Novas revelações e aumento da pressão sobre Bolsonaro: aonde vamos?

Novas revelações e aumento da pressão sobre Bolsonaro: aonde vamos?

A inflexão na situação política abre espaço para massificar a luta pelo “Fora, Bolsonaro”. A esquerda socialista precisa de uma estratégia de luta para ampliar as mobilizações, aumentar as fissuras na classe dominante e conquistar a derrubada e a prisão de Bolsonaro.

Israel Dutra e Thiago Aguiar 7 jul 2021, 21:35

A conjuntura política brasileira está em transição. A CPI da Covid-19 no Senado trouxe novas revelações, ampliadas por investigações da imprensa. A divisão na burguesia fica mais clara e há um setor que começa a definir-se pelo impeachment. As manifestações de rua, por sua vez, começaram a dar vazão à ampla indignação popular contra o genocídio e as denúncias de corrupção na condução bolsonarista da pandemia.

Foi isso que ocorreu, de forma vitoriosa, no último dia 3 de julho, com centenas de milhares saindo às ruas, em manifestações do mesmo porte ou maiores que as anteriores. O destaque ficou para Porto Alegre, com mais de 50 mil pessoas, na maior passeata desde junho de 2013 na cidade.

Ainda há uma situação defensiva. Apesar da queda do governo não ser o provável neste momento, a transição em que estamos tem esta dinâmica como possibilidade crescente, e não está descartado que o improvável torne-se rapidamente inevitável. A marca da situação indica justamente as alterações bruscas. E mudanças em direção à debilidade e à própria queda do governo. E, se isso não ocorre, as mudanças bruscas podem ir em sentido contrário e Bolsonaro ganhar fôlego. Por isso, é tão importante lutar para derrubá-lo, não deixá-los respirar e não esperar o calendário eleitoral.

Divisão na burguesia e novas denúncias acossam Bolsonaro, que deve precipitar sua estratégia golpista

A CPI da Covid-19 apresentou novos fatos devastadores: as revelações de corrupção na compra da vacina Covaxin levaram o escândalo para o colo de Bolsonaro, que teria recebido as denúncias e confirmado, segundo os irmãos Miranda, que seria uma operação de seu líder na Câmara, Ricardo Barros (PP-RJ). Hoje (7), em plena CPI, o ex-diretor do Ministério da Saúde, Roberto Dias, foi preso por ter mentido em seu depoimento.

Não por acaso, as últimas pesquisas de opinião pública mostram uma queda acentuada da popularidade do governo. Para piorar, o portal UOL revelou novos áudios da investigação das “rachadinhas” nos gabinetes parlamentares da família Bolsonaro.

O novo pedido de impeachment, que unificou um vasto espectro político, confirma a divisão da burguesia e a disposição de uma parcela da classe dominante de enfrentar mais decididamente Bolsonaro. A linha editorial da Globo tem expressado mais claramente essa inflexão, já vista em setores da direita liberal como o PSDB e o MBL – que anunciou que vai organizar atos próprios pelo impeachment.

Diante da escalada da crise, Bolsonaro sinaliza sua disposição de precipitar a estratégia golpista, afirmando quase diariamente que não aceitará um impeachment ou os resultados da eleição de 2022. Ao mesmo tempo, agita para sua base a proposta de voto impresso e anuncia projetos que visam a fidelizar o apoio de policiais militares. Bolsonaro radicaliza o discurso para consolidar sua base, enquanto a direita liberal tenta, com muitas dificuldades, construir uma candidatura.

Aonde vamos? É preciso defender, nas ruas, a derrubada e a prisão de Bolsonaro

A inflexão na situação política abre espaço para massificar a luta pelo “Fora, Bolsonaro”. A esquerda socialista precisa de uma estratégia de luta para ampliar as mobilizações, aumentar as fissuras na classe dominante e conquistar a derrubada de Bolsonaro. Cálculos eleitorais que buscam “sangrar” eleitoralmente Bolsonaro terminam contribuindo para o objetivo do genocida: chegar à eleição, fidelizar e radicalizar sua base à direita para criar as condições para o golpismo.

É possível um salto de qualidade, trazendo às ruas amplas parcelas do campo e da cidade. Isso quer dizer unir as lutas da FNL por terra e moradia; dos trabalhadores dos Correios contra a privatização; dos povos indígenas contra o marco temporal; do funcionalismo contra a reforma administrativa. Precisamos transformar as lutas de centenas de milhares numa ação que chegue à marca dos milhões. A luta nas ruas precisa seguir. Por isso, chamamos à construção dos atos de 13 de julho, impulsionando a mobilização das últimas semanas. O exemplo de Belo Horizonte, onde se conquistou um ato unificado de todo o setor da educação, indica o caminho. A UNE também está convocando. Agora, precisamos concretizar essa batalha. Isso vai reforçar a convocação para a manifestação do dia 24 de julho. Ao mesmo tempo, é fundamental apresentar uma alternativa política para a classe trabalhadora e as massas populares no Brasil com um PSOL independente e anticapitalista. É hora de lutar para derrubar este governo genocida e para prender o criminoso Bolsonaro!


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