Carta de Lênin aos membros do Comitê Central há exatos 100 anos

No dia 24 de outubro de 1917 no calendário juliano (6 de novembro no calendário gregoriano), Lênin convocava os revolucionários a derrubar o governo provisório e tomar o poder.

Vladimir Lenin 6 nov 2017, 16:15

Reproduzimos a carta enviada por Vladimir Lênin aos membros do Comitê Central dos bolcheviques no fim da tarde do dia 24 de outubro de 1917 do calendário juliano (equivalente a 6 de novembro no calendário gregoriano). Algumas horas depois, começaria a insurreição dos bolcheviques, liderados por Lênin, contra o governo provisório.

Camaradas,

Escrevo estas linhas na noite do dia 24. A situação é extremamente crítica. Na verdade, é absolutamente claro agora que retardar a insurreição seria fatal.

Com todo o meu poder, insisto aos camaradas que percebam que agora tudo está por um fio; de que enfrentamos questões que já não se resolvem com conferências nem com congressos (mesmo congressos dos sovietes), mas exclusivamente pelos povos, pelas massas, pela luta do povo armado.

A investida burguesa dos kornilovistas e a destituição de Verkhóvski mostram que não se pode esperar. É necessário, custe o que custar, hoje à noite, hoje de madrugada, prender o governo, depois de ter desarmado os cadetes (depois de os vencer, se resistirem), etc.

Não podemos esperar! Podemos perder tudo!

O valor da tomada imediata do poder vai ser a defesa do povo (não do congresso, mas do povo, do exército e dos camponeses em primeiro lugar) contra o governo kornilovista, que despediu Verkhóvski e urdiu uma segunda conspiração kornilovista.

Quem deve tomar o poder?

Isto agora não é importante: que o tome o Comitê Militar Revolucionário “ou alguma outra instituição” que declare que só entregará o poder aos verdadeiros representantes dos interesses do povo, dos interesses do exército (proposta de paz imediata), dos interesses dos camponeses (deve-se tomar a terra imediatamente, abolir a propriedade privada), dos interesses dos famintos.

É necessário que todos os bairros, todos os regimentos, todas as forças sejam imediatamente mobilizados e que enviem sem demora delegações ao Comitê Militar Revolucionário, ao Comitê Central dos bolcheviques, exigindo insistentemente: não deixar em caso algum o poder nas mãos de Kérenski e cia. até 25, de modo nenhum; decidir a questão obrigatoriamente hoje à noite ou de madrugada.

A história não perdoará revolucionários por procrastinarem quando podem vencer hoje (e seguramente vencerão hoje), enquanto arriscam a perder muito amanhã, arriscam perder tudo.

Tomando o poder hoje não o tomaremos contra os sovietes, mas para eles.

A tomada do poder é a obra da insurreição; o seu objetivo político esclarece-se depois da tomada.

Seria ruína ou mera formalidade esperar a votação indecisa de 25 de outubro. O povo tem o direito e é obrigado a resolver tais questões não pelo voto, mas pela força; o povo tem o direito e é obrigado, nos momentos críticos da revolução, a dirigir os seus representantes, mesmo os seus melhores representantes, e não a esperar por eles.

Assim o demonstrou a história de todas as revoluções, e seria um crime imenso dos revolucionários perder o momento, sabendo que deles depende a salvação da revolução, a proposta da paz, a salvação de Petrogrado, a salvação da fome, a entrega da terra aos camponeses.

O governo vacila. É preciso acabar com ele custe o que custar.

Retardar a ação é fatal.


TV Movimento

Balanço e perspectivas da esquerda após as eleições de 2024

A Fundação Lauro Campos e Marielle Franco debate o balanço e as perspectivas da esquerda após as eleições municipais, com a presidente da FLCMF, Luciana Genro, o professor de Filosofia da USP, Vladimir Safatle, e o professor de Relações Internacionais da UFABC, Gilberto Maringoni

O Impasse Venezuelano

Debate realizado pela Revista Movimento sobre a situação política atual da Venezuela e os desafios enfrentados para a esquerda socialista, com o Luís Bonilla-Molina, militante da IV Internacional, e Pedro Eusse, dirigente do Partido Comunista da Venezuela

Emergência Climática e as lições do Rio Grande do Sul

Assista à nova aula do canal "Crítica Marxista", uma iniciativa de formação política da Fundação Lauro Campos e Marielle Franco, do PSOL, em parceria com a Revista Movimento, com Michael Löwy, sociólogo e um dos formuladores do conceito de "ecossocialismo", e Roberto Robaina, vereador de Porto Alegre e fundador do PSOL.
Editorial
Israel Dutra e Roberto Robaina | 12 nov 2024

A burguesia pressiona, o governo vacila. É hora de lutar!

Governo atrasa anúncio dos novos cortes enquanto cresce mobilização contra o ajuste fiscal e pelo fim da escala 6x1
A burguesia pressiona, o governo vacila. É hora de lutar!
Edição Mensal
Capa da última edição da Revista Movimento
Revista Movimento nº 54
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional
Ler mais

Podcast Em Movimento

Colunistas

Ver todos

Parlamentares do Movimento Esquerda Socialista (PSOL)

Ver todos

Podcast Em Movimento

Capa da última edição da Revista Movimento
Nova edição da Revista Movimento debate as Vértices da Política Internacional

Autores

Pedro Micussi