Acampamento Miriam Farias é referência na resistência por Reforma Agrária
O acampamento Miriam Farias, coordenado pela Frente Nacional de Luta (FNL), segue recebendo novas famílias no Pontal de Paranapanema, em São Paulo. Com mais de 900 famílias cadastradas, o movimento enfrenta também na Justiça a ameaça de reintegração de posse do estado, mesmo ocupando um território público.
Resistência para garantir o uso social das terras públicas
A FNL ocupou a área, no município de Sandovalina, em 12 de junho. A região foi considerada pública pelo judiciário, no entanto, há uma ação de reintegração de posse movida para expulsar as famílias do local, alegando que a região pertence à uma pessoa física. Essa ação judicial é baseada num registro de matrícula antigo, já obsoleto, o que confundiu a Justiça local ao avaliar a necessidade de realizar ou não a reintegração de posse. A partir do questionamento da FNL, via contestação judicial, está se demonstrando o caráter público das terras, e a devastação do solo que foi provocada anteriormente pelos supostos donos da área, o que caracteriza também crime ambiental.
É comum, na maioria das decisões judiciais, orientar que a transferência das comunidades que ocupam as terras seja feita para proporcionar um novo local “digno” para as pessoas. O coordenador da FNL, Zé Rainha, afirma que não quer nada menos do que dignidade e respeito para as quase mil famílias que ocupam as áreas vazias do Pontal de Paranapanema.
– “O que é digno? Nossas famílias estão desempregadas, não têm onde morar. Para nós vai ser bom o dia em que esse direito for cumprido. Um novo lugar digno, com casa, trabalho e conforto. O povo do campo não merece nada menos do que isso” – disse Zé Rainha.
Luta pela reforma agrária segue com novas mobilizações no segundo semestre
Ocupações como essa, no Pontal do Paranapanema, são alguns exemplos de auto organização e combatividade liderados pela Frente Nacional de Luta. Enquanto houver latifúndios sem função social, vazios e completamente abandonados, será urgente lutar pela reforma agrária brasileira. A FNL pretende fortalecer o acampamento Miriam Farias, e ampliar a organização e mobilização no 14º perímetro de Teodoro Sampaio, na região de Euclides da Cunha Paulista e Rosana, onde há mais de 80 mil hectares de terras reconhecidas como públicas. Ainda no mês de julho, novos atos políticos serão articulados nacionalmente.