Como o capitalismo chinês explora: sonhos e desconfiança em Foxconn City

Como o capitalismo chinês explora: sonhos e desconfiança em Foxconn City

Na China do Partido Comunista, não há sindicatos independentes e jornadas de trabalho chegam a doze horas em condições semelhantes à escravidão.

Jenny Chan 6 jul 2021, 15:19

Pela ocasião das celebrações dos 100 anos do Partido Comunista Chinês, efeméride que fez reavivar discursos e disputas em torno dos sentidos da estrutura social, política e econômica do país asiático, a Revista Movimento publica tradução inédita de entrevista com a socióloga Jenny Chan, especialista em relações de trabalho e sindicalismo chinês. A partir de pesquisa empírica realizada na Foxconn, gigante do setor eletrônico, Chan explicita as condições de trabalho em um país onde não há sindicatos independentes e as jornadas de trabalho chegam a doze horas. Leia abaixo a entrevista conduzida por Mark Levinson.

A ascensão da China como uma potência econômica e política dominante é um fato central de nossa época. Esse aumento de força está baseado, em parte, em uma repressão implacável do trabalho. Essa evolução se insere em um período de globalização, cujo modelo é incarnado pela Organização Mundial do Comércio (OMC), que protege os direitos de propriedade, faz respeitar os contratos e garante os investimento, mas permanece muda sobre os direitos dos trabalhadores.

Jenny Chan, professora adjunta de sociologia da Universidade Politécnica de Hong Kong realizou um trabalho pioneiro sobre a emergência de uma nova classe operária na China. Trata-se de uma classe operária composta de jovens trabalhadores migrantes vindos do campo. Eles trabalham longas horas em empregos mal remunerados e vivem em condições terríveis. O livro que Jenny Chan escreveu recentemente com Mark Selden e Pun Ngai se intitula Dying for na iPhone: Apple, Foxconn and the Lives of China’s Workers (Haymarket Books et Pluto Press, 2020) [Morrendo por um iPhone, Apple, Foxconn e as vidas dos trabalhadores chineses, sem tradução no Brasil]. Eu a entrevistei em janeiro. A entrevista foi editada por razões de tamanho e claridade.

Mark Levinson: Apesar da repressão, há uma longa história de política sindical na China. A senhora poderia começar nos dando uma breve história das tentativas dos trabalhadores e trabalhadoras em melhorar sua vida ao longo dos últimos anos?

Jenny Chan: Durante um século, a China moderna viu lutas para saber quem controlava os frutos do trabalho industrial e agrícola. No começo, era uma luta com o Estado; hoje, é uma luta com um regime misto ou hibrido que compreende o Estado e o capital privado.

O descontentamento e a resistência são amplamente respondidos pelos os trabalhadores. Por que? Porque eles trabalham doze horas por dia, e porque essas longas horas de trabalho não os asseguram um salário decente. Essa nova classe trabalhadora é enorme: 300 milhões de trabalhadores migrantes deixaram o campo, a maior parte dentre eles eram jovems que tinham grandes esperanças de ter uma vida melhor nas cidades. Eles não querem ser agricultores como seus pais. Eles querem aproveitar do acesso aos bens de consumo e da tecnologia urbana. Mas eles acabam vivendo em dormitórios fabris, ou em outras residências de baixo custo onde é difícil para eles poder imaginar fundar uma família ou se estabilizar em uma cidade. As pesquisas mostram que a rotação de pessoal nas indústrias de eletrônicos é alta. Contudo, as direções se preocupam antes de tudo com a produtividade da fabricação e a qualidade dos produtos. E o bem-estar dos trabalhadores?

As lutas sindicais cresceram depois da adesão da China na OMC em 2001?

Sim. Na medida em que a China começou se integrar mais na produção transnacional e no comércio mundial, as províncias começaram a mobilizar ainda mais trabalhadores rurais para responder, nas cidades, à demanda massiva de serviços, de construção e de trabalho industrial. Ao longo das duas últimas décadas, assistiu-se a uma forte mobilidade de capitais e de mão de obra. Os investimentos diretos asiáticos, estadunidenses e europeus reformataram o modelo de crescimento da China e o estendeu, atraindo mais trabalhadores para o mercado.

Falemos do seu livro, Dying for an Iphone, que eu achei uma história incrível da vida e das condições de trabalho dos jovens trabalhadores da Foxconn, uma empresa que fabrica os produtos para a Apple. Em primeiro lugar, o que a levou a estudar os trabalhadores da Foxconn?

A Foxconn é a maior fabricante de eletrônicos sob contrato do mundo. Num dado momento, a Foxconn empregava ao total 1,3 milhões de pessoas, sendo a sua maioria nas quarenta plantas da China. Mas sua sede social se encontra em Taipé (Taiwan). Essa firma possui também grandes usinas no Vietnã, na Índia e na República Tcheca. A Foxconn afirmou que ela previa abrir uma grande fábrica de telas LCD em Wisconsin [um projeto inicialmente estimado em 10 bilhões de dólares de investimento], mas não está certo que isso se realize [os prédios seguem vazios em março de 2021]. A China permanece sendo a principal fonte de rentabilidade da Foxconn. Ao longo dos últimos dez anos, a Foxconn se instalou no centro e no sudeste da China, formando assim o principal polo industrial que permite à China se conectar ao Oriente Médio e à Europa no âmbito da “nova rota da seda”.

Todas as contradições da economia mundial são visíveis na Foxconn, onde se fabrica produtos da Apple, a empresa emblemática de nossa época. No contexto de um regime comercial neoliberal, estruturado pelos governos estadunidense e chinês, essa empresa desenvolveu um sistema de produção brutalmente explorador. Enquanto o mundo se maravilha diante do último gadget da Apple, nós pensamos que seria útil se direcionar sobre os trabalhadores e trabalhadoras que fabricam o produto.

O fato é que uma vez que os direitos dos trabalhadores são suprimidos em uma gigante mundial como Foxconn, é difícil para os trabalhadores dos Estados Unidos, do México, do Brasil e do Vietnã melhorarem seus salários e suas condições de trabalho. As lutas dos trabalhadores e trabalhadoras no mundo inteiro são mais ligadas do que muita gente pensa.

O que você descobriu na Foxconn?

Foi chocante. Em 2010, dezoito jovens trabalhadores migrantes tentaram se suicidar, um depois do outro. Quatro sobreviveram com ferimentos inviabilizadores. Uma das sobreviventes tinha dezessete anos e trabalhava para a Foxconn há um mês. Em razão de um erro de escrita, ela não recebeu seu salário. Ninguém estava lá por ela. Não se esqueça de jovens migrantes que estão longe de suas casas pela primeira vez. Esses trabalhadores e trabalhadoras, na flor da idade, chegam na Foxconn cheios de esperança. Eles desembarcam em uma empresa que figura no ranking Fortune Global 500. Todo mundo se imagina em um ambiente high-tech climatizado, mas eles percebem que é muito diferente. Eles montam iPhones na linha de produção durante doze horas.

As equipes, de dia como de noite, são muito longas em razão do volume elevado e dos atrasos de execução rápida de seus produtos. É inconcebível que um consumidor deva esperar um mês por um novo modelo do iPhone! Na oficina, os engenheiros industriais medem o rendimento, assim como os gestores “científicos” tayloristas. Os trabalhadores e trabalhadoras, os humanos, veem seus corpos e seus espíritos subsumidos pela máquina capitalista. Eles se sentem terrivelmente desesperados.

Os atrasos de execução são cada vez mais curtos, já que tempo é dinheiro. Nossos caros iPhone são concebidos para se tornarem rapidamente obsoletos. Nas fábricas, não há muita esperança para os operários e operárias de montagem para subir a escada, obter uma promoção E muitos dos empregados da Foxconn são estudantes estagiários de escolas profissionais que são igualmente muito exploradores.

O que aconteceu em resposta aos suicídios? No seu livro, há uma foto de redes instaladas no exterior dos dormitórios para “recolher” as pessoas que tentam se suicidar. Essa foi a única resposta da Apple e da Foxconn?

Essas “redes anti-suicidio” ou “redes de segurança” sempre existiram em muitas fábricas da Foxconn. Isso nos indica que os problemas, a pressão e o desespero sempre estiveram lá. Se houve mudanças ao longo dos últimos dez anos, elas foram mínimas. A partir do que nós soubemos, a Apple tentou reforçar o sistema de audição enviando mais pessoas ás fábricas e dormitórios para conduzir entrevistas com trabalhadores e trabalhadoras. Mas se trata simplesmente de uma medida de autoproteção. Fundamentalmente, a Apple e outras empresas tecnológicas são muito dependentes da Foxconn e de todos seus fornecedores, assim como de outros fabricantes da rede de produção mundial. A externalização da mão de obra busca deslocar os riscos [acidentes] maximizando os lucros.

Se os trabalhadores da Foxconn, inclusive os estudantes em estágio, pudessem organizar sua expressão coletiva no interior de um sindicato, eu acho que as coisas seriam muito diferentes, porque os trabalhadores teriam o poder de exigir o que é realmente importante para eles.

Diga mais sobre a forma como a Foxconn utiliza seus estagiários.

Em primeiro lugar, a escala é enorme. Nós falamos de centenas de milhares de estudantes para quem trabalhar para a Foxconn faz parte de sua formação escolar. Os governos locais impões uma cota de estudantes em resposta direta aos projetos da empresa: as escolas profissionais sob a jurisdição precisam fornecer o número de estagiários que a Foxconn e outras empresas necessitam.

Esses estágios constituem uma fonte massiva de mão de obra para a Foxconn. Ao longo do verão de 2010, a Foxconn contava com 150 mil estagiários, de dezesseis, dezessete e dezoito anos. Esses jovens são menos pagos que os outros trabalhadores para efetuar o mesmo trabalhão na linha de produção. Segundo a leis chinesa, eles são classificados como estudantes; eles não são reconhecidos como empregados. A distinção jurídica é muito importante. O objetivo da Foxconn é obter uma mão de obra flexível e a curto prazo da qual é possível se livrar facilmente. Em razão de seus estatutos de estudantes, eles não têm direito a nenhuma proteção social, inclusive os cuidados de saúde e pensões de aposentadoria. Se eles se machucam, ninguém é responsável por eles.

É importante notar que o futuro do que nós chamamos de “estudantes trabalhadores” é muito incerto. Eles estão na via profissional e, em razão da concorrência sobre o mercado da educação, eles não desejam as faculdades de classe mundial ou as universidades orientadas para a pesquisa acadêmica. Esses estagiários esperam adquirir competências profissionais úteis e uma vantagem concorrencial sobre o mercado de trabalho. Mas eles se encontram todos nas linhas de montagem durante sues estágios, estágios que são muitas vezes prolongados para responder às necessidades da produção. Se eles não trabalham duro, eles não se formarão a tempo. Nesse sentido, o trabalho dos estudantes é um trabalho forçado, uma forma moderna de escravidão.

Quanto tempo os trabalhadores podem suportar o ritmo, a intensidade e a pressão da Foxconn?

Isso varia. Os operários e os estagiários são criativos. Eles adotam diferentes táticas de resistência. Às vezes, eles simplesmente fingem estar doentes e jogam vídeo game no dormitório. Mas certamente, eles são descobertos após um ou dois dias; eles são então reconduzidos à linha de montagem. Outras vezes, eles fabricam deliberadamente produtos defeituosos, o que desacelera o ritmo da produção.

A Apple tenta cultivar a imagem de uma empresa progressista. Qual é a cumplicidade da Apple na situação da China?

A coisa mais “progressista” na Apple é seu trabalho de relações públicas. Ela é muito capaz de criar uma imagem que dissimula a realidade de sua linha de fornecedores. Em 2017, o CEO da Apple, Tim Cook, declarou em seu discurso de formatura do MIT que: “A missão da Apple é servir a humanidade. É tão simples quanto isso: servir a humanidade”. E no relatório sobre a responsabilidade dos fornecedores da Apple, pode-se ler: “Há uma boa forma de fabricar os produtos. Isso começa pelos direito das pessoas que as fabrica”. Nosso livro é uma exposição de muitas páginas sobre a dimensão mentirosa dessa declaração. A verdade é que a Apple cria condições de trabalho horríveis colocando os fornecedores uns contra os outros. A Apple coloca a Foxconn sob pressão, e a Foxconn coloca os trabalhadores sob pressão.

Em 2010, no momento da onda de suicídio de trabalhadores, a Foxconn era a montadora final exclusiva do iPhone e uma das principais subcontratantes de       uma ampla gama de produtos eletrônicos para a Dell, HP e outras marcas mundiais. Nós aprendemos que cerca de 60% do preço de mercado do iPhone 4 ia para os bolsos da Apple. Os operários da fabricante chinesa, por sua vez, recebiam apenas 1,8% da margem bruta. Isso nos diz quase tudo sobre o que devemos saber sobre a repartição desigual dos “frutos” do trabalho no mundo.

A senhora mencionou que os trabalhadores e trabalhadoras da Foxconn precisam de um sindicato. A China possui, no papel, o maior sindicato do mundo, a All-China Federation of Trade Unions (ACFTU). Mas não se trata de um sindicato independente: ele é controlado pelo Estado e pelas empresas. Como os trabalhadores veem a ACFTU?

O presidente do sindicato da Foxconn é o assistente especial do CEO da Foxconn, Terry Gou! Como os trabalhadores podem ter confiança no sindicado da empresa? Os trabalhadores querem recuperar os direitos sindicais organizando eleições abertas e democráticas.

No seu livro, a senhora escreve que a ACFTU impede de fato o desenvolvimento de sindicatos independentes

É verdade. A ACFTU é um aparelho do Estado. Ela serve aos objetivos políticos e econômicos do Estado. Ela não é responsável em relação aos seus membros. No melhor dos casos, os responsáveis sindicais locais servem de moderadores dos conflitos entre a direção e os trabalhadores em tempos de crise de modo a reestabelecer a ordem e a estabilidade social deixando intacta a estrutura autoritária da governança.

Como os trabalhadores e trabalhadoras da Foxconn protestam ou exprimem seu descontentamento?

Na maior parte do tempo, os trabalhadores contornam os sindicatos e se organizam de maneira independente. Na medida em que a data limite de produção se aproxima, eles paralisam as linhas de montagem. Eles interrompem o fluxo de produção. É crucial. A Foxconn é a maior produtora eletrônica do mundo. Ela dispõem de um sistema de produção estreitamente integrado, então na medida em que uma planta não funciona, os componentes chave não serão fornecidos a uma outra parte da cadeia de montagem.

Os trabalhadores obtêm, por vezes, o apoio de estudantes universitários ou de grupos de defesa dos direitos dos trabalhadores a nível comunitário. Mas esses grupos são muito vulneráveis em face da repressão do Estado. Nós assistimos a ondas de depressão governamental, indo da proibição de organizações de apoio aos trabalhadores à detenção de militantes operários e à prisão de manifestantes.

Os resultados da agitação operária são mitigados. De um lado, as autoridades reforçaram a vigilância. De outra, elas aumentaram os salários e as vantagens sociais para estimular as despesas no mercado interior.

Ao longo de nosso trabalho de campo, nós discutimos com trabalhadores e trabalhadoras não apenas sobre a estratégia a ser adotada para exigir salários mais elevados ou melhores vantagens sociais – ainda que isso seja muito importante – mas também sobre suas reivindicações políticas. Eles têm necessidade de um apoio exterior mais importante para mudar os sistemas sociais, econômicos e jurídicos, não apenas para reforçar seus direitos em matéria de emprego, mas também para melhorar as condições de educação, de moradia e de saúde para que a vida melhore ao longo do tempo.

Considerando as recentes medidas de repressão contra as alianças de estudantes e trabalhadores, o que podem fazer os defensores dos direitos do trabalho na China e no exterior?

Nós devemos simplesmente ser mais prudentes. Nós devemos compreender que os custos de uma organização e de uma campanha em grande escala podem ser muito elevados. Os dirigentes do núcleo duro foram humilhados e forçados a admitir que eles tinham enfrentado a lei causando problemas à ordem pública e colocando em perigo a segurança nacional. Apesar disso, o ponto positivo na China é que os estudantes universitários de esquerda, os militantes sindicais e as organizações comunitárias nunca foram completamente destruídos. Os “grupos de estudos” on-line e off-line continuam. As pesquisas sociais sobre o impacto da Covid-19 sobre os trabalhadores da indústria e de serviços estão sendo desenvolvidas também. Isso suscita esperança.

Existe um espaço para a organização de base e a solidariedade internacional, assim como para a responsabilidade das empresas e as campanhas de consumidores a nível internacional. As sociedades transnacionais localizam normalmente sua produção nos países pobres ou “em desenvolvimento”.  Seus trabalhadores não ganham um salários decente, eles morrem ou se machucam inutilmente, trabalham longas horas e sacrificam sua vida de família, enquanto que os benefícios vão para as empresas. Os militantes do mundo inteiro devem insistir para que as regras do comércio mundial protejam os direitos dos trabalhadores e os consumidores precisam entender que as empresas são responsáveis pelas condições da quais seus produtos são fabricados.

O seu livro contêm poemas muito emocionantes escritos pelos operários

A sua arte é uma forma de ativismo cultural. Os trabalhadores vão para os espaços digitais para fazer circular seus poemas, suas canções e seus vídeos. Seus poemas são comoventes

Há alguns poemas muito potentes de Xu Lizhi, de 24 anos de idade. Ele fracassou em suas múltiplas tentativas para encontrar um outro emprego que o permitiria sair da linha de montagem da Foxconn.

Veja um de seus poemas, A Screw Fell to the Grond.

Um parafuso cai no chão
Nesta noite negra de horas suplementares
Mergulhando verticalmente, colidindo levemente
Ele não atrairá a atenção de ninguém
Assim como da última vez
Por uma noite como esta
Quando alguém se joga sobre o chão

Nove meses após ter escrito este poema, Xu Lizhi colocou fim aos seus dias.

O desespero total de tantos trabalhadores que nós encontramos na Foxconn é perfeitamente exprimido pelo post no blog de um trabalhador anônimo.

Morrer é a única forma de testemunhar que nós vivemos
Pode ser que para os empregados da Foxconn e os empregados como nós,
a utilidade da morte seja de testemunhar o que nós tenhamos sido em vida
e que enquanto vivíamos, nós não tínhamos esperança.

Depois disso, eu não tenho certeza que haja qualquer coisa a adicionar. Uma última reflexão?

Eu espero que as pessoas leiam nosso livro. Não somente para entender a Apple e a Foxconn, mas para transformá-las, para ser solidário aos trabalhadores e trabalhadoras na China e no mundo.

Artigo originalmente publicado em Europe Solidaire Sans Frontières. Tradução de Pedro Micussi.


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