É hora de organizar a luta por nossas reivindicações e exigir justiça para Marielle
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É hora de organizar a luta por nossas reivindicações e exigir justiça para Marielle

Março será um importante mês de lutas por nossas reivindicações e por justiça para Marielle Franco e Anderson Gomes 5 anos após seu assassinato.

Israel Dutra e Thiago Aguiar 27 fev 2023, 18:41

Houve um tempo em que era regra afirmar que o ano começava apenas “depois do carnaval”. Esse tempo ficou bastante para trás. O ambiente do mundo pós-pandemia e a aceleração dos tempos políticos explicam por que o “ano político” não começa apenas depois da festa popular. A posse do novo governo, a tentativa de golpe em 8 de janeiro, as polêmicas políticas e mesmo a tragédia anunciada no litoral paulista dão os contornos de um ano que começou há tempos.

O Brasil, que entrou 2023 em plena atividade, segue polarizado em diversos terrenos: os “senhores” do agronegócio, coração do golpismo, ameaçam a luta pela terra nas ocupações do “carnaval vermelho”, sobretudo no oeste paulista. Na serra gaúcha, foi desbaratado um esquema de trabalho escravo em grandes vinícolas nacionais. Em Sinop (MT), uma chacina realizada por bolsonaristas ligados aos clubes de tiro da região vitimou sete pessoas, por motivos banais, como a derrota numa partida de sinuca. Eis aí as imagens do Brasil atual.

Da parte dos trabalhadores e da juventude, o fim do governo Bolsonaro desperta expectativas e necessidades. O fundamental é ir à luta, organizando as nossas reivindicações e colocando no centro a agenda dos direitos sociais da classe trabalhadora e do povo pobre. O mês de março é fundamental para tal processo. No mês das lutas das mulheres, da luta contra a impunidade e dos cinco anos sem nossa companheira Marielle Franco, nosso lugar é nas lutas.

As coordenadas da luta política imediata

Nos últimos quatro anos, a principal tarefa do movimento de massas foi a resistência sem trégua contra o governo Bolsonaro. A partir do fim do “pesadelo” que foi o governo do genocida, uma série de demandas reprimidas saem à luz do dia. São milhões de trabalhadoras e trabalhadores que agora querem fazer valer seus direitos e aguardam do governo federal e dos governos locais respostas a suas necessidades. Por outro lado, o cenário econômico é turbulento. A crise das Americanas e o endividamento das famílias são sintomas de que haverá muita dificuldade na economia e de que o novo governo deve fazer escolhas. A polêmica ao redor dos juros e do Banco Central ilustra esse quadro.

Por isso, o PSOL deve organizar as demandas da classe trabalhadora e das massas populares. Há inúmeras carências e o governo será um alvo das muitas expectativas criadas. A luta contra a extrema-direita, por sua vez, deve seguir sem tréguas, e é fundamental participar, também nos estados, dessas lutas contra os representantes locais do bolsonarismo. Por isso, o partido deve manter uma política independente, lutando por reivindicações concretas e ganhando a confiança de quem demanda mais organização para lutar e um projeto de superação.

Em São Paulo, por exemplo, há um laboratório político da luta contra a extrema direita. Enquanto Tarcísio de Freitas tenta mostrar-se como um bolsonarista “racional”, o governo estadual vem sendo aparelhado pela extrema direita em áreas como a segurança pública, educação, cultura e o ITESP, que lida diretamente com os conflitos fundiários. O PT e seus aliados, ao invés de enfrentar diretamente a política do bolsonarismo no estado, decidiu fazer um acordo com o governo e com a direita para apoiar André do Prado (PL), para a presidência da Assembleia Legislativa. Foi um acerto, portanto, a decisão da bancada do PSOL de lançar a candidatura independente de Carlos Giannazi contra esse acordão.

Há, ainda, uma série de reivindicações em curso que começam a gerar atritos e mobilizações, como a luta pela revogação do “novo ensino médio”, uma excrescência aprovada pelo governo Temer, cujos efeitos começam a sentir-se agora com sua entrada em vigor plena, sem respostas por parte do MEC, loteado por representantes de ONGs empresariais como a Fundação Lemann; a crise de crédito e de endividamento das famílias, até o momento sem uma sinalização concreta de resolução por parte do governo; a política de preços dos combustíveis, com o provável retorno da cobrança de impostos e a ausência de definições sobre o fim do PPI, promessa de campanha de Lula; entre tantas outras.

Marielle Franco: cinco anos de luta por justiça

Março será um importante mês de lutas: o dia internacional de lutas das mulheres (8), as manifestações que marcam os cinco anos do assassinato de Marielle (14 e 28), além da necessidade de marcar a data do golpe de 1964, no dia 31 e em 1º de abril, para exigir o fim da anistia aos golpistas e torturadores do passado e do presente.

É preciso dar especial atenção para a luta por justiça por Marielle Franco e Anderson Gomes. Trata-se de um enfrentamento que universaliza a pauta política de todo nosso tempo: a luta contra a extrema-direita, contra as milícias que seguem operando no campo, na cidade e na floresta, contra a impunidade e por justiça! É preciso colocar os assassinos e mandantes na cadeia como um passo para fazer valer o chamado de milhões: sem anistia! Este é o lugar do PSOL!


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