Campanha arrecada fundos para retorno dos ativistas brasileiros da Flotilha Global Sumud
Após prisão e maus-tratos em Israel, militantes brasileiros deportados à Jordânia aguardam apoio popular para voltar ao país nesta quinta-feira (9)
Foto: Global Sumud Flotilla/Diulgação
A Global Sumud Flotilla (GSF), organização responsável pela mais recente missão humanitária à Faixa de Gaza, lançou na terça-feira (7) uma campanha de financiamento coletivo para custear as passagens aéreas de 13 ativistas brasileiros que partiram da Jordânia rumo ao Brasil, após terem sido detidos ilegalmente pela Marinha de Israel.
Segundo comunicado da GSF, até o momento o governo federal não se comprometeu a financiar o retorno do grupo, que foi sequestrado em alto-mar e mantido sob condições degradantes em uma prisão israelense. Quem quiser colaborar pode enviar doações via Pix (br-finance@gmtgaza.org) ou pelo site opencollective.com/global-movement-to-gaza-br.
“A solidariedade é a força que nos move. Cada contribuição é um gesto de resistência contra o apartheid e a violência de Israel”, diz o comunicado divulgado pela GSF.
A mobilização popular em torno do financiamento vem crescendo rapidamente nas redes sociais, impulsionada por movimentos de solidariedade à Palestina e por parlamentares de partidos progressistas que denunciaram o silêncio do governo israelense diante das violações cometidas contra os militantes.
Uma travessia interrompida pela violência
A Flotilha Global Sumud, composta por cerca de 40 embarcações e cerca de 400 ativistas de 45 países, partiu de Barcelona no fim de agosto com o objetivo de romper o bloqueio imposto há 18 anos por Israel à Faixa de Gaza. A bordo, levavam alimentos, água potável, medicamentos e produtos de primeira necessidade destinados à população palestina, vítima de um cerco humanitário devastador.
No entanto, a missão foi interceptada pela Marinha israelense na última quinta-feira (2), em águas internacionais – uma ação amplamente condenada por juristas e organizações de direitos humanos. Os ativistas foram levados à força para o porto de Ashdod e depois transferidos para a prisão de Ktzi’ot, no deserto do Neguev, onde permaneceram incomunicáveis por dias.
De acordo com relatos de diplomatas brasileiros e dos próprios ativistas, os detidos foram privados de água potável, comida e medicamentos controlados, além de sofrerem intimidações e maus-tratos físicos e psicológicos.
A ativista climática sueca Greta Thunberg denunciou em entrevista coletiva, na terça-feira (7), que ela e outros integrantes da Flotilha Global Sumud foram “raptados e torturados”.
“Quando pedimos um médico e medicamentos que salvam vidas, colocaram 60 pessoas em jaulas pequenas e disseram-nos que nos iam matar com gás”, relatou Greta, em uma coletiva de imprensa em Estocolmo.
Brasileiros voltam para casa hoje
Após mediação da Embaixada do Brasil em Tel Aviv, os 13 ativistas foram finalmente libertados e deportados para Amã, capital da Jordânia, na terça-feira (7). O grupo é formado por Ariadne Telles, Bruno Gilga Rocha, Gabrielle Tolotti, João Aguiar, Lisiane Proença, Lucas Farias Gusmão, Luizianne Lins, Magno Carvalho Costa, Mariana Conti, Miguel Viveiros de Castro, Mohamed El Kadri, Thiago Ávila e Victor Nascimento Peixoto.
O primeiro brasileiro a ser libertado, o militante do MES-PSOL Nico Calabrese, havia sido solto no último sábado (4) e retornou ao país dois dias depois. O restante dos ativistas deve desembarcar hoje, por volta das 11h, no Aeroporto de Guarulhos.
Enquanto aguardavam o retorno ao Brasil, os integrantes da Flotilha Global Sumud seguem denunciando as violências sofridas nas prisões israelenses e reforçando o compromisso com a luta pelo fim do bloqueio e pelo direito do povo palestino à liberdade.
“Seguimos firmes na denúncia do genocídio e na defesa do povo palestino. Fomos detidos, mas não calados”, declarou Gabrielle Tolotti, presidente do PSOL no Rio Grande do Sul, em postagem publicada após sua libertação.