Greve geral na Bélgica foi a maior dos últimos 40 anos
Piquete de greve esta quarta-feira na Bélgica. Foto ABVV/Facebook

Greve geral na Bélgica foi a maior dos últimos 40 anos

Ao longo de três dias, os sindicatos belgas organizaram iniciativas contra a intenção do Governo de impor cortes drásticos nas pensões, benefícios sociais, saúde, educação e cultura, além de novos ataques aos migrantes

Danièle Fayer-Stern 28 nov 2025, 17:04

Via Esquerda.Net

Os trabalhadores na Bélgica participaram esta semana numa greve geral nacional de três dias sem precedentes contra as medidas de austeridade. A greve fez parte de uma ação de três dias que começou na segunda-feira com os trabalhadores dos transportes públicos e ferroviários.

Na terça-feira, todos os serviços públicos — administradores, funcionários hospitalares, funcionários dos correios e professores — entraram em greve. Isto culminou numa “greve geral interprofissional” na quarta-feira. Foram organizados piquetes e manifestações em todo país.

A greve segue-se a uma marcha de 140.000 pessoas a 14 de outubro — a maior manifestação nas ruas de Bruxelas das últimas décadas.

Esta foi uma marcha contra um governo de extrema direita que impôs um conjunto de cortes drásticos nas pensões, benefícios sociais, saúde, educação e cultura, além de uma repressão à migração. Tudo isso aconteceu num contexto de enorme aumento dos gastos militares.

A manifestação foi o ponto alto das ações mensais iniciadas pelos sindicatos quando o novo governo foi eleito em junho de 2024 e anunciou cortes de milhares de milhões de euros.

O novo orçamento implica ataques severos ao nível de vida dos trabalhadores. Vai literalmente lançar toda uma camada de pessoas já pobres numa situação de extrema dificuldade. Significa ataques às pensões, principalmente “punindo” todos aqueles que querem parar de trabalhar antes dos 67 anos.

Significa também ataques aos apoios sociais, excluindo das prestações todos os trabalhadores que estão desempregados há mais de dois anos. E o orçamento significava forçar 100.000 trabalhadores em situação de baixa por doença prolongada a regressar ao trabalho.

O governo também impôs horários mais longos aos professores, sem qualquer aumento salarial, e outras medidas que levarão à perda de centenas de postos de trabalho no ensino. E aumentou o custo do ensino universitário.

Os trabalhadores do setor cultural e os artistas em geral também verão os seus rendimentos e segurança diminuir drasticamente.

As medidas também envolvem novos ataques aos migrantes, tornando mais difícil o reagrupamento familiar.
 

Sem surpresa, os super-ricos permanecem praticamente intocados. Os líderes do governo anunciaram que iriam introduzir controlos mais rigorosos sobre a evasão fiscal. Tentaram alegar que isso faria com que os super-ricos contribuíssem para o financiamento do orçamento.

Em todas as redes sociais, os observadores sublinham o incrível desprezo que os líderes dos dois principais partidos, Georges-Louis Bouchez e Bart De Wever, demonstram pelos cidadãos em greve e por aqueles que ousam falar sobre a ameaça da extrema-direita.

A raiva tem vindo a crescer entre a população ao longo do último ano, especialmente em camadas que anteriormente não estavam particularmente envolvidas na política nem eram de esquerda.

Durante as greves, os cartazes mostraram a raiva das pessoas, com slogans como “A precariedade não é um projeto da sociedade”, “ Taxar os ricos”, “Não há democracia sem cultura”.

Os manifestantes apelaram à solidariedade não só entre os vários setores profissionais, mas também com os imigrantes. Outros denunciaram o desinvestimento na cultura enquanto se investe na guerra. É importante referir que também havia inúmeros cartazes a lembrar-nos do genocídio na Palestina e da cumplicidade do governo.

As ações ocorreram em grandes cidades fora de Bruxelas, como Liège, onde ministros do governo foram recebidos por cerca de 600 manifestantes furiosos.

O jornal diário Le Soir descreveu a greve como um enorme sucesso nas três regiões do país: Flandres, Bruxelas e Valónia. Os sindicatos falam da maior taxa de participação em mais de 40 anos.

O último dia da greve foi liderado por uma frente comum de todos os sindicatos belgas, que apelaram a mais greves se o governo não os ouvir. O plano para mais ações já está definido. E há uma batalha a longo prazo para garantir que este governo caia ou não seja reeleito em 2029.


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