A decisão do TRF 4 e a condenação de Lula

Para o autor, as chances de Lula poder concorrer a presidência da república diminuíram muito.

Roberto Robaina 24 jan 2018, 21:24

A condenação de Lula não foi surpresa. Até os chamados mercados estavam apostando nesta decisão e as bolsas subiam na mesma medida em que crescia a convicção de um resultado de 3 a 0. Foi o que ocorreu. Mais três juízes que trabalharam sobre o processo confirmaram a sentença do juiz de primeira instância Sérgio Moro. Assim, as chances de Lula poder concorrer à Presidência da República diminuíram muito. E, se concorrer, as chances de poder ter sua candidatura validada são ainda mais reduzidas. É sobre este aspecto que quero considerar a questão. É deste ponto de vista que temos nos manifestado. É o caso, por exemplo, da posição de Luciana Genro, sustentando que a eleição sem Lula pode sim ser considerada uma fraude. É o que declarou nossa corrente política, o Movimento Esquerda Socialista, que é uma tendência fundadora do PSOL. Esta posição é clara. Mas não temos uma posição ingênua. Todos sabem que rompemos com o PT faz muitos anos. E rompemos porque percebemos – quando, aliás, a grande mídia estava comemorando o novo curso petista – que as relações do PT com as empreiteiras e banqueiros estava tornando o partido um gerente dos interesses do capital. Daí o passo para se envolver com os métodos típicos do capital, entre os quais a corrupção é prática corriqueira, era um passo imediato. Foi o que ocorreu. Mas, apesar disso, não aceitamos fazer coro com os que dizem que a lei deve ser respeitada, querendo com isso dizer que a decisão do TRF-4 deve ser respaldada. Por que não? Justamente porque neste sistema a lei não vale igualmente para todos. Aplica-se com mais força contra alguns. A outros, comprovadamente bandidos, como é o caso de Aécio Neves, o máximo órgão de poder judicial do país – o STF – protege, garantindo-lhe a impunidade como senador. E não precisamos falar de Temer. Não se pode dizer que temos justiça no país quando um presidente é um chefe de quadrilha. E a justiça feita isoladamente não é justiça sistêmica. Seria ingenuidade, ou até um tolice, acreditar nisso. E o caso envolvendo Lula é sistêmico. Por isso, não pode ser avaliado sem contexto, sem definir quem são os interessados em sua condenação e por que a pretendem. É evidente que uma parte dos interessados é justamente uma parte dos donos do capital, representantes deste mesmo sistema que atuou como corruptor no caso da cúpula do PT e que continua tendo em suas mãos os partidos tradicionais, a maioria do Congresso Nacional e até as mais altas cortes de justiça do Brasil. Não são eles que farão justiça para o povo. Por isso, vamos manter a defesa do direito de Lula ser candidato. Ao mesmo tempo, lutaremos para que nosso partido, o PSOL, seja fiel às causas da igualdade e se afirme como um projeto independente, que aposte na organização e na mobilização social pelos interesses populares


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