Um passo à frente pela unidade partidária e pela candidatura própria
Sobre a retirada de Mariana Conti como pré-candidata ao governo de São Paulo
A minha pré-candidatura a governadora foi muito bem recebida nas bases do partido e teve o apoio de várias correntes, setoriais e diretórios municipais. Porém, por escolha da direção majoritária do Partido a decisão sobre a candidatura majoritária segue em aberto, e tem no Campo Semente (Resistência, Insurgência e Subverta) o voto que pode definir qual dos pólos internos do partido vencerá esse debate.
Entendo que o PSOL não deveria ficar em compasso de espera, aguardando as negociações entre PT, PSB, Solidariedade e PSD. Afinal, o PSOL não pode se apequenar e se reduzir a uma simples barganha por nomes na chapa Haddad. Por isso, depois de muitas conversas e consultas, tomamos coletivamente a decisão de retirar meu nome como pré-candidata a governadora pelo partido. Tal gesto concretiza uma busca pela unidade interna e para contribuir com o acelerar da decisão de candidatura própria. Abro mão dessa tarefa na perspectiva de buscar um nome consenso e/ou majoritário que possa representar o PSOL nas eleições do estado.
Sou militante do partido há anos, e seguirei à disposição dele como figura pública, contribuindo sempre na tarefa de afirmação do PSOL independente e anticapitalista que atua para ocupar e vocalizar as lutas dos movimentos sociais também nos espaços institucionais. As eleições estão batendo à porta. A necessidade de derrotar o genocida da República é um imperativo e a tarefa primordial desse pleito, justamente porque sabemos o desprezo de Bolsonaro pela democracia e sua predileção ao neofascismo autoritário.
Assim, para derrotar Bolsonaro, vamos fazer campanha para eleger Lula presidente. Mas é necessário dizer que isso não significa a adesão ao programa representado pela chapa Lula-Alckmin. Existem diferenças de programa e de estratégia no interior dessa composição, e se Lula vencer as eleições – permanece a urgência histórica de derrotar o bolsonarismo, a extrema-direita radicalizada e a sanha neoliberal anti-povo da elite econômica brasileira.
É neste cenário que as candidaturas majoritárias estaduais também vão ganhando contornos definitivos. São Paulo, o estado brasileiro que mais concentra poder, capital e população, é central nesse jogo de forças. Há quase três décadas governado pelo tucanato, o Estado de São Paulo tem sido o laboratório da política neoliberal brasileira. Diante da crise aguda pela qual atravessa o PSDB vemos o esforço hercúleo da direção petista em atrair França e os seus aliados para dentro da candidatura Haddad.
Esse é o motivo pelo qual, diante da desistência de Boulos que apresentei meu nome ao PSOL como pré-candidata a governadora e agora o retiro, com o intuito de contribuir para que se encontre um nome de consenso. Temos excelentes quadros, capazes de representar as ideias do PSOL, e um programa radicalmente diferente do tucanistão, inclusive para derrotar o bolsonarismo de Tarcísio, que de forma canalha e hipócrita tenta se apresentar como a mudança no Estado de São Paulo. Estou confiante de que o PSOL estará a altura dos desafios para fazer o bom debate no cenário eleitoral paulista.