A Justiça não é cega, a Justiça é racista: campanha por Gustavo Amaral
O Juntos seguirá na luta por justiça para Gustavo Amaral e contra o racismo estrutural.
Em 19 de abril de 2020, Gustavo Amaral foi assassinado pela Polícia Militar no município de Marau, interior do Rio Grande do Sul. Ontem completou-se um ano da execução. O coletivo Juntos! marcou a cidade de Porto Alegre com faixas da campanha “A justiça não é cega, a justiça é racista!”, denunciando o arquivamento do inquérito policial, com a concordância do Ministério Público e do judiciário, baseado na tese da “legítima defesa imaginária”.
O que é a tal da legítima defesa imaginária? No dia do seu assassinato, o soldado da PM alegou ter confundido o celular de Gustavo com uma arma. Isso em um carro onde o único atingido pelos dois disparos era o jovem negro, com roupas da empresa e nem um pouco parecido com o suposto bandido que a polícia estava procurando.
A campanha é uma ação conjunta entre a família de Gustavo Amaral e o Juntos!, que vêm mobilizando a campanha que exige justiça para Gustavo com a punição de seu assassino desde o início.
Na tarde de hoje, 20, o coletivo Juntos promoveu uma coletiva de imprensa que contou com a participação da família do Gustavo e do advogado do caso, além da deputada federal Fernanda Melchionna e do sociólogo Gilvandro Antunes. Nessa atividade, foi apresentado o resultado da perícia independente contratada pela família, elemento que tem o potencial de desarquivamento do inquérito por constituir nova prova.
Antes da coletiva, uma comissão da campanha foi recebida no Ministério Público para protocolar o documento pericial.
A pressão exercida pelo movimento conquistou uma importante vitória: o parecer favorável ao PL 211/2020, o projeto proposto pela Deputada Luciana Genro, e batizado de Lei Gustavo Amaral, prevê a instalação de câmeras nas fardas e viaturas policiais, a exemplo do que já acontece em alguns estados dos Estados Unidos. A pressão agora será pela tramitação e aprovação do projeto.
O Juntos seguirá na luta, não apenas por justiça individual para o caso de Gustavo Amaral, mas contra o racismo estrutural, inexoravelmente ligado ao modo de produção capitalista. A luta antirracista é necessariamente uma luta anticapitalista.
Essas importantes vitórias foram conquistadas no mesmo dia em que o policial Derek Chauvin foi condenado pelo assassinato de George Floyd. Vitória do movimento Black Lives Matter, apontando que o caminho é a luta!