Rede Emancipa faz aula inaugural de 2023 em Porto Alegre
Fundadora e presidente do Emancipa no RS, Luciana Genro (PSOL) juntou-se a professores do cursinho para falar aos alunos sobre a importância da Educação Popular
Foto: Emancipa/Divulgação
O cursinho pré-universitário da Rede Emancipa, voltado para estudantes de baixa renda e oriundos de escolas públicas, realizou sua aula inaugural do ano letivo de 2023 nesta quarta-feira (26), em Porto Alegre. A atividade teve a presença da deputada estadual Luciana Genro (PSOL), uma das fundadoras da Rede Emancipa no Rio Grande do Sul.
Na aula inaugural, professores e coordenadores destacaram a característica popular deste pré-universitário, que conta hoje com vários núcleos pelo Estado.
“A nossa ideia é não ser apenas voltado ao individual, embora a conquista de cada um seja importante. Mas queremos construir algo mais coletivo a partir da educação também”, apontou Rodrigo Nickel, coordenador do Emancipa.
Luciana Genro pontuou alguns diferenciais do Emancipa.
“Nossos professores são extremamente qualificados e mais que um cursinho, temos a pretensão de ser um movimento social. Sabemos que nosso trabalho é uma gota no oceano. A entrada de jovens trabalhadores periféricos na universidade é ainda muito difícil, apesar de ter avançado muito com as cotas. E o Emancipa é parte da mobilização necessária para garantir uma educação pública de qualidade e acessível para todo mundo”, afirmou.
Mais perto da realidade
O professor Alex Fraga, que ministra aulas de Biologia e é vereador pelo PSOL em Porto Alegre, apontou que o Emancipa tem particularidades em relação aos cursinhos privados.
“A redação é um fator determinante na nota do ENEM e temas sociais têm sido muito abordados. Enquanto nos cursinhos privados há dificuldade com isso, aqui temos muita abertura e sensibilidade pra esses temas”, destacou.
Temas políticos e que estão ocorrendo na sociedade brasileira também são pautados no Emancipa.
“Março foi um mês muito difícil para a educação no Brasil. Começou com a implementação da reforma do Ensino Médio, que ninguém perguntou para estudantes e educadores se era necessário. Daí em seguida, houve a tragédia dos ataques a escolas”, lembrou Marcus Vianna, professor de História.
“Às vezes falar em política incomoda, mas a gente é posicionado politicamente. Nossa arma não é a pistola, são os livros que estão aí. Sabemos que o vestibular faz um funil. O processo é injusto, desigual. No Brasil, com o passado e o presente que a gente tem, com tanto racismo, machismo, LGBTfobia, é desigual”, complementou Nina Becker, professora de Sociologia.
Militância
A coordenadora da Emancipa Mulher, Carla Zanella, também apresentou o trabalho e falou do caráter interseccional das aulas dos Emancipa.
“O Emancipa não vai ensinar só português, matemática, mas muitas outras coisas. Na Emancipa Mulher, falamos de feminismo que não é só teoria, é também prática. E que precisa ser conectado com as lutas do povo, a partir de uma perspectiva feminista e antirracista”, colocou.
Os estudantes receberam uma cartilha Laudelina, que conta com os conteúdos do curso elaborado pela Emancipa Mulher neste sentido.
Em 2022, foram 72 estudantes do Emancipa que conquistaram uma vaga na universidade. Cinco deles estiveram na aula inaugural para contar um pouco de sua história: José, que atualmente estuda Jornalismo na PUCRS a partir do Prouni, com bolsa integral; Isadora, que estuda Jornalismo na UFRGS, Crystom, estudante de Cinema na Unisinos com bolsa de 100% pelo ENEM; Daniel, que passou em História na UFRGS; e Keila, também estudante da UFRGS, de Matemática.