Sucesso da campanha “Lula tem razão”: é preciso ir além e romper com Israel!
Abaixo-assinado organizado pela Revista Movimento em apoio à posição do presidente sobre o genocídio palestino chegou a quase 180 mil assinaturas
Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
No dia 18 de fevereiro de 2024 o presidente Lula fez a correta e polêmica comparação entre o genocídio cometido pelo Estado sionista de Israel com o holocausto, um dos acontecimentos mais tristes na história da humanidade. Lula acertou na declaração, o que está acontecendo na Palestina é genocídio, sim! Já se passaram 5 meses desde o início do massacre mais recente do povo palestino, já são mais de 30 mil assassinados por Israel, onde 70% eram mulheres e crianças, e não há perspectivas de que o massacre termine. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, segue afirmando que irá continuar a ocupação em Gaza até a “vitória total” que, segundo ele, seria a destruição do Hamas, mas sabemos que a verdadeira intenção do governo sionista de Netanyahu é concluir uma Nova Nakba e expulsar milhares de palestinos de suas terras. O que estamos vendo em Gaza é uma limpeza étnica sendo televisionada em pleno século XXI e quem não reconhece que estamos vendo um genocídio também acaba tendo suas mãos sujas de sangue.
O Brasil hoje ocupa a presidência temporária do G20 e também por isso a declaração de Lula foi tão importante e tão bem recebida no chamado Sul Global. O país, junto à África do Sul e outros países, tem estado na linha de frente da denúncia dos crimes cometidos por Israel e isso não é pouca coisa. A declaração do presidente brasileiro teve inúmeras consequências, algumas negativas, como o pedido de impeachment do presidente organizado pela direita e pela extrema-direita, mas também positivas, como os diversos parlamentares, intelectuais e artistas, como Chico Buarque e Caetano Veloso, que vocalizaram apoio ao presidente Lula e à Palestina. Além disso, movimentos e organizações demonstraram apoio a Lula, como é o caso do abaixo-assinado “Lula tem Razão” organizado pela Revista Movimento, que chegou a quase 180 mil assinaturas.
Agora, passados mais de 20 dias da importante fala de Lula na Etiópia, é fundamental que o governo brasileiro vá além das declarações do presidente, que foi considerado “persona non grata” por Israel. Caso as ações do governo brasileiro não avancem, se abrirá um precedente perigoso em que um país pode reconhecer o genocídio cometido por outro governo e mesmo assim manter relações com ele. É preciso romper imediatamente e definitivamente as relações econômicas, militares e diplomáticas com o Estado racista e genocida de Israel, o governo brasileiro pode e deve expulsar o embaixador israelense, que em novembro do ano passado se reuniu com Bolsonaro e parlamentares da extrema-direita. O Brasil, portanto, deve seguir o exemplo da nossa vizinha Colômbia cujo presidente, Gustavo Petro, tem rompido as relações com Israel, a exemplo da suspensão da compra de armas israelenses, uma medida que seria essencial no Brasil, afinal as armas das polícias militares que assassinaram jovens negros nas periferias são as mesmas que assassinam palestinos. Essas medidas não só serão essenciais para pressionar por um cessar-fogo, como também para enfraquecer o bolsonarismo, que esteve forte nas ruas no dia 25 de fevereiro e, não à toa, um dos símbolos mais vistos nas imagens divulgadas foi a bandeira israelense. Mais do que nunca, temos que seguir realizando campanhas de boicote a Israel e ganhar toda essa geração para a defesa incondicional da causa palestina! É fundamental que o governo brasileiro vá além das excelentes declarações e parta para a ação, servindo de exemplo para todo o mundo.