Voltamos às ruas dia 13: é possível (e urgente) derrotar Bolsonaro!
Dia 13 de agosto vamos lutar em defesa da educação e das liberdades democráticas.
Após a aprovação da reforma da previdência e as barbaridades que parecem não ter limite, muitos ativistas se perguntam: será possível derrotar o presidente Bolsonaro e seu plano de destruição das conquistas sociais? Parece inacreditável o que estamos vivendo. Cada declaração choca pela brutalidade. Por um lado, o ódio desmedido; por outro, o despreparo flagrante. E as respostas, ora insuficientes e sem coordenação, geram dúvidas sobre o real estado ânimo da luta entre projetos no país.
A questão é que não existe uma saída mágica. Bolsonaro e seu plano não serão derrotados sem que exista a entrada em cena de um movimento pujante de massas para parar sua mão pesada. E o governo não irá parar na ofensiva que desenvolve contra o movimento de massas. Com as empresas públicas, a educação e o meio ambiente no centro de seus ataques, não há outra via que não a da organização da resistência. Dia 13 de agosto será um passo importante.
A última pesquisa de opinião apontou que cresce lentamente o repúdio ao governo – aumentou para cinco pontos a vantagem dos que avaliam como ruim/péssimo sobre os que creditam como ótimo/bom (38% a 33%). A cada declaração escatológica de Bolsonaro, a própria credibilidade do governo fica abalada. A resiliência demonstrada nos índices de apoio ainda demonstra que é preciso pavimentar um longo caminho para ganhar a maioria social para o programa da resistência. Os bancos e o agronegócio têm se demonstrado cúmplices da política econômica, secundarizando os ataques aos direitos democráticos, enquanto seus lucros crescem.
Não há outra aposta a ser feita senão a de coordenar a mais ampla unidade contra as restrições democráticas e se jogar com força nas lutas de rua, onde os estudantes encabeçam a vanguarda da resistência. As duas manifestações de maio apontaram esse caminho. Dia 13 de agosto está convocado o 3º grande ato em defesa da educação.
Nas ruas, é possível construir uma maioria social
A derrota da reforma da previdência, aprovada agora nos dois turnos necessários na Câmara dos Deputados, representou um retrocesso numa conjuntura que começava a desgastar Bolsonaro. Ainda que tenha tido um peso preponderante de Rodrigo Maia na articulação da aprovação, o fato de ser uma derrota para a classe traz consequências. Como já registramos em outros editoriais, os sindicatos não puderam oferecer uma mobilização potente, nem ganharam a maioria do povo para a luta contra a reforma, ao contrário do projeto anterior de Michel Temer. Munido dessa sensação de força, Bolsonaro acelerou seu programa de tentações autoritárias: atacou a OAB, a imprensa, dá sinal verde para o desmatamento completo da Amazônia, a impunidade dos garimpeiros e grandes latifundiários contra as comunidades originárias, além de nomear seu filho para a embaixada nos Estados Unidos.
Há um setor, contudo, que está sob ataque sem estar derrotado. O movimento estudantil, arrastando os setores da educação como um todo, segue na vanguarda contra o governo. O congresso da UNE marcou presença em Brasília, com uma nutrida franja do ativismo com a cabeça erguida para enfrentar os cortes. O governo, para variar, dobrou a aposta: apresentou com o provocador Weintraub um novo programa para privatizar as universidades e acabar com os parâmetros da autonomia, sob o irônico nome de “Future-se”.
O ataque às universidades segue gerando ampla reação. A indignação contra Bolsonaro está no ar para toda uma camada da população. A demissão do presidente do INPE, Ricardo Galvão, acirrou ainda mais os ânimos da comunidade científica. O dia 13 é uma data para marcar um pronunciamento massivo contra o projeto de Bolsonaro, Guedes e Weintraub. Não apenas a comunidade educativa sairá às ruas nessa data. Em Brasília, a marcha das mulheres indígenas encontrará com a tradicional Marcha das Margaridas, que reunirá dezenas de milhares de trabalhadoras rurais.
As burocracias sindicais cumpriram um papel regressivo ao não preparar as condições para lutar contra a reforma da previdência. Isso é reflexo do sua atividade rotineira, do descolamento que as direções têm das bases, além do debilitamento concreto da classe trabalhadora, acossada pela precarização, o desemprego e as dificuldades organizativas.
No entanto, Bolsonaro tem pouco a oferecer para recompor sua base social nas camadas populares. As medidas tomadas por Guedes, como a liberação do FGTS, são insuficientes perto do tamanho da demanda. Os projetos de reforma tributária devem castigar ainda mais as classes médias. As lutas e a disputa das ruas vão seguir.
Articular as diferentes lutas, construir o dia 13 e a agenda política da resistência
A chance de derrotar a sanha autoritária de Bolsonaro passa por articular as diferentes lutas. Bolsonaro acumula ataques inadmissíveis, como os feitos contra a memória de Fernando Santa Cruz, um dos mártires da luta contra a ditadura e pai do atual presidente da OAB, Felipe Santa Cruz; as ameaças à imprensa, como as feitas contra o jornal “Valor Econômico”; o elogio ao torturador Brilhante Ustra; as ameaças de censura ou fechamento da Ancine; a promessa de abertura de terras indígenas ao garimpo; a intervenção nos órgãos de controle ambiental e nas escolhas de reitores das universidades.
É preciso organizar uma unidade ampla em defesa das liberdades democráticas, como feito no recente ato da ABI em defesa de Glenn Greenwald, e jogar força nas manifestações de 13 de agosto, quando será possível, além de lutar em defesa da educação, dar um grito de basta aos ataques e desmandos de Bolsonaro.
Num momento em que o governo e a burguesia preparam novos ataques, como as mudanças tributárias para privilegiar banqueiros, patrões e bilionários, a força das ruas será fundamental para lutar por medidas como a taxação de grandes fortunas, heranças, lucros e dividendos que financiem os serviços públicos. Dia 13, vamos dar mais um passo, defendendo a educação e mostrando que é possível construir uma saída para o Brasil.