Eleições em Portugal: “derrotar a direita e fazer um país melhor”
No encerramento da campanha eleitoral, Mariana Mortágua sublinhou que “todos os votos no Bloco de Esquerda vencem a direita” e são a garantia de quem não quer maiorias absolutas nem “mergulhos no passado”
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“O voto no Bloco de Esquerda, na estrela com cabeça, é a certeza de que precisamos para saber que no domingo a direita será derrotada e estaremos a discutir como é que avançamos, como é que se faz de Portugal um pais melhor que respeite toda a gente”, afirmou Mariana Mortágua na noite de sexta-feira no jantar de encerramento da campanha em Lisboa.
A coordenadora bloquista lembrou que “todos os votos contam e contam em todo o país. Todos os votos no Bloco vencem a direita e são a vossa garantia. Todos os votos no Bloco conseguirão fazer o que nunca foi feito”: baixar o preço das casas, impostos justos e sem privilégios, igualdade entre homens e mulheres, o serviço nacional de saúde aberto para todos, a escola e a creche, o emprego e o salário.
A quem pede “que repitamos cheques em branco do passado, que votemos por medo, que fechemos os olhos para votar”, Mariana responde: “que ninguém vote por medo! Olhos bem abertos! Votamos e decidimos por nós!”
Num discurso recheado de agradecimentos à militância, apoiantes e candidatos, Mariana Mortágua teve uma palavra especial para os jornalistas, justificando que “não me perdoaria se não fosse este também um tema da nossa campanha”. Os tempos difíceis que o jornalismo atravessa são também um retrato de uma crise do país, “a do trabalho precário, dos salários que dificilmente passam os mil euros, das horas longas que nunca são recompensadas, das tarefas que se multiplicam”.
Além da desregulação laboral que o resto do país também sofre, no caso da comunicação social há a acrescer “a concentração do poder econômico”, ou a “vampirização” dos gigantes da internet e redes sociais que se apropriam das receitas publicitárias e não pagam sequer o devido imposto. E a estes somam-se alguns “poderes que se movem na sombra, interesses que se escondem por trás de offshores ou testas de ferro, e tentam usar a comunicação social para agendas nunca reveladas mas sempre com o mesmo efeito: minar a democracia”.
Mariana Mortágua referiu-se ainda à extrema direita que semeia notícias falsas. “Sabem bem que o escrutínio é o pior inimigo da política do ódio. E a informação verdadeira é o melhor antídoto contra a penumbra e as ameaças do ódio”. Por isso, “defender o jornalismo livre é a causa de quem defende a democracia”, concluiu Mariana Mortágua, afirmando a solidariedade com a greve de jornalistas marcada para a próxima semana.
A luta pelos direitos das mulheres ao longo da história foi evocada pela candidata bloquista Anabela Rodrigues. “Não queremos andar para trás”, afirmou, arrancando aplausos na sala. A candidata falou em seguida da sua experiência de campanha eleitoral e do contacto com a população, que lhe permitiu confirmar a sua perceção de que existem “muros invisíveis no nosso país”, com cidades que “esquecem os imigrantes, aqueles que se levantam cedo, que limpam, constroem, prestam serviços, aqueles que fazem parte da nossa cidade”.
“Os subúrbios qualquer dia explodem, mas não no sentido negativo como o senhor Passos Coelho tanto quer. Eles explodem como eu estar aqui hoje, como a Beatriz já esteve. Eles explodem com a certeza de que este lugar também é nosso. E nós não nos calamos”, prometeu Anabela Rodrigues. E a luta pela lei da nacionalidade, “seja eu eleita ou não”, é para continuar, porque “quem nasce em Portugal é português, ponto final”, prosseguiu Anabela Rodrigues.
Ao longo do discurso, citou Amílcar Cabral e Yasser Arafat, lembrando que os dois foram chamados de terroristas. E citou “um terrorismo que não queremos falar e não queremos ver e que acontece todos os dias neste país”, a propósito de Cláudia Simões, vítima de agressão policial e que responde em tribunal também como autora de agressão.
Na sua intervenção, Fabian Figueiredo começou por criticar a inação dos governos da União Europeia após “mais de 150 dias de genocídio na Palestina”, sem esquecer o governo português. Mas “se Portugal tivesse um ministro dos Negócios Estrangeiros podia contrariar esta tendência”, ironizou, enumerando em seguida essas ações, como o reconhecimento do Estado da Palestina, o apoio à iniciativa sul-africana na justiça internacional, a resposta aos insultos do embaixador israelense à imprensa portuguesa ou a adesão à campanha internacional de boicote, desinvestimento e sanções contra o apartheid israelense.
“A diplomacia portuguesa teria menos salão e mais ação”, rematou, prometendo que da parte do Bloco, “nós nunca vamos parar de falar sobre a Palestina”.
O segundo candidato da lista bloquista por Lisboa apelou em seguida a “que não trema a mão a nenhum eleitor de esquerda”, pois “quem quer a voz da dignidade, da periferia, dos direitos das pessoas migrantes na primeira fila do combate político, é no Bloco que o voto se faz útil”.