Câmara de SP: Comissão da Mulher é formada apenas por homens
Colegiado ofereceu vaga à Luana Alves, mas só até o fim de março
Foto: Ascom Luana Alves
Há três anos, eu sou parte da comissão aqui da Câmara que cuida das questões de saúde, assistência social e mulheres. Essa vaga não é fixa, mas todo o ano tinha negociação e troca para que pelo menos uma mulher pudesse estar nessa comissão. Mas neste ano, nenhum dos vereadores homens ocupantes quiseram ceder a sua vaga.
Março é Mês da Mulher, mas a situação seria absurda em qualquer mês do ano: não há mulheres na Comissão da Mulher da Câmara de São Paulo. Todos os sete integrantes do colegiado são homens. Caberá a André Santos (Republicanos), Aurélio Nomura (PSDB), Hélio Rodrigues (PT), George Hato (MDB), Major Palumbo (Progressistas), Manoel Del Rio (PT) e Rodolfo Despachante (Progressistas) definir qual pauta feminina é importante discutir na Casa.
Nos últimos três anos, a vereadora Luana Alves (PSOL) integrou a comissão – que também versa sobre questões de saúde e assistência social – em uma vaga impermanente Segundo a parlamentar, a cada ano havia negociação e trocas para garantir que houvesse ao menos uma mulher no colegiado. Este ano, porém, nenhum dos vereadores homens ocupantes quiseram ceder a sua vaga.
“A única possibilidade apresentada era que eu, que sou mulher interessada menos estar em uma vaga desta comissão, ficasse apenas pelo mês de março”, contou Luana.
A vereadora diz que até pensou em aceitar a vaga temporária, mas após discussão com o mandato, ficou entendido que ela não poderia realizar trabalho significativo em apenas três semanas.
A vereadora rejeitou a proposta, mas não sem refletir o quão danoso é o machismo na política e a necessidade de as mulheres ocuparem cada vez mais esses espaços.
“Eu, que fui parte desta comissão desde o primeiro ano como vereadora, ou seja, há três anos, me surpreendi com a intransigência do governo e dos líderes partidários em não aceitar nenhuma troca para que eu pudesse voltar à comissão”, disse a vereadora. “Isso só mostra o tamanho do machismo na política e de como nós, mulheres, temos que avançar muito mais para ocupar cada espaço político que a gente puder. Mulheres, não se acanhem, não se intimidem, a gente precisa de mais mulheres de luta dentre os espaços de poder”, afirmou.
Dos 55 vereadores da Câmara Municipal de São Paulo, apenas 12 são mulheres.