Uma polêmica clara e curta
Uma polêmica com Valério Arcary.
Valério Arcary, expressão pública da corrente Resistência, tem defendido a necessidade de um governo de esquerda com um programa de esquerda para o Brasil. Tenho total acordo com essa posição. No seu artigo para “Brasil de Fato”, ele elenca os pontos programáticos dessa frente. Também estou totalmente de acordo, ainda que de cara agregaria a estatização do sistema financeiro como ponto essencial.
A questão é que ele está propondo este programa também ao PT, e dizendo que Lula pode ser o candidato do PSOL no primeiro turno. Aqui, a lógica termina, simplesmente porque o PT já deixou claro que não concorda com esse programa. E Lula muito menos. É óbvio que todos apoiariam Lula no primeiro turno se ele assumisse tal programa. Mas isso simplesmente é falso. E sustentar algo falso gera apenas ilusões e/ou confusões. Lula já disse que quer retomar sua experiência de governo, que foi caracterizada por Valério como de um governo social-liberal ou de frente popular, jamais como um governo de esquerda ou anticapitalista. Lula já disse não à proposta de Valério há muitos anos. E já disse que não mudou de ideia. Por que Valério segue insistindo nisso? Será que ele acredita que Lula vai mudar de posição? Realmente seria algo ingênuo demais ou pretensioso demais. Não creio que sejam atributos de Valério. Caberia a Valério dizer se ele segue defendendo o apoio a Lula ou a um programa de esquerda.
Enfim, creio que seria útil a Resistência se unir com as forças do PSOL, que, diante de uma eleição em dois turnos, sabem que devem se comprometer desde já com o apoio ao candidato contra Bolsonaro no segundo turno e, ao mesmo tempo, em erguer a bandeira de uma candidatura própria para defender o programa de esquerda no primeiro turno.