10 anos do massacre do Pinheiro: para não esquecer quem é Geraldo Alckmin
Reintegração de posse aconteceu em 2012 em São José dos Campos.
Nesse dia 22 de janeiro, completam-se 10 anos de uma das mais vergonhosas e violentas reintegrações de posse feitas no período recente. Antes de tudo, é importante lembrar que no Brasil existem milhões de pessoas que não possuem onde morar, mesmo que existam também milhões de imóveis desocupados. Por conta disso, o movimento de moradia organiza famílias que não possuem condições de pagar aluguéis abusivos. Em 2004 instalou-se em São José dos Campos (SP), uma grande ocupação com cerca de 1.600 famílias (contabilizando quase 9 mil pessoas), até que em 22 de janeiro de 2012 viveram uma noite de terror para nunca mais esquecer.
Sob o pedido de Naji Nahas, um especulador financeiro e imobiliário, responsável por quebrar a bolsa de valores do Rio de Janeiro, devedor de milhões em impostos aos cofres públicos e condenado a mais de 24 anos de prisão, a Polícia Militar Paulista promoveu um verdadeiro massacre. Naquele período, estava sob o comando de São Paulo o governador Geraldo Alckmin, operador direto dos interesses da burguesia, que não titubeou entre escolher garantir o direito à moradia das famílias, ou proteger os interesses de um especulador.
O resultado foi um horror. Balas, bombas, com muitos feridos, prisões e inclusive mortes. Entre eles um recém nascido, que morreu sufocado por gás lacrimogêneo. Foram dias de muita tensão e enfrentamento. Isso porque os moradores não aceitaram sem resistência. As imagens que hoje vemos, é de um povo que deu seu sangue e suor para ter garantido o direito básico a ter um teto, com resistência e auto-organização. Mas o Estado estava decidido a fazer o que fosse possível para retirar as pessoas de lá e instaurar uma guerra contra os pobres.
Esse dia será lembrado com um importante ato em São José dos Campos, mas devemos também utilizá-lo para seguir a luta por moradia digna para todos e não esquecer jamais quem é Geraldo Alckmin: aquele que promoveu o massacre do Pinheirinho, desviou verba da construção do metrô e da merenda das escolas, que colocou sua polícia para reprimir secundaristas que resistiam em ocupações contra seu absurdo projeto de fechamento de escolas. Neste momento em que está colocado para nós a necessidade de derrotar Bolsonaro e enfrentar a superação do programa neoliberal que ataca os direito do povo em prol da concentração de riqueza nas mãos de poucos, é necessário reafirmar a importância de uma esquerda que carregue um projeto de independência de classe, que não abra mão das pautas históricas, como o direito à moradia e o combate à especulação imobiliária. É momento de dizer que não apenas temos memória, mas seguiremos firmes em mobilização permanente levando nossas bandeiras em defesa dos direitos e da liberdade do nosso povo.
Artigo originalmente publicado no site da UNE.