Trabalhadores rurais que ocuparam Incra em Maceió conquistam agenda com ministro
Mobilização, que faz parte das atividades do Abril Vermelho, exige a saída de primo de Arthur Lira da chefia do órgão em Alagoas e plano nacional para assentamentos
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
No domingo (9), cerca de 1,5 mil trabalhadores rurais acamparam na praça Sinimbu, defronte a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Maceió (AL) para pedir a exoneração do bolsonarista Wilson César de Lira Santos (PP) da superintendência do órgão em Alagoas.
Nomeado em 2017, ainda no governo Temer (MDB), Lira é primo do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP). Ele permaneceu no cargo durante toda a gestão Bolsonaro (PL) e é tido pelos trabalhadores rurais como um “bolsonarista raiz”, desinteressado no projeto de reforma agrária.
Na segunda-feira (10), os manifestantes – integrantes de grupos como Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Frente Nacional de Luta (FNL) – deixaram ainda mais claro seu descontentamento, ao ocupar o prédio do Incra pressionando pela saída de Lira.
“É inaceitável a continuidade de uma gestão bolsonarista. Por que o governo Lula mantém por tanto tempo (mais de cem dias de governo) um superintendente inimigo da Reforma Agrária e com um histórico de violência junto a lideranças e comunidades?”, questiona nota lançada pelos ocupantes.
O resultado foi rápido. Na segunda e na terça, os trabalhadores e integrantes de movimentos sociais tiveram reuniões virtuais com integrantes de ministérios e com Márcio Macêdo, da Secretaria Geral da Presidência. No dia 18, o encontro será presencial, com o ministro Paulo Teixeira, do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, em Brasília.
O MDA informou que as nomeações para as superintendências estão sendo tratadas na Casa Civil e na Secretaria de Relações Institucionais, que “tem trabalhado pela retomada do programa de reforma agrária no Brasil, paralisado nos últimos anos, e está aberto ao diálogo com toda a sociedade”.
As promessas governamentais, porém, não desmobilizaram os manifestantes. Eles seguem acampados na praça Sinimbu, como parte das atividades do Abril Vermelho em Alagoas. As ações em prol da reforma agrária realizadas nesse período remetem ao Massacre de Eldorado do Carajás, ocorrido em 1996. O movimento reivindica que o governo anuncie um plano nacional de reforma agrária a definir quantas famílias serão assentadas neste mandato e qual será a política de liberação de crédito.