Multidões ocupam as ruas contra a PEC da Blindagem e a anistia a golpistas
Atos em 18 capitais e no exterior uniram artistas, movimentos sociais e parlamentares da esquerda; PSOL denuncia “PEC da Bandidagem” e alerta para ameaça à democracia
Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil
Milhares de pessoas tomaram as ruas em pelo menos 18 capitais brasileiras e em cidades do exterior neste domingo em uma onda de protestos contra a chamada PEC da Blindagem, aprovada pela Câmara dos Deputados. A proposta, que dificulta a abertura de processos criminais contra parlamentares, foi apelidada nas manifestações de “PEC da Bandidagem” e é vista como um grave retrocesso democrático.
Os atos também miraram a tentativa de anistia a condenados pela tentativa de golpe de 8 de janeiro, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e 3 meses de prisão. Faixas e cartazes resumiam o espírito das mobilizações: “Sem anistia”, “Não à blindagem” e “Congresso inimigo do povo”.
No Rio de Janeiro, sob um calor de 36°C, milhares aguardaram apresentações de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Chico Buarque, Djavan e Paulinho da Viola. Em São Paulo, uma enorme bandeira do Brasil foi estendida na Avenida Paulista, em um contraponto simbólico ao uso do símbolo nacional pela extrema direita.
PSOL na vanguarda
Parlamentares da esquerda também marcaram presença. Em Brasília, o deputado distrital Fábio Félix (PSOL-DF), dirigente do MES, discursou de um carro de som:
“A PEC da Bandidagem é uma vergonha nacional. Essa PEC é para blindar o Congresso Nacional”.
De Manaus a Porto Alegre, de Natal a Belém, os atos uniram movimentos sindicais, artistas e organizações populares. Na capital gaúcha, a deputada federal Fernanda Melchionna destacou a importância da mobilização ante aos ataques do Congresso à democracia, como a “PEC da Bandidagem e a vergonhosa anistia”.
“Esse é nosso método, é com muita mobilização. Nós não vamos acreditar nos conchavos do congresso Nacional, o que a gente tem de fazer é ocupar as ruas, contra a bandidagem e para não ter anistia para Bolsonaro e os golpistas do 8 de janeiro”, destacou.
“E agora nós queremos continuar a mobilização até derrotar a PEC da bandidagem. E também dizer, o PSOL foi o partido 100% contra a PEC da bandidagem no Congresso Nacional”, acrescentou a deputada estadual Luciana Genro (PSOL), que também conclamou a população a estar “muito atentos à possibilidade de anistia”.
Em João Pessoa, os gritos de “Fora, Hugo Motta” ecoaram contra o presidente da Câmara, filiado ao Republicanos, um dos principais articuladores da medida. Outras capitais também tiveram forte mobilização. Em Salvador, Daniela Mercury cantou com a bandeira do Brasil nas mãos, afirmando: “Não aceitamos essa PEC da Impunidade”.
Manifestações mundo afora
No exterior, manifestações em Londres e Berlim reforçaram a pressão internacional contra o desmonte de mecanismos de responsabilização política no Brasil.
Enquanto isso, no Senado, o relator da proposta, Alessandro Vieira (MDB-SE), sinalizou que deve rejeitar a PEC:
“O relatório será pela rejeição, demonstrando tecnicamente os enormes prejuízos que essa proposta pode causar aos brasileiros”.
As ruas deram o recado: a população não aceita blindagem para parlamentares nem anistia para golpistas. O recado é claro, como lembrou um cartaz exibido em Maceió: “Congresso inimigo do povo”.