Residentes da área médica fazem dia de mobilização em Porto Alegre
Sem garantia de salários, em função de contingenciamento promovido pelo governo Bolsonaro, categoria prevê paralisação de atividades
O congelamento de verbas para o Ministério da Educação, anunciado pelo governo Bolsonaro na semana passada, coloca em risco também o atendimento em saúde pública no país. Vitais para o funcionamento de hospitais e clínicas, os residentes multiprofissionais não tem garantia de que receberão salários – e prometem cruzar os braços. Estima-se que o número de profissionais atingidos no Brasil passe de 115 mil.
Nesta quinta-feira (8), cerca de 50 residentes que atuam no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) promoveram um dia de mobilização contra o contingenciamento de verbas.
“Se o MEC não pagar, os residentes vão parar”, gritavam os residentes, que vestiam roupas pretas e carregavam cartazes com frases como “60 horas semanais: paguem o salário”, “Pós-graduação em Luta” e “Saúde é prioridade”.
O Ministério da Economia anunciou que deixará de enviar R$ 15,7 milhões ao HCPA, e cerca de R$ 17 milhões ao Grupo Hospitalar Conceição (GHC). O calote vai impactar no pagamento de prestadores de serviço, materiais médicos, de limpeza e higiene e medicamentos dos hospitais. As bolsas-salário dos residentes, a serem pagas em 1º de janeiro, também estão ameaçadas.
O Sindisaúde-RS – considerado um dos mais atuantes sindicatos de profissionais da área de saúde do Estado – uniu-se à manifestação dos residentes, que atuam nas áreas de Enfermagem, Serviço Social, Farmácia, Nutrição, Fonoaudiologia, Fisioterapia, Terapia Ocupacional, Educação Física, Psicologia e Física Médica.
“Os residentes não podem ter outro tipo de contrato e vão ficar sem o salário que paga o aluguel e a alimentação deles”, comentou Etevaldo Teixeira, do Sindisaúde-RS.
Ao jornal Zero Hora, a assistente social Alexia Prestes, 24 anos, calculou que mais da metade dos colegas passam o mês com a bolsa-residência:
“É nosso único sustento, pois muitos não têm família que auxilie”, contou.
No início da tarde, a mobilização se ampliou, contando com a presença da deputada estadual e presidente do PSOL-RS, Luciana Genro, além dos coletivos Levante e Juntos.
(Texto em atualização)