O mundo não será mais o mesmo

Nosso papel tem que se concentrar no essencial: derrubar Bolsonaro.

Leandro Santos Dias 22 mar 2020, 17:33

O coronavírus avança sobre a Europa e deixa todos os governos atônitos, uma força devastadora que nem as reservas do Estado de Bem Estar social que sobraram são capazes de segurar esse inimigo de guerra que tem um exército poderosíssimo e efeito devastador.

Na Espanha já tem pavilhões inteiros sendo desmontados e sendo transformados em grandes enfermarias improvisadas, não há respiradores suficientes para segurar o aumento devastador da demanda em tão curto espaço.

A curva de crescimento na Espanha vem chamando a atenção da Europa pois apresenta projeção mais devastadora do que a Itália e tanto uma como outra o crescimento da média de mortos por dia já beira a casa dos milhares.

No Reino Unido o primeiro ministro Boris Johnson chegou a falar que não tomaria medidas e que o melhor era todo mundo pegar logo e ficar imune, mas mesmo assim encomendou um estudo e em menos de 48 horas foi a público pedir desculpas e anunciar medidas de isolamento social.

Esse modelo matemático sustentado pelo Imperial College de Londres apontou que se a estratégia de imunidade em grupo fosse mantida isso poderia custar 250 mil vidas de britânicos por conta do novo coronavírus, esse mesmo estudo aponta que se nada for feito no EUA a mortalidade de Americanos pode chegar entre 1 milhão a 1, 2 milhão de pessoas.

O primeiro ministro não viu alternativa a não ser anunciar medidas de restrição de aglomeração de pessoas e outras para evitar a propagação do vírus.

Já na França o governo de Macron toma medias drásticas, colocando o país inteiro em quarentena e o mais impressionante e que Emmanuel Macron virou um militante da saúde como bem público e que não pode ficar à mercê das leis do mercado, esse que antes era um modelo de gestão Neoliberal para a Europa e o mundo.

A chanceler da Alemã Angela Merkel deu o tom essa semana e disse que esse é o maior desafio desde a Segunda Guerra Mundial que seu país passa.

Após a crise do coronavírus virá uma crise econômica brutal e a recessão será o grande problema a atormentar as grandes potências, ainda é cedo mais os efeitos podem ser ainda mais devastadores que as duas Guerras Mundiais e o coronavírus, desemprego, fome, voltarão a rondar a Europa e o mundo, isso vai tornar conflitos por bens essências, como água, gás, petróleo, ainda mais decisivos e os conflitos regionais hoje em andamento poderão ser o barril de pólvora.

Brasil: Bolsonaro tem que cair

O mesmo modelo matemático aponta projeções catastróficas para o Brasil, a live de 20 de março do professor Atila Iamarino aponta o cenário de que no Brasil os números podem rondar de 500 mil a 2 milhões de mortes pelo no coronavírus, isso segundo o professor trabalhando com o parâmetro dos EUA que tem população próxima a nossa.

Mas essa projeção não leva em conta o poder devastador do coronavírus nas favelas do Brasil que são um possível barril de pólvora na propagação do vírus.

Isso significa que ter um governo que esteja antenado com os fatos como estão bem ou mal os da Europa, bem como até mesmo o governo Trump podemos estar falando em centenas de milhares de vidas de Brasileiros sendo salvas ou milhares de vidas sendo utilizadas como moeda de troca de Paulo Guedes e Bolsonaro ao mercado.

É preciso ter isso em conta as medidas e gestos do governo via Bolsonaro e Paulo Guedes vão no sentido de preservar a economia, postando o Brasil no cenário mundial como um possível player no que se refere a investimentos no pós crise do coronavírus, não atoa um grupo de juristas entrou com pedido de exame de sanidade mental de Bolsonaro e sua consequente interdição.

O que Bolsonaro e Guedes pregam em dissintonia do Ministro da Saúde não encontra precedente algum no mundo, como dito acima o Reino Unido que partiu para essa loucura no início após saber quantos poderiam morrer retrocedeu em menos de 48 horas.

O mundo todo toma medidas entre drásticas como quarentena ou como no caso de Wuhan que parou produção e vem sendo como modelo radical de isolamento social, após isso Wuhan viu os casos de coronavírus despencar.

Portanto Bolsonaro e Paulo Guedes podem ser considerados assassinos em massa, verdadeiros genocidas, ao colocar a vida dos Brasileiros em risco para salvaguardar a economia que no melhor cenário apresenta possibilidade de recessão de mais de 4%, um dado histórico de três décadas.

Pensando nesse cenário e como somos humanistas radicais e queremos todos e todas os nossos vivos e saudáveis um grupo de parlamentares (Sâmia, Fernanda e David Miranda), intelectuais, artistas, dirigentes da esquerda do PSOL, protocolaram pedido de impeachment de Bolsonaro.

A política de guerra aos pobres e agora guerra a saúde do nosso povo tem que ter um basta, como bem fala o professor Vladimir Safatle o Brasil não aguenta duas crises: coronavírus e Bolsonaro.

É muito egocentrismo para dizer o mínimo esperar uma solução pacífica até as eleições de 2022 a custas de muitas vidas e um passivo social, ambiental, econômico devastador que Bolsonaro já está deixando.

Em 1992 a esquerda unida caminhou junto a intelectuais, artistas, lideranças populares pelo Fora Collor o povo que na pressão derrotou a ditadura saiu às para dar um basta a um saqueador de poupanças e das esperanças do nosso povo, antes de debater o vice o que assume um papel patético de quem se apega demais as instituições, o movimento de massa deu as caras e derrotou não só Collor mas um modelo de política que nem mesmo o PSDB mais extremado tinha coragem de apresentar.

A derrubada de Collor teve um efeito social fortíssimo, os governantes que sucederam a Itamar, FHC94, FHC98, tinham receio de ir até um limite de uma política neoliberal e sabiam que essa agenda além de não dar voto poderia derrubar governos.

Claro que política não é aritmética e essa história de que vice assume e a direita continua em ascensão não quer dizer muita coisa, pois o que se viu nos anos 90, transformaram o Brasil num dos símbolos da desobediência civil, com greves que colocaram FHC na parede, o movimento dos trabalhadores Rurais viviam no jornal nacional ocupando latifúndios quando não ocupavam mesmo a fazenda de FHC, que saudade bate desse tempo, desse espírito de luta, dessa coragem que hoje falta a muitos.

O exemplo do impeachment de Collor aponta que esse argumento de que o que vem no lugar pode ser pior, mostra que isso não é bem assim, o que entra no lugar fica com essa espada na cabeça, não é como um passe de mágica, foi o movimento social que derrubou e isso é muito diferente das formulas que as burocracias reformistas vêm defendendo por aí esperando 2022.

O papel da esquerda revolucionária

Tempos difíceis vão chegar ao Brasil, as comparações com Guerras não são só no campo da quantificação dos mortos, a crise é grave, a fome vai rondar de forma devastadora as cidades e o campo.

Nunca o essencial foi tão importante, nossas ações individuais voluntaristas em tempos normais já são de pequeno alcance imagina com essa crise, não podemos assumir o papel do Estado. Ora a Europa não aguenta a bronca imagina nós com nossas parcas estruturas?

Nosso papel tem que se concentrar mais do que nunca no essencial, temos que derrubar Bolsonaro, não nos resta alternativa ele potencializa a crise do coronavírus.

É preciso encarar que somente medidas do Estado como isenção de aluguel, água, telefone, luz que podem fazer frente a essa crise ou ao menos minimizar e essas medidas só podem ser tomadas pelo Estado mediante nossa forte pressão.

Os panelaços são nossa arma principal no momento e nossa cabeça para traduzir ao povo o que nos aponta a ciência e a educação, claro que é sempre possível mais mas temos que ter em conta que qualquer encaminhamento precisa ter pessoas vivas para os cumprir.

A solidariedade de classe é nossa principal bandeira mas ela não pode ser confundida com voluntarismo estéril, nunca o global foi tão essencial em detrimento do micro, a classe vai entrar em desgaste com os governantes, isso é fato, se isso ocorreu por R$0.20 centavos em 2013, imagina quando a conta do coronavírus começar a bater as portas dos Brasileiros?

Temos que fundamentalmente que ter política e ter em mente que preservar a saúde é uma atitude no momento revolucionária, somente tendo essa premissa teremos condições de continuamos nossa luta em defesa da saúde coletiva do nosso povo e de medidas econômicas de urgência aos desassistidos e DERRUBAR BOSONARO!!!


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Pedro Micussi