Profissionais da educação de São Paulo estão em greve contra os ataques da gestão Nunes
Movimento começou na última semana em defesa do salário e das condições de trabalho da categoria
Desde a última terça-feira, 15/04, professores, gestores e profissionais do quadro de apoio da educação municipal de São Paulo estão construindo uma forte greve contra os ataques que a gestão Ricardo Nunes tem perpetrado contra a educação. O estopim foi a proposta de aumento salarial de 2,6% para 2025 e 2,55% para 2026, enviada pela Prefeitura no formato de Projeto de Lei para a Câmara dos Vereadores, antes mesmo de qualquer reunião de negociação com os sindicatos das categorias.
Ricardo Nunes vem buscando trilhar na educação o mesmo caminho que seu “líder maior” Tarcísio de Freitas vem construindo no governo estadual, onde se combina desvalorização dos profissionais, plataformização do ensino, privatização e militarização das unidades escolares, como ficou explícito no mais recente anúncio de leiloar a gestão de mais 143 escolas estaduais – com auxílio financeiro do BNDES, diga-se de passagem.
Somente neste ano, Ricardo Nunes já anunciou que pretende privatizar a gestão de 50 escolas municipais, além de entregar à gestão privada pelo menos mais três escolas que estão sendo construídas. Soma-se a isso a presença de guardas civis metropolitanos em 20 escolas da capital paulista consideradas “violentas”. Não menos importante, estamos vivendo os efeitos da lei aprovada em 27 de dezembro de 2024, que retira até um terço dos vencimentos dos profissionais readaptados ou com licenças maiores de mais de 30 dias, além de permitirem a troca de gestores das unidades escolares, e também abrirem o precedente para a mudança compulsória da lotação do servidor de uma escola para a outra em qualquer momento do ano. Sem contar com todas as dificuldades cotidianas que o exercício da educação propicia, como a falta de infraestrutura física das escolas, falta de verba, falta de professores e auxiliares técnicos de educação, falta de estrutura para garantir a inclusão dos alunos com deficiência, falta de profissionais na cozinha, má remuneração dos profissionais da cozinha, limpeza e vigilância etc.
É neste cenário que o governo municipal quer impor um reajuste salarial que na prática significa uma diminuição do poder de compra dos trabalhadores da educação, no mesmo momento em que a Prefeitura segue precisando pagar abonos complementares a dezenas de milhares de servidores já que o salário base da categoria é inferior ao piso nacional da educação.
Diante de todos esses ataques, os profissionais da educação da cidade de São Paulo estão construindo uma grande mobilização, que já contou com duas manifestações com mais de 5 mil pessoas em frente à Câmara Municipal, a segunda delas com a adesão das demais categorias do funcionalismo público municipal, que também decretaram greve. Apesar da prefeitura ter na sua base a maioria dos vereadores, temos contado com a oposição de vereadores combativos – como é o caso da companheira Luana Alves, do PSOL-SP – que foram responsáveis por evitar a votação do projeto na Câmara até o momento. Na próxima terça-feira, 22/04, está marcada uma nova manifestação – que deve ser ainda maior – exigindo a não votação do falso reajuste salarial na Câmara Municipal, e a abertura imediata de negociações da Prefeitura com as categorias.
Nós do Levante da Educação, um coletivo de educadores municipais impulsionado pela TLS Sindical e por ativistas independentes, estamos intervindo na greve. Acreditamos que é fundamental combinar a luta sindical por salário e melhores condições de trabalho com a luta em defesa de uma educação crítica, emancipadora e inclusiva. Para isso, precisamos estar lado a lado com todos os setores em luta, e lutar pela mais ampla democracia sindical na greve, com a organização a partir dos comandos de greve regionais e contra o autoritarismo das direções que estão à frente dos principais sindicatos atualmente.
É somente através de um levante da educação que será possível derrotar os projetos neoliberais e autoritários para a educação, que a enxergam como um negócio lucrativo ao mesmo tempo em que aprofundam as desigualdades estruturais da sociedade brasileira. E a greve atual é uma parte decisiva dessa luta.
2,6% de aumento NÃO! Queremos um reajuste digno!
Abaixo à privatização da educação municipal!
Em defesa dos readaptados: suspensão imediata da Lei 18.221/24!
Contra a plataformização do ensino!