Federais mantêm greve e pedem retomada das negociações
Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos deu ultimato a servidores e quer assinar acordo com grevistas na semana que vem
Foto: Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil
As universidades e institutos federais de ensino superior (Ifes) anunciaram, nesta sexta-feira (24), que manterão a paralisação iniciada em 15 de abril. Segundo o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), as assembleias realizadas até o dia de hoje nas instituições de ensino indicam a continuidade da greve em 59 universidades e mais de 560 colégios federais.
O comando de greve ainda cobrou do governo federal a continuidade das negociações – encerradas, unilateralmente, pelo Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos na quarta-feira (22). A pasta propôs a assinatura de um acordo, em reunião prevista para a próxima segunda-feira (27), algo que os comandos de greve rejeitam.
Em entrevista coletiva na manhã desta sexta, o presidente do Andes, Gustavo Seferian, disse que o comunicado demonstra a intransigência do governo.
“Repudiamos a interrupção unilateral do processo democrático de negociação pelo governo federal”, afirmou. “Queremos seguir conversando com o governo federal e entendemos que há, sim, espaço no orçamento deste ano para comportar, não só as demandas remuneratórias, mas sobretudo a recomposição de investimentos nas instituições federais de ensino superior.”
A proposta do governo é conceder aumentos de 13,3% a 31%, de acordo com a categoria, entre 2025 e 2026. Com o reajuste linear de 9% concedido ao funcionalismo federal em 2023, o aumento total ficará entre 23% e 43%, informou a pasta. A questão é que os servidores exigem a recomposição das perdas salariais ainda para 2024.
“Nesse momento, temos mais de 30 assembleias, já concluídas e em curso, que vêm sinalizando rechaço à proposta do governo federal. A greve não só continua, mas segue mais forte do que nunca”, afirmou Seferian.
Seferrian acrescentou que o governo tem como atender a demanda, a partir do desbloqueio de R$ 2,9 bilhões no relatório orçamentário, informado pelo governo na quarta-feira (22).
“O secretário de Orçamento Federal, Paulo Bijos, disse que esse recurso é um colchão de segurança para acomodar futuras pressões de aumento de despesas obrigatórias. Vamos fazer pressão e dormir nesse colchão”, disse David Lobão, integrante da direção do Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica (Sinafese).
A liderança sindical ainda destacou o sucateamento sofrido pelos institutos federais nos Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL). Na avaliação de Lobão, a pauta da recomposição orçamentária das instituições é incontornável.
“No governo Dilma [Rousseff, tivemos um bom investimento nos institutos federais em nível semelhante ao dos países que mais investem em educação, e nosso instituto foi parar no portal da ONU [Organização das Nações Unidas] como a terceira melhor escola do ensino médio do mundo, perdendo apenas para Cingapura e Finlândia. Estamos lutando agora para retomar esse instituto, para reconstruir esse instituto”, concluiu.