PERU: 19 de Janeiro – Na Costa, Serra e Selva a greve é total pela renúncia de Dina Boluarte. A luta continua!
O Peru parou na greve nacional contra a ditadura de Dina Boluarte.
Sem dúvida, a greve nacional da última quinta-feira 19 foi uma manifestação política poderosa, massiva, contundente e combativa em nível nacional, de rejeição e condenação do regime ditatorial de Dina Boluarte, seu gabinete ministerial, o Congresso da máfia e a escalada repressiva e assassina que ceifou a vida de mais de cinquenta compatriotas que não devem ficar impunes. O estado de emergência, com o qual Boluarte pretendia imobilizar e silenciar as vozes de rejeição e a indignação de 71% da população, não atingiu seu objetivo. Milhões de nós saímos às ruas e o movimento continua firme, apesar das prisões, do terruqueo, do uso indiscriminado das forças policiais e militares que ontem novamente reclamaram novas vidas; apesar disso, o movimento está se espalhando nacionalmente, está se fortalecendo porque agimos com a convicção de que os colocamos no governo e agora, com todo direito e razão, exigimos que todos eles vão.
Se Dina Boluarte, a direita reacionária e seus congressistas entendessem isso, nada do que está acontecendo agora aconteceria e a saída da crise estaria no caminho certo, mas infelizmente isso não está acontecendo, porque os poderosos interesses políticos e econômicos da direita estão em jogo: É o controle do Estado, a defesa do sistema que eles sentem ameaçado, é a defesa de seus negócios, seus privilégios; é por isso que a resistência às mudanças e é também por isso que a firmeza, unidade e maturidade do povo na luta pelas mudanças estruturais pelas quais votamos nas últimas eleições e hoje o reafirmamos na luta direta nas ruas e para a qual temos que consolidar a unidade e continuar a batalha.
Saudamos o esforço e a convicção dos camaradas vindos de diferentes regiões do país que foram detidos arbitrariamente, reprimidos nos postos de controle da polícia com a intenção de impedir sua chegada à cidade de Lima, porém, superando todas as dificuldades que chegaram e ficamos lado a lado, formando a maré humana que sacudiu e encheu as praças, as ruas, as áreas residenciais de nossa capital, cantando juntos as exigências de “Dina Boluarte Fora! Fechamento do Congresso!… Eleições imediatas!… Assembleia Constituinte! É a unidade, a fraternidade e a solidariedade que definirão o rumo político do país.
Portanto, não é o envio de um exército de policiais, nem a militarização do país para massacrar o povo, nem a declaração de estado de emergência, nem o toque de recolher conforme exigido pelos herdeiros do Fujimontesinismo. A saída, Sra. Dina, a saída é sua RESIGNAÇÃO e atenção imediata às demandas que milhões de peruanos estão pedindo a nível nacional. Opinião pública internacional: governos e organizações civis e democráticas, expressam sua solidariedade com o povo peruano e exigem que o massacre cesse e que a democracia e o respeito aos direitos humanos sejam restaurados.
Entretanto, ontem à noite, em mensagem à nação, a Sra. Dina, com uma atitude soberba e ameaçadora, reafirmou que continuará na posição que usurpou e anunciou que vai reprimir com mais força, contando com o único apoio que tem: a polícia, as forças armadas e o que é ainda mais grave, circula uma carta nas redes em que pede ao Congresso que autorize a entrada de forças armadas estrangeiras, com armas de guerra, no território nacional. Isto é simplesmente TRAIÇÃO À PÁTRIA, um fato que nós denunciamos e rejeitamos fortemente e que o povo não permitirá. Onde estão seus apelos para o diálogo? Onde está a paz, a ordem que você proclama?
Desde Súmate – Nuevo Perú junto com o povo, rejeitamos todas as medidas repressivas e reafirmamos que continuaremos neste processo histórico e sem precedentes de luta, superior à “Marcha dos 4 Suyos” que pôs fim à ditadura de Fujimori em 2000. Hoje, uma nova etapa na luta política está se abrindo. A consciência popular de milhares de pessoas não aceita ditaduras, autoritarismo ou remendos e remendos a este modelo econômico que só engordou as carteiras dos grupos no poder, estamos buscando mudanças fundamentais em favor das maiorias esquecidas pelos governos no poder, para isso, cresce a aceitação de uma Assembleia Constituinte livre e soberana para enterrar de uma vez por todas a Constituição de 1993 e reconstruir o país sobre novas bases.
Esta luta não terminou, a força e a convicção do povo está intacta. Precisamos da mais ampla unidade de ação nas ruas, uma maior centralização e direcionamento é urgente, vamos aproveitar os milhares de irmãos e irmãs das regiões que estão em Lima para nos organizar e realizar uma grande assembleia geral com mecanismos democráticos e representativos, para construir um órgão centralizador, para discutir e aprovar um plano de luta até derrubarmos a usurpadora e assassina Dina Boluarte. Que as centrais sindicais colocarem todo o seu aparato a serviço desta assembleia.
FORA DINA DA PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA
NÃO À MILITARIZAÇÃO DO PAÍS
REJEIÇÃO TOTAL E ENÉRGICA DA PRESENÇA DE TROPAS ESTRANGEIRAS
BASTA DE REPRESSÃO E MORTES
ELEIÇÕES GERAIS, ASSEMBLEIA CONSTITUINTE
Lima. 20 de janeiro de 2023