Trump intensificou o ataque racista contra imigrantes — e a resistência
Trump intensificou seu ataque contra imigrantes, especialmente imigrantes não brancos, com explosões de linguagem racista e uma enxurrada de novas regulamentações. Mas a resistência também está crescendo
Foto: Protesto No Kings em Concord, Massachusetts, 18 de outubro de 2025. (Reprodução)
Desde o violento ataque armado realizado por um imigrante afegão contra dois membros da Guarda Nacional em Washington, D.C., no dia 26 de novembro — que matou um e feriu gravemente o outro — Trump restringiu drasticamente a imigração, ameaçou revogar o status de imigrantes legais e pediu que o Serviço de Imigração e Alfândega intensificasse prisões e deportações. Essas medidas, impulsionadas por seu racismo e por sua estratégia política, estão revertendo políticas históricas de imigração dos Estados Unidos e a própria cultura política do país.
Trump declarou uma “pausa permanente” na imigração de “países do Terceiro Mundo”. Ele também ordenou a suspensão das decisões de asilo e afirmou que todo possível solicitante de asilo passará pelo processo de verificação no “grau máximo possível”. Ele ainda declarou que todas as concessões de asilo da era Biden serão reexaminadas. Suspendeu todos os pedidos de imigração e vistos de afegãos. Ordenou uma “reavaliação total e rigorosa” de todos os green cards emitidos para pessoas de 19 “países de preocupação”, entre eles Afeganistão, Cuba, Haiti, Irã e Somália. Green cards são documentos que garantem residência permanente, o direito de viver e trabalhar indefinidamente e de solicitar a cidadania dos EUA. Ele também pediu a “desnaturalização” (retirada da cidadania americana) e deportação rápida de pessoas consideradas riscos à segurança ou “incompatíveis com a civilização ocidental”.
Tudo isso interrompe grande parte da imigração aos EUA e representa não apenas uma reversão legal das políticas de imigração, mas também uma profunda transformação da cultura política do país, que por décadas geralmente acolheu imigrantes e viu a imigração como um dos alicerces da sociedade americana. As palavras do poema “O Novo Colosso”, de Emma Lazarus, inscritas na Estátua da Liberdade — “Dai-me os teus cansados, os teus pobres, teus amontoados anseando por respirar livres” — foram, na prática, apagadas por Trump.
Ao mesmo tempo, Trump lançou uma torrente racista contra imigrantes somalis em Minnesota. Fugindo da guerra civil, somalis começaram a imigrar para a região nos anos 1990 e hoje são cerca de 100 mil ali. Trump os chamou de “lixo…”, dizendo que “não contribuíram com nada”. Ele mencionou especificamente a congressista Ilhan Omar, uma imigrante somali, dizendo que ela era lixo. “Eu não os quero no país”, afirmou. O ICE então enviou 100 agentes federais para a região de Minneapolis–Saint Paul para prender e deportar imigrantes. A ironia é que 90% dos somalis ali são cidadãos norte-americanos natos ou naturalizados, enquanto centenas possuem outras formas de status legal.
Enquanto isso, Trump continua enviando agentes do ICE para cidades e estados governados por democratas: Los Angeles, Chicago, Nova Orleans, Charlotte e Washington, D.C., e mais recentemente Minneapolis e St. Paul. Em todos os lugares onde agentes do ICE aparecem, moradores locais se organizam para apoiar imigrantes e resistir ao ICE.
Recentemente, na cidade de Nova York, quando cerca de 50 agentes do ICE chegaram a um estacionamento em Chinatown, moradores fizeram algumas ligações e logo 200 pessoas apareceram para bloquear o prédio e impedir que os agentes saíssem para fazer prisões. Los Angeles e Chicago têm redes locais bem desenvolvidas que organizam a resistência. Matthew Hunter, um ativista veterano de Los Angeles, diz: “Mas precisamos construir estruturas permanentes de luta para sobreviver a tudo isso.” E estão construindo. Ele e outros criaram uma “rede de resposta rápida” para reagir às batidas do ICE em L.A. Em Chicago, ativistas distribuíram 120 mil apitos altos e estridentes, acompanhados de um panfleto explicando como usá-los para alertar vizinhos sobre as operações do ICE.
Trump está pressionando para baixo, mas em todos os lugares estamos pressionando de volta.