Rodoviários têm mais um dia de luta em defesa de seus empregos e da CARRIS pública em Porto Alegre
O prefeito Sebastião Melo (MDB) e sua base aliada intensificaram os ataques aos trabalhadores e ao transporte coletivo nas últimas duas semanas. Rodoviários resistem com apoio de outras categorias e movimento estudantil.
Porto Alegre amanheceu novamente com um forte protesto dos rodoviários em frente à garagem da Carris. A greve de hoje é resultado de meses de ataques aos rodoviários e à Carris, em forma de pacotes de projetos de lei do prefeito Sebastião Melo (MDB) e da narrativa liberal construída também pela prefeitura e sua base aliada de vereadores. Para os governantes, os rodoviários cobradores são desnecessários para o funcionamento do transporte coletivo, e a empresa pública responsável por cerca de 20% das linhas de ônibus do transporte coletivo deve ser privatizada.
Na noite de quarta-feira (1º), a maioria dos vereadores da capital aprovou a extinção gradual da função de Cobrador(a), o que aponta a demissão de mais de 3 mil rodoviários nos próximos anos. No dia seguinte, os trabalhadores organizaram – com nenhum apoio de seu sindicato – uma grande ação que parou 35% da frota de ônibus da empresa. Para construir a resistência à sanção do projeto de lei, realizaram três assembleias da categoria, onde definiram por unanimidade a greve por tempo indeterminado nesta sexta-feira (3).
Na tentativa de enfraquecer a greve, a prefeitura e as demais empresas privadas de transporte coletivo da capital destacaram veículos extra para suprir a falta de ônibus e trabalhadores da Carris. Para a imprensa, o prefeito também ameaça cortar o ponto dos rodoviários em greve. No entanto, o movimento grevista segue, e há pouco protestou em caminhada nas ruas próximas à garagem no bairro Partenon, na zona leste da cidade, com apoio de metroviários do Sindimetrô-RS, municipários do SIMPA, trabalhadores da saúde que coordenam o Sindisaúde-RS e a ASERGHC, e do movimento estudantil, com a juventude do DCE da UFRGS e do coletivo Juntos!. Mais uma vez, os rodoviários mostram o quão essencial é o serviço prestado à população.
Nas próximas horas, os trabalhadores devem se organizar para seguir lutando pela imposição do veto do prefeito ao PL que extingue os cobradores, e enfrentar novamente a Câmara de Vereadores e a imprensa local no debate sobre a privatização da empresa. Demitir milhares de trabalhadores em meio a uma das maiores crises de desemprego do país e sucatear ainda mais o transporte coletivo não é a solução para a economia da cidade e nem para a mobilidade urbana.