Um canto para Bolívar

Uma homenagem pelos 188 anos da morte do libertador.

Pablo Neruda 17 dez 2018, 20:43

Este canto foi lido por seu autor no Anfiteatro “Bolívar”, no ato celebrado pela Universidade Autônoma do México, na tarde de 17 de dezembro de 1941, CXI aniversário da morte do Libertador Simón Bolívar. O contexto era a Guerra Civil Espanhola, conflito em que Neruda se engajou ao lado dos republicanos contra o franquismo.

PAI nosso que estás na terra, na água, no

ar

o estanho bolívar tem um fulgor bolívar,

de toda a nossaextensa latitude silenciosa,

tudo leva teu nome,pai, em nossa

morada:

teu sobrenome a canalevanta à doçura

o pássaro bolívar sobre o vulcão bolívar,

a batata, o sal, as sombras especiais,

as correntes, as listras de fosfórica pedra,

tudo nosso vem de tua vida apagada:

tua herança foram rios, planícies,

torres:

tua herança é o pão nosso de cada dia,

pai.

Teu pequeno cadáver de capitão valente

estendeu na sua imensa forma metálica:

Logo saem dedos teus entre a neve

e o meridional pescador tira à luz

rapidamente 

teu sorriso, tua voz palpitando nas redes

De que cor é a rosa que junto a tua alma

levantamos?

Vermelha será a rosa que lembrará teu passo.

Como serão as mãos que tocam tuas cinzas?

Vermelhas serão as mãos que em tuas cinzas nascem.

E como é a semente do teu coração

morto?

É vermelha a semente do teu coração vivo.

Por isso é hoje a sentinela de mãos junto

a ti.

Junto a minha mão há outra e há outra

junto dela, 

e outra mais, até o fundo do continente

escuro.

E outra mão que tu não conhecestes então

vem também, Bolívar, a estreitar a

tua. 

De Teruel, de Madrid, de Jarama, de

Ebro. 

Do cárcere, do ar, dos mortos da

Espanha

chega esta mão vermelha que é filha da

tua.

Capitão, combatente, onde uma boca,

grita Liberdade, onde um ouvido escuta,

onde um soldado vermelho rompe uma frente

escura.

Onde o louro dos livres brota,

onde uma nova

bandeira se adorna com o sangue da nossa

insígnia aurora,

Bolívar, capitão, se avista teu rosto,

Outra vez entre a pólvora e fumaça tua espada

está nascendo.

Outra vez sua bandeira com sangue se

bordou.

Os malvados atacam sua semente de novo:

cravado em outra cruz está o filho do

homem.

Mas até a esperança nos conduz tua

sombra:

o louro e a luz do exército vermelho

através da noite da América com tua

olhada. 

Teus olhoes que vigiam além dos mares,

além dos povos oprimidos e feridos,

além das negras cidades incendiadas,

tua voz nasce de novo, tua mão outra vez nasce:

teu exército defende as bandeiras sagradas:

e um som terrível das dores precede

a aurora avermelha da pelo sangue do

homem.

Libertador, um mundo de paz nasceu em

teus braços. 

A paz, o pão, o trigo do teu sangue nasceram:

de nosso jovem sangue vindo do teu

sangue

surgirá paz, pão e trigo para o mundo

Que faremos.

Eu conheci Bolívar em uma manhã longa

em Madrid, na boca do Quinto Regimento

“Pai”, lhe disse, “és,ou não és ou quem

és?”

E olhando o Quartel da Montanha,

falou:

“Desperto a cada cem anos quando desperta

o povo”.


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