IBGE aponta precariedade no saneamento em quilombos
Conforme estudo, 8 em cada 10 quilombolas têm dificuldade de acesso a água tratada, tratamento de esgoto e coleta de lixo
Foto: Acev Brasil/Facebook
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgada na sexta-feira (19), revelou que 8 em cada 10 quilombolas têm dificuldade de acesso à água potável e tratamento de esgoto. O levantamento que analisou as características dos domicílios e localidades quilombolas do Censo 2022 aponta que numa população de 1.047.779 pessoas em todo o país, 79% enfrentam situações precárias de saneamento básico.
Em territórios quilombolas oficialmente delimitados, a situação é ainda pior: 90% dos moradores têm problemas com saneamento. Dos 167.202 quilombolas vivendo em comunidades remanescentes de quilombos, 150.822 convivem com o problema. Conforme a estatística, 29,5% enfrentam as três principais formas de precariedade ao mesmo tempo. Entre a população geral do Brasil, 3% encontram-se nessa condição.
Apesar de a rede de distribuição de água estar acessível à 54% dessa população, 20,5% ainda depende de poços profundos e artesianos, e (8,6%) recorrem a poços rasos ou cacimbas. Nos territórios quilombolas, a dependência de poços sobe: 31,85% usam poços profundos ou artesianos, e 10,48% usavam poços rasos ou cacimbas.
Sem banheiro
Entre a população quilombola, 227.667 pessoas vivem em residências sem banheiro. A situação é ainda mais grave nos territórios quilombolas delimitados, onde 41.493 moradores (24,7%) não têm banheiro exclusivo. No Brasil como um todo, 2,2% da população enfrentava essa condição.
De acordo com o Censo, a principal forma de esgotamento sanitário entre a população quilombola é a “fossa rudimentar ou buraco”, utilizada por 57,6% do grupo. “Fossa séptica ou fossa filtro não ligada à rede” é usada por 15% dessa população. Além disso, 4% das pessoas não têm banheiro ou sanitário. Em contraste, na população geral do Brasil, a principal forma de esgotamento é a rede geral, pluvial ou ligada à rede (62,5%).
Coleta de lixo
O fogo é o destino do lixo para a maior parte dos territórios quilombolas (65,4%). Para os moradores quilombolas como um todo, 51,2% tinham coleta direta do lixo. Destes, 44,4% tinham coleta em domicílio e 6,8% depositavam os dejetos em caçamba.
A população total do Brasil possui muito mais acesso à coleta direta ou indireta de lixo:, 90,9% têm acesso a esse serviço, sendo que 82% têm a coleta feita em casa e 8,3% depositam o lixo em caçambas. Apenas 7,8% queimam seu lixo.