À greve climática: defender a Amazônia e o futuro
É hora de ampliar a pressão sobre o governo em defesa do meio ambiente na greve climática internacional de 20/09.
A semana mundial do clima (de 20 a 27 de setembro) está sendo convocada em todo o planeta. Milhões de ativistas, em sua ampla maioria jovens, vão pronunciar-se nas ruas contra a liquidação climática que está sendo promovida por governos e grandes corporações. O grito dessa juventude é um verdadeiro sinal de alerta sobre o futuro.
As altas temperaturas dos últimos dias, em São Paulo e no Rio de Janeiro, atentam para algo incomum nessa época do ano. Em Belo Horizonte, as manhãs tem sido cobertas por fumaça, numa manifestação de descontrole climático. O que se viu em Paris e na Europa com a onda de calor do último verão já começa a se notar por aqui. A questão climática é objeto de preocupação em todo o mundo.
Nosso país voltou a estampar as manchetes internacionais depois da crise motivada pelas queimadas criminosas que estão destruindo a Amazônia. A Assembleia Geral da ONU voltará a essa discussão. Bolsonaro coloca-se como inimigo do clima, da Amazônia e da ciência, e busca desmontar os mecanismos de prevenção e combate às queimadas.
A crise voltou à tona com novos focos de queimadas, agora num dos maiores patrimônios culturais e turísticos do norte brasileiro: Alter do Chão em Santarém. Bolsonaro segue atuando para manter a impunidade dos madeireiros e garimpeiros, que, junto com os latifundiários, são os verdadeiros responsáveis pelo desastre ambiental. Isso vai conferir centralidade política mundial para as manifestações do dia 20 aqui no Brasil.
Ao mesmo tempo em que seu governo estimula a destruição do meio ambiente, Bolsonaro liberou o uso de armas no campo. Na prática, isso é a legalização e o incentivo às milícias de extrema-direita que atuam no campo a serviço dos fazendeiros.
O relatório da ONG Human Rights Watch (HRW), divulgado na última terça 17/9, denominado “Máfias do Ipê”, demonstra que a impunidade e a redução da fiscalização produziram, em poucos meses (de janeiro a agosto), a duplicação do desmatamento, que alcançou a terrível marca de quase 650 mil campos de futebol! Houve 28 assassinatos políticos contra os líderes camponeses e ribeirinhos que lutam contra o desmatamento, desde 2015, nos estados do Maranhão e Pará. Por tudo isso, sobram motivos para ir às ruas no dia 20, atendendo ao chamado da greve mundial do clima.
“Não mude o clima, mude o sistema”
Vários movimentos internacionais, como a “Coalizão para o Clima”, as plataformas “Fridays for future” e “Extinction Rebelion” convocaram a semana de mobilização. Liderados pela jovem Greta Thumberg, ativista sueca que reuniu centenas de milhares de adolescentes na Europa, especialmente nos países nórdicos, os movimentos avançaram na construção de uma data comum e numa metodologia oriunda das tradições da classe trabalhadora: a de uma “greve política”, pautando o problema climático. Inspirados no sucesso que foi o último dia 8 de março, com a greve internacional de mulheres, chegou a vez dos jovens tomarem a cena para defender o planeta e o futuro.
O manifesto que serve como convocatória aponta a necessidade de não mudar o clima e sim o sistema capitalista, predatório e desigual, que nos leva ao colapso:
“Los recientes informes sobre el estado de la biodiversidad del IPBES y sobre el calentamiento global de 1,5º C del IPCC, que alertan de un rumbo que lleva al deterioro de un gran número de ecosistemas, tanto terrestres como marinos, así como a la extinción de 1 millón de especies que se encuentran gravemente amenazadas por la actividad humana. También se está al borde de un punto de no retorno frente al cambio climático”.
Esperam-se marchas multitudinárias pelo mundo, com fortes convocações já anunciadas e adesão de movimentos sociais, partidos e sindicatos. No Brasil, é fundamental fortalecer as mobilizações do dia 20 como uma resposta contundente a Bolsonaro e a sua política de estímulo à espoliação de terras e recursos naturais em benefício das mineradoras e do latifúndio. Como afirmou Heloise Rocha, presidente do PSOL em Santarém:
“É preciso que os criminosos responsáveis por esse grande crime ambiental sejam responsabilizados. Este crime está diretamente ligado aos ataques do governo Bolsonaro contra o meio ambiente, diminuindo os recursos do Fundo Amazônia, flexibilizando leis ambientais e incentivando as invasões de terras indígenas, quilombolas e das populações tradicionais da Amazônia. A APA de Alter do Chão é Terra Indígena do Povo Borari e os indígenas sofrem constantes pressões e ameaças por estarem na terra que lhes pertence, localizada em uma das regiões com maior violência e assassinatos políticos do Brasil.”
Tomar as ruas
A tarefa imediata é fortalecer as manifestações da próxima sexta-feira em todo o país, ampliando a pressão e o desgaste de um governo que será alvo de manifestantes de todo o mundo. Este é o momento de fortalecer a mobilização transnacional contra a barbárie do capitalismo global em crise e seus representantes autoritários como Bolsonaro e Trump.
Como no chamado internacional de Sâmia Bomfim e Fernanda Melchionna, reafirmamos:
“Ao ser omisso e conivente com o desmatamento da Amazônia o Governo Bolsonaro é responsável pelo aumento na emissão de gases do efeito estufa, privilegiando apenas o agronegócio, que por sua vez está preocupado com seus lucros e exportações, em detrimento da situação climática mundial ou mesmo da produção de alimentos e geração de empregos para o povo brasileiro”.
De nossa parte, com nossa militância e nossos parlamentares, ampliaremos a pressão sobre o governo em defesa do meio ambiente e estaremos nas ruas dia 20/9 somando nossa voz ao grito mundial: Não existe planeta B! Não mude o clima, mude o sistema!