As lutas da educação e do MST indicam o caminho
As lutas em curso no país demonstram que fortalecer a classe trabalhadora é o único caminho para derrotar a extrema direita
Foto: Juntos!
Nesta semana, duas lutas importantes tiveram lugar. Uma marcha levou milhares de servidores, docentes e estudantes das Universidades e Institutos Federais à Brasília, dando visibilidade para sua greve nacional iniciada há algumas semanas. No campo brasileiro, o MST realizou uma jornada de lutas, com 31 novas ocupações e acampamentos, em 18 estados, marcando o “abril vermelho”. Uma nota extra é a do movimento indígena que desconvidou Lula para seu acampamento Terra Livre por ter recuado na demarcação de terras.
O governo segue aplicando um severo ajuste na área econômica, consonante com o arcabouço fiscal apresentado no ano passado. No “front político”, Bolsonaro tenta tomar para si a iniciativa, agora realizando nova manifestação no Rio, enquanto em SP os ataques do governador Tarcísio se ampliam através do projeto de privatização da Sabesp, da escalada de violência através do fortalecimento das estruturas militares policiais, além de outros exemplos.
O PSOL e a esquerda devem jogar com todas as forças para apoiar as lutas em curso. Tanto os enfrentamentos diretos contra a extrema direita quanto as lutas por direitos frente ao governo Lula demonstram que existe possibilidade de mobilização e nosso partido tem o dever de estar em suas primeiras trincheiras.
Lutas justas
A greve das universidades é expressão da greve nacional do funcionalismo público federal. A linha do governo federal, endossada nas mesas de negociação, é seguir insistindo em um reajuste zero para 2024, contingenciamento dos gastos orçamentários da educação e nenhuma sinalização para o plano de carreira.
Unificando docentes, técnico-administrativos e se expandindo para o conjunto da educação federal – com forte apelo nas unidades dos Institutos Federais de Educação – a greve questiona de conjunto as prioridades do governo, que cortou 310 milhões do orçamento nas universidades. Segundo o ANDIFES seriam necessários 2,5 bilhões em investimentos para manter a estrutura básica de funcionamento da educação superior nesse ano.
A luta do MST vem no sentindo comum da defesa de direitos. Conforme a página do movimento:
Desde a última segunda-feira (15/4), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tem construído a Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária, com o lema “Ocupar para o Brasil alimentar!”. As ações da Jornada se encerram nesta sexta-feira (19/4), com 26 ocupações e cinco novos acampamentos, mobilizando mais de 30 mil famílias a partir de 70 ações diversas, em 18 estados e no Distrito Federal, que pautaram a defesa da Reforma Agrária durante toda a semana.
Para ter segurança alimentar, a reforma agrária é essencial. Num país que tem o agronegócio forte e a fome de 33 milhões e quase 100 milhões com alimentação precária. É uma realidade a consigna “se o campo não planta, a cidade não janta”.
Estas lutas são justas e necessitam de apoio porque só assim se combate o neoliberalismo. Esse é o caminho para vencer a extrema direita e o fascismo de modo definitivo, porque o capitalismo em geral e o neoliberalismo em particular tem produzido as opções autoritárias, seja porque, diante das frustrações com forças que se reivindicam progressistas mas aplicam o ajuste, acabam levando parte do povo para posições de direita, seja porque parte da classe dominante quer impor a violência de estado para explorar mais os trabalhadores.
E a educação pública precisa ser defendida contra o modelo neoliberal de destruição do público e privatização do ensino. Por isso, a mobilização da educação federal precisa ter nosso apoio integral. A movimentação de setores da esquerda contra o movimento grevista com a justificativa de que essa luta seria um “fogo amigo” contra o governo Lula demonstra um erro de concepção que não compreende que fortalecer a classe trabalhadora também é uma forma de criar defesas contra a extrema direita. Os técnicos, professores e estudantes tem tido motivo para mobilizar com a manutenção de um modelo econômico que ataca a educação pública no atual governo, questionar a naturalização da agenda neoliberal, portanto, é um desafio fundamental que esse movimento pode iniciar.
Derrotar a extrema direita e apoiar as reivindicações
São as lutas que podem renovar a confiança da classe trabalhadora e da juventude em suas próprias forças. A vacilação, tanto contra a extrema direita como perante as políticas de austeridade, levará a derrotas e a desmoralização que fortalece os setores reacionários.
É necessário construir uma agenda que articule a luta em defesa dos direitos com a necessária luta contra a extrema direita para derrotar Bolsonaro, sem anistia para seu clã e seus milicianos. Nesse processo, a Iª Conferência Internacional Antifascista, que será realizada entre 17 e 19 de Maio em Porto Alegre, vem ganhando adesões importantes de diversas figuras e setores radicais de todo mundo. Contando com a presença confirmada de quase 30 países, a Conferência será mais um passo de convergência das diversas expressões de resistência antifascista internacional.
É preciso avançar! Luta e organização são os eixos do nosso chamado.