Milton Temer governador do Rio de Janeiro
Freixo caminha para a direita. Mas, a saída é pela esquerda.
“Observando-o, cheguei à conclusão de que ele tinha uma espécie de juventude que, paradoxalmente, cresce com o tempo” Leandro Konder
O PSOL é o maior partido da oposição no Estado do RJ, conquistou esse peso e legitimidade por conta de sua atuação coerente e comprometida com as bandeiras mais caras e justas do funcionalismo público, da educação, da saúde, da juventude crítica e classe trabalhadora fluminense, que, segue precarizada em sua condição de vida, tendo que conviver com a ausência do poder do Estado em seu cotidiano. Diferente de outros setores, como o PT/RJ que se corroeu na adaptação aos governos de Cabral e Paes, o PSOL manteve-se como partido independente e apoiando os setores organizados do movimento social que lutaram contra os governos corruptos e de direita do (P)MDB. Essa orientação se refletiu nas eleições, em que o partido teve candidaturas que demarcaram um perfil de esquerda e democrático, estruturado com um programa de enfrentamento às medidas privativas, as milícias, a corrupção e tendo como sustentação a valorização dos serviços públicos e a mobilização do povo.
Marcelo Freixo foi parte dessa construção. Porém, as pressões eleitorais conduziram Freixo a uma posição contrária ao histórico psolista. Isto é, ampliar o arco de alianças com antigos adversários do PSOL e dos trabalhadores. Por isso, Freixo decidiu sair de nosso partido para construir um projeto adaptado à ordem. Não é à toa que a “moderação” é a palavra de ordem de sua pré-candidatura que tem como eixo a busca por empresários e cúpulas religiosas. Todavia, a inflexão à direita de Freixo ganhou outra qualidade ao anunciar Armínio Fraga (ex-governo FHC) como uma das “estrelas” de seu plano de governo, que igualmente pode contar com Raul Jungmann (ex-governo Michel Temer), André Lara Resende (também ex-governo FHC) e Renato Pereira, marqueteiro de Cabral e Pezão. Quer dizer, Freixo está montando um governo burguês de tipo tucano com o carimbo do desfigurado PSB e tendo por hora o endosso de Lula, que por sua vez, não fechou as portas para Cláudio Castro e Eduardo Paes.
Não dá para embarcar nessa canoa furada. Está nítido que Freixo “pulou o alambrado” e abandonou suas posições de esquerda que construíram seu perfil. O PSOL/RJ não pode caminhar para o mesmo abismo ou mesmo entregar seu capital político a um parlamentar que tem projeto próprio, não preserva compromisso sequer com seu atual partido e defende abertamente um programa burguês. Portanto, é preciso que o PSOL lance uma candidatura própria ao governo do Estado para dar voz, não aos empresários como quer Freixo, mas, a maioria do povo que vive do seu próprio suor do Rio de Janeiro, aos moradores das favelas ocupadas pelo braço repressor do Estado e pelo poder paralelo das milícias e do tráfico, as mulheres que se espelham no legado de Marielle, a juventude combativa, a negritude e a população LGBTQIA+ que lutam pelos direitos civis, aos trabalhadores organizados da saúde, da educação, da água, dos correios, etc.
Para essa tarefa imprescindível o nome do companheiro Milton Temer está posto. Como a militância psolista e de esquerda sabe: Temer dispensa apresentação. Mas, nunca é demais destacar que nosso incansável combatente é jornalista, foi deputado estadual constituinte, deputado federal por dois mandatos e fundador do PSOL. Aliás, Milton Temer ao lado de Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho, deu uma contribuição ímpar para uma das razões da existência do PSOL, que foi dar continuidade à luta ideológica desprezada pelo pragmatismo lulopetista. Não foi por nada que Konder registrou em seu livro de memórias:
“Os princípios da esquerda não podem ser abandonados sem que ela perca sua identidade. E foi essa identidade de esquerda bem definida que me cativou na figura da senadora Heloísa Helena e no partido que ela começou a criar: o PSOL. Sou um dos 101 fundadores do Partido Socialismo e Liberdade” (KONDER, Leandro. Memórias de um intelectual comunista. Rio de Janeiro. Civilização Brasileira. 2008.p. 250).
Portanto, a pré-candidatura de Milton Temer nasce, por sua natureza, com o signo oposto ao “imediatismo” liberal de Freixo. Mas, não só, já que estamos convencidos que a derrota do bolsonarismo não está dissociada da defesa de um programa que responda às necessidades imediatas do povo e aos objetivos históricos da classe trabalhadora. Vale lembrar que quem encabeçou a privatização da CEDAE foi Cláudio Castro com endosso de Bolsonaro. Logo em seguida, os liberais Eduardo Paes, Rodrigo Maia, o animador de auditório Luciano Huck e o editorial de O Globo aplaudiram a privatização. Poucos meses depois, inúmeros bairros do Rio de Janeiro ficaram dez dias sem água em pleno verão. O PSOL, por sua vez, esteve ao lado dos cedaeanos, na defesa da CEDAE estatal, do serviço público e do direito à água para todos os cariocas e fluminenses. Desse modo o partido vai se distinguindo frente a experiência concreta de uma categoria significativa do funcionalismo público e por uma parte da população.
Logo, a única possibilidade de uma disputa programática pela esquerda nas eleições se dará através de um porta-voz comprometido com esse fim. O PSOL tem lastro social suficiente, expressão eleitoral e militância de rua para se apresentar de modo independente nas eleições. E tem um nome à altura desse desafio: Milton Temer. Não temos dúvidas de que, se a militância partidária assumir essa proposta, o PSOL/RJ seguirá seu curso de coerência. Apontamos na necessidade de lutar no presente para mudar o futuro. Isso significa fazer do PSOL portador de um programa radical que a maioria da esquerda abandonou, negando os atalhos oportunistas e afirmando a necessidade de vocalizar a inversão das prioridades do Estado, colocando o público na frente do privado. Para tanto, é necessário romper com os modelos que trouxeram o país e o Rio de Janeiro até a crise atual. De tal maneira, Freixo com seu time de liberais é apenas uma nova embalagem que pleiteia governar de mãos dadas com a burguesia. Por isso, a hora é de cara própria, contra o bolsonarismo e a direita liberal, vamos juntos com Milton Temer, pré-candidato da esquerda socialista ao governo do Rio de Janeiro. E no primeiro turno da eleição presidencial, Glauber Braga – PSOL.