Finalmente, Bolsonaro atrás das grades
O bolsonarismo só pode ser derrotado com a luta “a quente”
Grande dia. Na manhã de 22 de novembro, a PF prendeu em sua casa o genocida e ex-presidente Jair Bolsonaro, após flagrante tentativa de violação da sua tornozeleira eletrônica.
Mais um novo capítulo da agitada conjuntura nacional, que tem desdobramentos importantes para a pauta imediata e para a preparação da disputa eleitoral de 2026.
Um revés para os golpistas
Depois do 21 de setembro, Bolsonaro e o setor mais duro dos golpistas ficou na defensiva.
A extrema direita se voltou para uma nova agenda, a partir da chacina de Castro e do chamado ao enfrentamento às ditas “facções”. Na semana anterior, foi aprovada a chamada “lei antifacção”, organizada pelo relator Derrite, que galvanizou as atenções no parlamento e buscou dar novas coordenadas para a agenda nacional.
Outro elemento foi o recuo relativo de Trump, após a reunião com Lula, com a suspensão de algumas das penalidades tarifárias e por agora, se separando do clã Bolsonaro.
A prisão de Bolsonaro debilitou o setor mais duro do golpismo. A tendência é um isolamento de Bolsonaro e dos filhos, que envolve a fuga de Ramagem; a extrema direita vai precisar acelerar uma saída por “fora do bolsonarismo” para entrar com chances na disputa de 2026.
De outra parte, um setor vai tentar se apoiar nas contradições entre Motta e Alcolumbre e o governo federal, para retomar o debate de anistia, o que pode voltar a polarizar a pauta na Câmara.
Uma disputa política
Para enfrentar a situação, é preciso polarizar em duas esferas, de imediato:
- seguir o desmonte do bolsonarismo, não afrouxando na prisão de Jair, mas avançando na cadeia dos golpistas (financiadores, articuladores econômicos e políticos), lutando contra qualquer tentativa de anistia
- enfrentar a discussão sobre o problema das “facções”, que ao contrário da caricatura que ilustra o projeto de Derrite, não é a criminalização dos territórios e sim o combate ao crime organizado que veste terno e gravata, como ficou nítido no caso da operação Carbono Oculto e na prisão do dono do Banco Master
Enfrentar a extrema direita em todos os terrenos
É preciso se apoiar no sentimento de comemoração que muitos ativistas tiveram quando do anúncio da prisão de Bolsonaro para seguir a disputa política, nas redes, nas ruas, nas estruturas da sociedade.
Exemplos não faltam. A luta dos indígenas e da juventude na COP-30, denunciando o capitalismo verde, a hipocrisia do próprio governo e a privatização dos Rios; a ação da negritude no novembro negro, com o ato do dia 20, a marcha das mulheres negras em Brasília e o lançamento da colateral da negritude do MES, a Maré Negra.
Apenas a luta a “quente” pode derrotar o Bolsonarismo e preparar o caminho para a disputa que vai seguir, no terreno eleitoral, em 2026.