A vacina e o impeachment são fundamentais para o Brasil
A vacina e o impeachment são duas questões fundamentais e urgentes para avançarmos no combate às forças genocidas que ainda ocupam o Palácio do Planalto.
Em “Os Sertões” — uma das mais importantes obras da literatura brasileira — Euclides da Cunha ao concluir sua nota preliminar a este trabalho que narra o massacre de Canudos, afirma que “Aquela campanha lembra um refluxo para o passado. E foi, na significação integral da palavra, um crime. Denunciemo-lo”. Podemos dizer sem exagero que no Brasil a República, se inaugurou com o genocídio de Canudos, e é fato digno de nota que hoje, em uma crise profunda da “Nova República”, presenciemos outra ofensiva genocida.
Em 2018, ouvíamos o então candidato a presidência Jair Bolsonaro dizer que “os ministérios seguiriam critérios técnicos e não ideológicos”, todos sabíamos se tratar de uma mentira deslavada, vinda de um mentiroso compulsivo e que encarnava a expressão ideológica do reacionarismo. Mas o que se concretizou foi muito além de um governo reacionário e mentiroso. Ganhou corpo um projeto criminoso e abertamente genocida que comete sucessivos crimes contra a humanidade, a exemplo do que vemos na pandemia.
As quase 200 mil vidas que perdermos até agora se somarão aos milhares que serão dizimados nos próximos meses pelo negacionismo e estratégia genocida. Bolsonaro atuou contra o auxílio emergencial, a prevenção, desenvolvimento e compra de vacinas, e sem uma grande reação da sociedade seguiremos vítimas de uma política premeditada, organizada e que usou da estrutura do Estado brasileiro e do cargo de presidente da república para se concretizar. Não estamos lidando com um adversário político regular, mas sim com um genocida.
Chamar Bolsonaro de genocida não é retórica política ou apenas um termo pejorativo. Não podemos banalizar conceitos de grande relevância, pois esta é uma definição que estabelece as responsabilidades que devemos assumir incansavelmente no combate ao genocida. Bolsonaro deve ser deposto da presidência pelo processo de impeachment e julgado por crimes contra a humanidade, além de todos outros crimes que está envolvido.
O impeachment não virá pelas negociatas palacianas de forças políticas com origens históricas escravocratas e antissociais, que desde muito gerenciam a barbárie e destroem os direitos das trabalhadoras e trabalhadores. Virá sim de um movimento que passa pelas ruas e pressão em todos os níveis necessários, que consiga romper com a blindagem do fisiologismo, cumplicidade e covardia de amplos setores do Congresso Nacional.
A vacina também é algo importante demais para que deixemos nas mãos das forças “da ordem” que a instrumentalizam num embate político eleitoral com Bolsonaro. A sociedade de forma organizada precisa intervir no processo e garantir o melhor e mais célere plano de vacinação, sob pena de seguirmos vítimas da estratégia genocida e do oportunismo eleitoreiro. O fato de estarmos em plena pandemia explica algumas dificuldades de mobilização e coesão, mas não todas. E é nosso dever construir as soluções políticas e organizativas para transformar em movimento a indignação que cresce dia a dia, frente ao massacre e agravamento da crise econômica, política, sanitária e social que vivemos. A vacina e o impeachment são duas questões fundamentais e urgentes para avançarmos no combate às forças genocidas que ainda ocupam o Palácio do Planalto.