Com voto da Resistência, Diretório Estadual se abstém sobre participação do PSOL em governo de Mauá
No último dia 15/05, reuniu-se o Diretório Estadual do PSOL SP. Na pauta do órgão dirigente do partido, além da conjuntura e da construção do calendário de mobilizações, estava em debate a participação do PSOL no governo municipal de Mauá.
No último dia 15/05, reuniu-se o Diretório Estadual do PSOL SP. A reunião ocorreu no momento em que novas manifestações surgem em nosso continente e também no Brasil. O levante do povo colombiano dura mais de 15 dias, mesmo depois de ter derrotado a reforma tributária de Duque. Na mesma semana tivemos os atos antirracistas por todo o Brasil, com muita força na capital paulista, além dos atos estudantis que denunciaram os cortes que deixaram a UFRJ em situação de calamidade, sob risco de fechamento de diversos setores. Na pauta do órgão dirigente do partido, além da conjuntura e da construção do calendário de mobilizações, estava em debate a participação do PSOL no governo municipal de Mauá.
O governo de Marcelo Oliveira (PT), apesar de não ter feito coligação eleitoral, na formação do governo colocou em prática a composição com partidos burgueses, incluindo o PTB, de Roberto Jefferson, e PSL, partido pelo qual Bolsonaro foi eleito. Se o apoio ao candidato petista no segundo turno da eleição foi um posicionamento correto do PSOL, compor um governo dessa natureza é um erro grave. Um problema de princípios.
Não são somente as organizações que subscrevem essa nota que entendem dessa maneira. A Resistência também afirma isto, ao menos em seu site. Expressou essa posição tanto em textos gerais[1] quanto em um texto específico[2] no qual se posicionou contrariamente à participação no referido governo. Apesar deste posicionamento público, foram os votos da Resistência que garantiram que o Diretório Estadual não se posicionasse contrariamente à participação no governo do PT, com PTB e PSL.
O tema será agora apreciado pelo Diretório Nacional que, pela sua composição, deverá aprovar a participação no governo, mesmo com o voto contrário dos companheiros da Resistência. Ou seja, os companheiros que acham, como nós, que participar de governos de conciliação de classes é um problema de princípios, deixaram de derrotar essa posição quando tiveram a oportunidade. Isso precisa ser do conhecimento de toda a militância do PSOL, especialmente das companheiras e companheiros que constroem essa organização na base, nas lutas.
Esse não é um debate menor. Será um dos principais temas abordados pelo VII Congresso Nacional do PSOL, junto com o tema da tática eleitoral para 2022. Em que pese as diferenças existentes no seio do partido quanto a tática eleitoral, não podemos vacilar quanto aos temas de princípios. Os companheiros da Resistência têm de ser cobrados em sua responsabilidade pela participação do PSOL em um governo do PT, com PTB e PSL.
Como votaram as organizações:
Para que o DE se posicionasse contra a participação do PSOL no governo de Mauá: MES, Fortalecer, mandato Giannazi, LS, Anticapitalistas, Esquerda Marxista e LSR.
Para não se posicionar, remetendo o tema ao DN: Primavera, Insurgência e Resistência.
[1] “O que poderá dividir o PSOL, irremediavelmente, será a decisão de algum setor de entrar em um possível governo de colaboração de classes, se Lula vier a vencer as eleições em 2022. Nesse caso, seria uma diferença de princípios.” (Valério Arcary) – disponível em: https://jacobin.com.br/2021/04/por-uma-frente-unica-com-um-programa-anticapitalista/
[2] https://esquerdaonline.com.br/2021/05/14/maua-sp-o-psol-nao-deve-estar-em-governos-de-conciliacao-de-classe/