Um salto de qualidade nos ataques
Hugo Motta

Um salto de qualidade nos ataques

Pelo mandato de Glauber, pelas liberdades democráticas, pelo povo e contra a extrema direita: todos às ruas em 14 de dezembro

Israel Dutra 11 dez 2025, 16:09

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

Na terça-feira (9), o presidente da Câmara, Hugo Motta colocou para votar um “pacote” que incluía a o projeto de anistia light (dosimetria) e a cassação do deputado Glauber Braga como medida compensatória para justificar a cassação dos bolsonaristas, num giro reacionário coordenado pelo Parlamento, com anuência de todo centrão e do STF.;

Junto a isso, a inédita ação da Meta (via Instagram) de boicotar uma série de figuras do chamado campo progressista nas redes sociais, limitando o alcance da denúncia e da indignação para evitar o efeito de novas jornadas como as de 21 de setembro, que colocaram a PEC da Blindagem e o bolsonarismo na defensiva.

A ação combativa de Glauber no Parlamento foi respondida com mais truculência por parte de Motta, chegando às raias de agredir jornalistas e deputados, fato denunciado por amplos setores nos meios de comunicação, inclusive em nota da Fenaj: 

“Não podemos admitir que medidas autoritárias, que remontam às vividas em um período não tão distante durante a ditadura militar, sejam naturalizadas e se repitam em nosso Congresso Nacional – que deveria ser a casa do povo e não de quem ataca os direitos da população”, diz um trecho do comunicado (leia a íntegra aqui).

A reação popular e a indignação tomaram conta do país, pressionando a Câmara a rever a proposta de Motta – que já dava Glauber por cassado -, convertida uma suspensão de seis meses de seu mandato. O desfecho foi fruto da mobilização geral e da coordenação da bancada do PSOL com as demais bancadas para salvar o mandato popular, numa reviravolta intensa.

Isso demonstrou reservas democráticas dentro da sociedade, apesar da “patrola” orquestrada pela ampla maioria do parlamento.

Podemos dizer que é um salto de qualidade na conjuntura, que combina a polarização internacional – via bigtechs, o discurso da extrema direita alimentado por Trump, que fecha o cerco sobre a América Latina – com os estertores da Nova República.

Diante da crise de Bolsonaro e da falta de alternativas, arrasta-se um passo maior na crise orgânica. O mesmo regime, através do Parlamento, busca se proteger quando as revelações acerca do crime organizado – no caso do Banco Master – chegam a importantes ministros do STF. Parte desse plano foi a vergonhosa operação de salvamento a Carla Zambelli, já condenada pelo poder judiciário.

A crise orgânica dá salto no Rio de Janeiro, quando o chefe do Legislativo, Rodrigo Bacellar, é preso, tendo sua prisão revogada pelo covil que é a Alerj, mesmo após ter confessado suas relações com TH Joias.

Diante do agravamento da situação política, o PSOL deve reagir, construindo de forma unitária as manifestações do dia 14, denunciando junto com amplos setores democráticos o “acordão da dosimetria”, a perseguição ao deputado Glauber Braga e as ações de um Congresso que está de costas para os interesses populares. E isso se dá não só nas “pautas políticas”, mas também quando aprova a devastação ambiental e o marco temporal, nas diferentes casas legislativas, para satisfazer a sanha do agro e dos trogloditas que querem empenhar o futuro destruindo a vida na terra.

Dando esses passos, é necessário exigir das centrais e das grandes figuras e correntes do movimento um plano sério de lutas – não apenas atos “pontuais”. Desde as grandes manifestações do dia 21, não houve um chamado a um plano de lutas; a pauta do fim da escala 6×1 está desvinculada da convocatória de greves e paralisações por parte das centrais sindicais.

O problema da esquerda institucional e rotineira, inclusive da maioria do PSOL – que responde agora por postos-chave no governo, com Boulos -, é sua completa incapacidade de articular com setores mais amplos da classe trabalhadora, de forma autêntica.

A greve dos condutores de São Paulo, que em poucas horas conseguiu reverter a linha patronal de atacar o 13º; a greve dos operários da BYD na Bahia; mesmo processos mais embrionários como a do professorado de Valença, no interior do Rio, apontam que a força da classe está represada, incapaz de tornar-se uma voz independente na situação nacional.

A manifestação contra o feminicídio, liderada por setores independentes ao redor do movimento “Mulheres Vivas”, que juntou dezenas de milhares nas capitais na semana passada, é um sintoma da resistência e do dinamismo.

É com essa força social que precisamos articular e construir a resistência, sobretudo fora do Parlamento, ganhando maioria da opinião pública. Esse é o lugar fundamental do PSOL.

Para tanto, além de denunciar a hipocrisia do Congresso – um verdadeiro e real inimigo do povo – é preciso avançar no programa básico de urgência que combine a taxação dos mais ricos; o fim da escala 6×1; e uma agenda central de soberania nacional, onde o ponto mais sensível é a luta pela regulação das bigtechs e os mecanismos transparentes sobre o funcionamento das redes sociais. Lutar por soberania é denunciar a escalada de Trump sobre a Venezuela e a Colômbia, que resultou no roubo descarado de um navio petroleiro por parte do déspota estadunidense. 

A Conferência Internacional Antifascista, que se prepara para março de 2026 em Porto Alegre, está a serviço dessa construção.


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Editorial
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