Luciana e Fernanda Melchionna conduzem debate em Santa Maria
Feministas

Luciana e Fernanda Melchionna conduzem debate em Santa Maria

Ao lado de Manuela D’Ávila e Alice Carvalho, feministas discutiem o avanço da extrema direita, o aumento dos feminicídios e os desafios da luta das mulheres no Brasil

Tatiana Py Dutra 20 out 2025, 20:05

Foto: Tatiana Py Dutra

Na última sexta-feira (17), Santa Maria se tornou palco de resistência feminista, com o evento “Feministas em Luta”. O Clube Comercial recebeu as deputadas Luciana Genro (PSOL-RS) e Fernanda Melchionna (PSOL-RS), duas mulheres que vêm transformando a política brasileira com coragem, coerência e radicalidade, ao lado de Manuela D’Ávila e Alice Carvalho, reforçando o debate com suas experiências e perspectivas locais e históricas. O encontro foi mais que um debate: foi um chamado à reorganização da esquerda feminista frente aos retrocessos sociais e ao avanço autoritário.

Com um discurso firme e pedagógico, a deputada estadual Luciana Genro situou o debate feminista dentro da crítica ao capitalismo. Baseando-se em dados da Oxfam Brasil, que mostram que as mulheres dedicam 12,5 bilhões de horas diárias ao trabalho de cuidado não remunerado, a deputada foi incisiva:

“Imaginem quanto teria que ser o salário de um trabalhador se ele tivesse que pagar por todo o trabalho não pago que as mulheres fazem. É do interesse do capitalismo que continue sendo assim.”

Ela destacou que pautas como creches, escolas acolhedoras e lavanderias públicas não são “demandas de nicho”, mas questões estruturais de classe.

“Quando lutamos por essas políticas, estamos lutando por toda a classe trabalhadora”, afirmou. Luciana Genro também denunciou o cerco da extrema direita: “Eu e Fernanda estamos sendo investigadas por falar sobre feminismo em uma escola pública. Isso mostra o quanto ainda precisamos de um movimento feminista forte, independente e classista.”

A deputada federal Fernanda Melchionna reforçou o caráter histórico e revolucionário da luta das mulheres, lembrando a origem socialista do 8 de Março e a importância de figuras como Clara Zetkin. “Não foi a ONU que criou o Dia Internacional da Mulher. Foi a Conferência Socialista, por iniciativa de uma revolucionária alemã. Desde então, nossa luta vai muito além da igualdade formal – é para mudar o modo de produção que nos oprime.”

Fernanda também criticou a sub-representação feminina nos espaços de poder e o machismo estrutural.

“Ainda somos menos de 20% na Câmara e no Senado, e mesmo dentro desses 18%, muitas não defendem as mulheres. Por isso, não basta ser mulher, é preciso estar do lado certo da história”, afirmou.

A ex-deputada Manuela D’Ávila trouxe reflexões sobre as intersecções entre classe, gênero e raça, citando Angela Davis e ressaltando a necessidade de políticas públicas estruturantes, como creches, para que mulheres possam participar do mercado de trabalho.

A vereadora Alice Carvalho destacou que o feminismo continua sendo “a ponta de lança de muitas mudanças”, lembrando que avanços como a Lei do Feminicídio e a luta contra o assédio são frutos diretos da mobilização das mulheres.

Audiência sobre feminicídios

Antes do evento, uma audiência pública sobre feminicídios na Câmara Municipal trouxe à tona a necessidade de unir reflexão e ação concreta. Como ressaltou a vereadora Alice Carvalho, “nada do que conquistamos veio de graça; são frutos diretos da nossa organização e da presença das mulheres nas ruas”.

Os encontros reforçaram a importância de um feminismo anticapitalista, que articula gênero, raça e trabalho, e que não teme nomear seus adversários: o patriarcado e a extrema direita. Como sintetizou Luciana Genro:

“Nós não estamos lutando apenas para que mais mulheres cheguem ao poder. Estamos lutando contra o sistema que mantém a maioria das mulheres na base da pirâmide, sustentando com seu trabalho gratuito e sua opressão um modelo que precisa ser superado.”


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