Bolsonaro no banco dos réus: as ruas devem falar!
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Bolsonaro no banco dos réus: as ruas devem falar!

A recente decisão do STF fortalece a luta pela prisão de Bolsonaro e seus aliados golpistas

Israel Dutra 26 mar 2025, 19:13

Foto: Exibição de vídeo sobre os ataques golpistas de 8 de janeiro durante o julgamento no STF. (Antonio Augusto/STF)

O STF, em sessão televisionada, levou Bolsonaro ao banco dos réus. Uma notícia excelente, que deve motivar o ativismo a redobrar esforços para massificar a luta pela prisão de Bolsonaro e do núcleo dirigente do golpismo brasileiro.

O ato marcado para o dia 30 teria que ser apenas a largada para um calendário e um plano de luta sustentado, para fazer eco à chamada das ruas “Sem Anistia!”.

Um fato enorme numa conjuntura “em aberto”

Em um julgamento histórico encabeçado por Moraes, a 1ª turma do STF de forma unânime referiu como réus por tentativa de golpe a Jair Bolsonaro e mais 7 integrantes da sua “organização”. São membros do alto escalão político e militar da extrema direita, entre eles Braga Netto, Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Almir Garnier.

Isso em meio a uma conjuntura nacional e internacional repleta de contradições. Segue a ofensiva de Trump contra os imigrantes e os povos; a ruptura unilateral do cessar fogo em Gaza por parte de Netanyahu, que levou ao sequestro e a tentativa de linchamento nessa semana do diretor palestino Hamdan Ballal, que venceu o Oscar pelo documentário “No Other Land”. De outra parte, a resistência popular contra os planos de Milei ganha corpo na Argentina, com centenas de milhares de pessoas marchando no último 24 de março, em alusão ao Dia da Memória do país.

No Brasil, os movimentos sociais têm muitas demandas, mas a maior parte das direções não apontam para uma unificação e construção genuína das lutas. O governo apresenta pautas interessantes com muito atraso e algumas insuficiências, como a sinalização da isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 mil reais combinada com a tributação dos mais ricos; bem como o debate que chega ao Legislativo sobre a redução da jornada de trabalho (fim da escala 6×1); Em outra chave, na contramão das demandas populares o mesmo governo sinaliza para os banqueiros, como escreveu Bruno Magalhães, com a alta inaceitável dos juros, conforme a última reunião do Copom.

Em meio a esse cenário podemos ter conclusões importantes, diante de uma conjuntura onde tudo está aberto: (1) é preciso aproveitar a desorganização do bolsonarismo, tanto político quanto eleitoral (Bolsonaro declarou que Zambelli foi a grande responsável pela derrota de 2022, por exemplo), galvanizando a data que marca os 61 anos do golpe militar e a repercussão de “Ainda Estou Aqui” para empurrar pela consigna do “Sem Anistia!”; (2) unificar a luta ao redor da pautas populares – baixar o preço dos alimentos, aprovação da isenção do imposto de renda, redução da jornada de trabalho – para avançar nas lutas (como o bom exemplo que deu o Movimento Popular de Luta, que no Mato Grosso do Sul protestou em várias estradas federais); (3) entender que a relação de forças mais geral segue em aberto, onde a necessária combinação da táticas de unidade e independência deve construir uma agenda programática para a esquerda e o PSOL. A fuga de Eduardo Bolsonaro e o desgaste de Milei indicam que a extrema direita está longe de ser “invencível”.

A esquerda precisa ir à luta contra a extrema direita e a burguesia

A perspectiva de prisão de Bolsonaro se aproxima e isso em si mesmo é uma enorme vitória contra a extrema direita, que mostra também que, embora a esquerda esteja enfraquecida e/ou adaptada, a extrema direita tem sua maior expressão popular na defensiva.

Isso tem importância para que nossa única pauta não seja somente contra Bolsonaro, mas também pelas reivindicações economicas e sociais do povo, dos trabalhadores e setores populares. Não é possível sermos uma esquerda que se limite a combater a extrema direita, como defendem setores de esquerda e centro esquerda. É preciso combater também os banqueiros e a grande burguesia que explora o povo e engendra a própria extrema direita.

Não basta estar passivo ou apenas “torcer” pelas medidas do STF. É preciso ir às ruas e construir a agenda de lutas, começando pela manifestação do dia 30 de março, mas não se limitando a agendas protocolares. A baixa convocação do ato feita pelas frentes que o marcaram faz com que o potencial desta luta não seja aproveitado, queimando datas sem uma verdadeira mobilização que aposte na força das ruas. É preciso combater e lutar nas ruas e nos processos que estão em curso.

Apenas nos próximos dias temos marcados mobilizações dos estudantes, a própria manifestação nacional do próximo dia 30, as paralisações de algumas categorias importantes e um chamado ao novo breque dos Apps. A batalha contra a anistia vai se dar também no Congresso, onde a extrema direita quer aliados para passar medidas de impunidade contra os golpistas do 8 de janeiro de 2023.

No contexto da celebração dos 20 anos de legalização do Partido, o PSOL começa a debater uma agenda programática onde nosso lugar será o de afirmar e atualizar a essência da luta da esquerda radical contemporânea. Em nossos próximos editorais vamos apontar alguns pontos para a discussão.


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Editorial
Israel Dutra | 26 mar 2025

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