Vivi Reis cobra explicações sobre a retirada de agentes da Força Nacional no Vale do Javari
Relatora da comissão da Câmara que acompanha as investigações das mortes de Bruno e Dom enviou requerimento ao Ministério da Justiça
A deputada Vivi Reis (PSOL-PA), relatora da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as investigações sobre as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips, cobra do governo federal explicações sobre a diminuição do efetivo da Força Nacional no Vale do Javari. Os agentes foram enviados para reforçar a segurança dos servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai) que trabalham na unidade do órgão indigenista na cidade de Atalaia do Norte (AM).
Em requerimento enviado ao ministro da Justiça, Anderson Torres, a parlamentar questiona se a redução foi baseada em análises técnicas, se a Funai foi consultada sobre a retirada de agentes além de dados sobre o tamanho do efetivo na região.Vivi Reis argumenta que os servidores vivem em “extrema vulnerabilidade perante o crime organizado”, principalmente na área de tríplice fronteira, dominada pelo narcotráfico.
“Como se vê, a política anti-indígena, racista e antiambientalista do Governo Jair Bolsonaro é diametralmente oposta aos valores e a missão institucional que a Constituição Federal e os tratados Internacionais de Direitos Humanos propugnam”, diz trecho do requerimento.
Efetivo reduzido em 75%
O requerimento foi encaminhado após reportagem do site Brasil de Fato revelar que os servidores da Funai seguem sofrendo ameaças de morte, enquanto o primeiro da Força Nacional foi reduzido drasticamente. Em julho, um mês após os assassinatos de Bruno e Dom, oito agentes foram enviados para o Vale do Javari. Em agosto, o grupo caiu pela metade. Na última quinta-feira (8), o número foi reduzido novamente em 50%, totalizando, hoje, dois homens.
A quantidade de viaturas usadas pela Força Nacional também foi reduzida. Segundo a reportagem, em julho, servidores da Funai custearam o transporte de balsa para levar três veículos até Atalaia do Norte (AM). Agora, duas viaturas estão paradas na sede antiga da Funai, sem ter quem as dirija.
Os agentes da Força Nacional deveriam fazer a segurança na Coordenação Regional (CR) da Funai, responsáveis por elaborar e colocar em prática os planos de fiscalização da Terra Indígena (TI) Vale do Javari, que tem o tamanho de Portugal e é a segunda maior do Brasil.