Imigrantes se juntam a MES-PSOL e MNP contra ditadura no Peru
Em reunião com a vereadora Luana Alves (PSOL), associação de peruanos manifestou interesse em se articular com Movimiento Nuevo Perú pela queda de Dina Boluarte
Mesmo vivendo no Brasil há longos anos, os integrantes da Associação de Peruanos de São Paulo não ignoram a realidade política de sua terra natal, e se manifestam contrários à ditadura assassina cívico-militar de Dina Boluarte, implementada após o golpe contra o ex-presidente Castillo.
O grupo organiza e participa de ações em solidariedade a seu povo, exigindo a queda da ditadora, a convocação de uma nova constituinte e o fim da repressão que já matou mais de 60 civis durante manifestações realizadas desde o golpe, em dezembro passado. E, recentemente, o grupo viu uma oportunidade de ampliar sua voz nas comunidades peruana e brasileira, articulando-se com o Movimiento Nuevo Perú, por meio da corrente Movimento Esquerda Socialista (MES) do PSOL.
No início de março, a vereadora Luana Alves esteve reunida com integrantes da associação, que expuseram suas preocupações políticas e seu desejo de, mesmo distantes, ser resistência contra o regime ditatorial imposto pela extrema direita peruana.
“Como eles estão há bastante tempo no Brasil, não têm tanto conhecimento sobre o Nuevo Peru, que é um grupo recente. Conhecem as figuras públicas, conhecem Valentina [Saavedra, presidenta da Federação dos Estudantes da Universidade do Chile], muito pelo fato de ser uma figura nova, que questiona os velhos comandantes da política peruana; mas eles não tem uma visão muito fina da política partidária. Mas ficaram muito animados quando a gente falou do nosso contato do Nuevo Peru e pelo fato de virem camaradas em breve para o Brasil. Eles querem muito conhecê-los, querem muito estar próximos”, conta Luana.
Na reunião, ficou estabelecido que o grupo, o mandato de Luana e o MES manteriam diálogo constante sobre a política peruana, e também pelo fortalecimento da associação, organicamente mobilizada, para pedir que o governo Lula formalize oposição a Boluarte.
“Tudo isso vai ser importante para conseguirmos, inclusive, fazer uma disputa geral para que o governo não tenha a postura de apoiar uma golpista, que não seja a postura de apoiar um governo sanguinário que, inclusive, usa armas brasileiras”, comenta Luana.
Questões da comunidade
O encontro da vereadora com o grupo de imigrantes também enfocou as necessidades da comunidade na capital paulista. Conforme a vereadora, a maior parte dos imigrantes residentes na cidade estão empobrecidos, sobrevivendo do comércio, em especial no Centro e no Brás. Porém, o setor apresenta adversidades diárias para os trabalhadores.
“Existe muita repressão, especialmente da Polícia Militar, e das máfias que se estabelecem ali. Então é, ao mesmo tempo, repressão do Estado e de vendedores que cobram dinheiro para que os peruanos não sejam incomodados [pela polícia] ou para que roubem o pronto deles, enfim. É toda uma região muito problemática, em especial o Brás, onde não se atua para poder proteger quem está mais vulnerável, quem precisa vender. Não se consegue acessar o TPU, que é o termo de permissão facilitado para vender na rua”, conta Luana.
A vereadora tomou o compromisso de se reunir com a secretária de Segurança Urbana do município, Elza Paulina de Souza, para falar sobre as denúncias dos trabalhadores sobre a ação das forças policiais. O mandato ainda discutiu com a associação algumas alternativas que podem ser postas em práticas em forma de lei futuramente. Entre elas a criação de uma feira de artesanato indigena peruanos e eventos, como a celebração do Dia da Cultura Peruana.
“Então, considero que foi uma conversa bastante rica, em que a gente falou tanto das questões da política geral e do envolvimento e fortalecimento desse grupo para que seja mais ativo na política dos peruanos, mas também falar das condições de vida dessa população bastante empobrecida”, finaliza Luana.