há séculos pelo que hoje chamamos de ecossocialismo: a defesa da Pachamama contra sua transformação em mercadoria, a preservação dos territórios contra o saque imperialista e a construção de formas comunitárias de vida baseadas na solidariedade e no cuidado coletivo. Essa perspectiva é central para o MPL, que reconhece nos saberes populares, indígenas e camponeses uma fonte fundamental de resistência ao capitalismo destrutivo.

Assumir o ecossocialismo como eixo estratégico significa, para o MPL:

  • afirmar que não há reforma agrária possível sob o domínio do agronegócio;
  • reconhecer que não existe moradia digna em cidades organizadas para o lucro imobiliário;
  • compreender que a crise climática atinge de forma desigual a classe trabalhadora, penalizando os pobres, que vivem em áreas de risco e territórios precarizados;
  • defender que justiça climática só é possível com poder popular e controle social do território.

Nesse sentido, a luta por terra, moradia, soberania popular e justiça climática é uma só. O ecossocialismo defendido pelo MPL não é uma pauta acessória, mas parte estruturante do seu projeto político. Ele orienta a ação direta, a organização das ocupações, a defesa dos territórios e a formação política da militância.

Ao convocar o Encontro Nacional do MPL, a Coordenação Nacional reafirma que a defesa intransigente do ecossocialismo será um dos eixos centrais do debate e da construção coletiva do movimento para 2026. Inspirados por Michael Löwy, por Hugo Blanco e pela experiência concreta das lutas populares no Brasil, afirmamos que não há futuro para a humanidade sem ruptura com o capitalismo, e que essa ruptura só pode ser construída a partir da organização consciente da classe trabalhadora.

O ecossocialismo, para o MPL, não é uma utopia distante, mas uma necessidade histórica imediata, forjada nas ocupações, nos acampamentos, nas periferias e nos territórios em luta. É a afirmação de que defender a vida exige enfrentar o sistema que a destrói.


4. OS RISCOS DA ADAPTAÇÃO E DA CAPITULAÇÃO DE LIDERANÇAS

O crescimento do MPL aumenta também o risco de adaptação institucional e cooptação de lideranças pelo reformismo. Para evitar esse desvio, é indispensável fortalecer a independência de classe, a disciplina organizativa e a formação política permanente.

A distinção entre aliados táticos e aliados estratégicos é fundamental. Aliados táticos — parlamentares, figuras públicas, setores progressistas — podem ser importantes em determinados momentos, mas tendem a empurrar o movimento para dentro dos limites da ordem, buscando moderar sua radicalidade. Aliados estratégicos são as famílias das ocupações, os trabalhadores precarizados, os povos do campo e das periferias: são eles que possuem interesse material na transformação radical da sociedade.

A força do MPL não vem de gabinetes, mas do povo ocupando latifúndios improdutivos — rurais e urbanos — e arrancando direitos pela ação coletiva. O Estado brasileiro protege historicamente a propriedade privada e a especulação imobiliária, razão pela qual terra e moradia nunca avançarão apenas por dentro da institucionalidade.

A cooptação de lideranças evidencia, de forma concreta, o tipo de pressão, assédio e sedução que o Estado, os governos e as instituições exercem sobre dirigentes de movimentos populares: cargos, estruturas, convites, salários, prestígio social. Uma liderança do MPL, apesar de todos os assédios, não pode sucumbir às benesses das relações com instituições, governos e estruturas burocráticas. Quando isso ocorre, não é apenas uma pessoa que se afasta: é uma fração da nossa força histórica que é desviada para dentro da ordem.

Nesse sentido, os ensinamentos de Florestan Fernandes são fundamentais para o MPL e sua militância, especialmente para aqueles e aquelas que permanecem nas trincheiras de luta do movimento. Quando Florestan sintetiza a linha da classe trabalhadora em:

Contra a intolerância dos ricos, a intransigência dos pobres. Não se deixar cooptar. Não se deixar esmagar. Lutar sempre!”, ele aponta exatamente o caminho que o MPL precisa seguir:

  • não se deixar cooptar,
  • não se deixar esmagar,
  • lutar sempre, mantendo a intransigência dos de baixo frente à intolerância dos de cima.

Levar a sério Florestan significa recusar qualquer projeto de “integração pacífica” do movimento às estruturas do poder. Significa compreender que, para o MPL, não há carreira individual que valha mais do que a fidelidade à nossa classe. As lideranças são instrumentos da luta coletiva, não proprietárias de mandatos ou trajetórias pessoais. Quando uma liderança cai na armadilha da conciliação, cabe ao movimento reforçar sua própria identidade de classe e valorizar os militantes que seguem firmes ao lado do povo pobre, nas ocupações, nas cozinhas coletivas, nas jornadas de luta e nos enfrentamentos cotidianos.

Para não repetir os erros de organizações que se burocratizaram e perderam força, o MPL precisa reforçar sua autonomia frente ao Estado, aos partidos e ao cretinismo parlamentar. A vitalidade do movimento está na sua independência, na sua capacidade de formar novos quadros e na força organizada dos de baixo.


5. 1% PARA MORADIA DIGNA E 1% PARA A REFORMA AGRÁRIA**

A Constituição Federal afirma que a moradia é um direito social e atribui a União, Estados, Distrito Federal e Municípios a responsabilidade compartilhada pela política habitacional. Porém, ao não criar fontes de financiamento obrigatórias, a Constituição abriu espaço para um cenário de omissão crônica: nenhum ente federativo assume metas claras, e a população pobre fica refém do improviso, da filantropia e das promessas eleitorais. O resultado é um país onde milhões vivem sem moradia digna, enquanto a especulação imobiliária cresce e avança sobre as cidades.

No campo, a situação não é diferente. A Constituição estabelece que a reforma agrária é competência exclusiva da União, tendo o INCRA como órgão responsável. Entretanto, o desmonte do governo Bolsonaro, seguido da paralisia e procrastinação do governo Lula III, deixou a pauta praticamente estagnada. O INCRA opera com orçamento insuficiente, metas simbólicas e falta de prioridade política. Falta terra para quem nela trabalha e sobra terra para quem a mantém improdutiva.

Diante desse quadro, o MPL adota como bandeira programática:

1% do orçamento da União para moradia digna;

1% do orçamento dos Estados para moradia digna;

1% do orçamento dos Municípios para moradia digna;

1% do orçamento federal para a reforma agrária.

Esses percentuais devem ser vinculados por lei, com fundos específicos e participação popular obrigatória. Sem vinculação orçamentária, a política habitacional e a reforma agrária continuarão reféns da boa vontade de governos.

O potencial dessa pauta é imenso. Em 2026, 1% do orçamento federal equivale a cerca de R$ 65 bilhões — suficientes para iniciar um amplo programa nacional de habitação e retomar a reforma agrária em escala. No Paraná, por exemplo, 1% representa cerca de R$ 816 milhões, que poderiam financiar milhares de moradias populares e infraestrutura em assentamentos. Em Ponta Grossa/PR, 1% significa R$ 20,5 milhões anuais, capazes de viabilizar centenas de casas por ano, além de urbanização e regularização fundiária.

A adoção dessa política transforma a moradia e a terra em direitos efetivos, e não apenas retórica constitucional. É uma bandeira concreta, objetiva, mensurável e profundamente popular.


6. LUTA DE CLASSE, AÇÃO DIRETA E UNIDADE PARA AVANÇAR!

O MPL aposta na luta da nossa classe como via para conquistar os direitos que nos são sistematicamente negados: moradia digna, terra, trabalho e liberdade. A experiência histórica do Brasil mostra que não é pela via da conciliação de classes que a reforma urbana popular e a reforma agrária vão avançar. Décadas e décadas passaram, séculos se acumularam, governos se sucederam, e a estrutura fundiária e urbana manteve sua essência de opressão e exclusão.

Nós, do MPL, avançamos sobre o latifúndio urbano e rural improdutivo sob o governo Bolsonaro e seguimos ocupando. Essa é a nossa escola: a ação direta, alicerçada na luta independente do nosso povo. Ocupamos terras e prédios abandonados porque é ali que a Constituição ganha carne e osso; é ali que as palavras “função social da propriedade” deixam de ser letra morta e se tornam casa, horta, creche comunitária, cozinha solidária, biblioteca popular.

É fundamental que a unidade seja uma marca do nosso caminho. O MPL defende que a máxima unidade seja construída com setores dos movimentos sociais, das ocupações urbanas e rurais, das organizações de base que tenham como centralidade essa agenda e essa disposição de lutar. Unidade não é apagar diferenças, mas construir um campo comum de ação que coloque terra, moradia, justiça climática e soberania popular no centro da disputa.

Reforçamos o convite aos lutadores e lutadoras, aos movimentos sociais do campo e da cidade: entre 23 e 25 de janeiro, o MPL se reunirá em Campo Grande (MS) com sua Coordenação Nacional, aliados e aliadas, para organizar e reforçar a agenda de lutas para 2026. A reforma agrária e a reforma urbana popular só avançam na marra, pela pressão organizada, pelas ocupações, pela desobediência à ordem injusta. Nosso povo precisa ter claro: é avançando as ocupações e a nossa luta que vamos alcançar nossos objetivos.

Seguiremos, portanto, o caminho que a própria história nos ensinou:

  • independência de classe,
  • ação direta,
  • unidade na luta,
  • e fidelidade aos de baixo.

Porque, não é dos palácios que virá a libertação da nossa classe, mas das ocupações, das periferias, das periferias rurais e urbanas em movimento.

Campo Grande, 16 de dezembro de 2025.





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