21 de Setembro: quando as ruas voltaram a falar
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21 de Setembro: quando as ruas voltaram a falar

O protesto do 21 de setembro recolocou o campo democrático e popular como protagonista da luta contra a extrema direita

Márcio Filho 22 set 2025, 18:27

Foto: Manifestação na Avenida Paulista. (ND Mais/X)

O último domingo marcou uma virada na cena política brasileira. As manifestações contra a anistia aos golpistas e a chamada PEC da Blindagem não foram apenas mais um ato de protesto. Elas se tornaram um divisor de águas, revelando a capacidade de mobilização do campo democrático-popular diante do avanço da extrema direita.

A dimensão nacional do protesto

Em mais de uma centena de cidades, centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas. O Rio de Janeiro foi o palco mais visível: em Copacabana, a reunião de grandes artistas da música popular brasileira (Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Paulinho da Viola e Djavan) ampliou a repercussão do ato e atraiu públicos que extrapolam a militância tradicional.

No Nordeste, capitais como Salvador, Recife e Fortaleza mostraram a vitalidade de uma região que, historicamente, tem protagonizado lutas democráticas. Em Minas Gerais, Belo Horizonte mais uma vez se destacou, reafirmando sua posição de vanguarda nos protestos de rua. Porto Alegre também mobilizou dezenas de milhares, num gesto de resistência marcado pela presença ativa de lideranças políticas nacionais.

São Paulo: palco estratégico

A Avenida Paulista foi novamente termômetro do cenário político. O ato conseguiu superar o número de pessoas que participaram da manifestação golpista, de Bolsonaro e Tarcísio no 7 de setembro. Mais do que a disputa de números, o que chamou atenção foi o perfil da mobilização: havia forte presença de jovens, menos controle de grandes estruturas sindicais e um clima de indignação espontânea.

Esse traço confere ao ato paulista uma relevância particular. De um lado, o desgaste causado pelo voto de 12 deputados do PT a favor da PEC da Blindagem, incluindo figuras históricas do partido, gerou constrangimento. De outro, o PSOL ocupou um espaço político destacado, com a deputada Sâmia Bomfim sendo uma das vozes mais aplaudidas da manifestação popular e que tem feito um trabalho radical e incansável em Brasília.

Ruptura da “bolha”

A principal conquista do 21 de setembro foi romper a barreira da militância restrita. A soma da blindagem parlamentar com a tentativa de anistiar golpistas despertou indignação ampla, que encontrou expressão tanto no abaixo-assinado, com mais de 1,5 milhão de adesões, quanto nas ruas. A cobertura favorável da imprensa, incomum em atos de esquerda, também refletiu esse alargamento da audiência social.

O que vem pela frente

A semana seguinte já se desenha como decisiva. A entrega do abaixo-assinado no Senado e a pressão sobre a tramitação da PEC testam a continuidade da mobilização. Em São Paulo, a resistência ao governo Tarcísio tende a se intensificar, com metroviários e educadores sinalizando disposição para a luta.

Mais do que um episódio isolado, o 21 de setembro recolocou em disputa a narrativa sobre quem tem força de mobilização no Brasil. Se a extrema direita mostrou capacidade de ocupar as ruas em anos recentes, agora é o campo democrático que prova ter fôlego e disposição para reagir.

O recado das ruas contra a extrema direita

O país assistiu a um ato que ficará registrado como um marco na luta contra a impunidade e o autoritarismo. O desafio, a partir daqui, é transformar a energia das ruas em um processo duradouro de organização e resistência. O domingo de setembro mostrou que, diante de ataques às liberdades e à democracia, a sociedade não está disposta a assistir em silêncio.


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