Vivi Reis remeterá relatório sobre caso Bruno e Dom à equipe de transição de Lula
Relatora de comissão externa que acompanhou investigações sobre o crime, parlamentar do PSOL detalha em documento os resultados do desmonte promovido por Jair Bolsonaro
A deputada Vivi Reis (PSOL-PA), relatora da comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha as investigações dos assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips, remeterá à equipe de transição de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) seu relatório final sobre o caso. O documento será lido em plenário nesta quarta-feira (30), mas a intenção é de que seu conteúdo sirva para inspirar ações, especialmente ao grupo de trabalho dedicado às causas dos povos originários.
“Nós já temos aí cinco meses do assassinato do Bruno e do Dom, e permanece o clima de insegurança. Na prática, todo mundo sabe que existem pessoas com risco de vida, mas nada é feito”, disse a parlamentar à coluna de Mônica Bergamo, na Folha de S. Paulo.
Vivi antecipa que o relatório contém denúncias sobre a atuação da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do governo federal sob Jair Bolsonaro (PL), que realizou um desmonte de órgãos fiscalizadores para a exploração ilegal de recursos naturais. Isso, segundo a deputada, permitiu a expansão do tráfico de drogas na região do Vale do Javari, onde recrudesceu a perseguição a lideranças indígenas e aos poucos agentes públicos que defendem a Amazônia e seus povos..
“A ausência do Estado no Vale do Javari nos preocupa. É praticamente uma política do governo federal transformar esses territórios em terra sem lei. Os servidores que atuam na região estão em risco permanente, assim como as lideranças indígenas”, diz. “Muitos deles estão sob ameaças. Isso muito nos choca porque são pessoas que não podem nem comprar um pão na esquina, não podem circular de forma livre, fazer atividades do trabalho e do dia a dia sem ter medo de ser alvo de assassinatos”, conta.
Trabalhos
Nos últimos cinco meses, integrantes da comissão externa realizaram audiências abertas, reuniões e encontros com familiares de Bruno e Dom, além de uma diligência no Vale do Javari, local do assassinato. As atividades subsidiaram a elaboração de recomendações às autoridades, como a criação de uma CPI pela próxima legislatura da Casa, e uma notícia-crime ao Ministério Público Federal contra o presidente da Funai, Marcelo Xavier, e outros gestores do órgão.
“É importante que se aprofundem as investigações e que nós possamos honrar a memória do Bruno e Dom. A todo momento, amigos, familiares e colegas escutavam falas de criminalização de seu trabalho, e isso é um verdadeiro absurdo”, diz ainda. “Não podemos deixar que a memória deles seja desonrada.”