PM fluminense matou pelo menos 16 crianças este ano
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PM fluminense matou pelo menos 16 crianças este ano

Ações truculentas da polícia têm transformado menores de idade em ‘efeito colateral’. Governador Cláudio Castro (PL) precisa mudar política de segurança pública

Redação da Revista Movimento 15 ago 2023, 11:00

Foto: Reprodução

Menos de uma semana separa duas tragédias recorrentes no Rio de Janeiro. Thiago Menezes, 13 anos, morreu no último dia 7, enquanto passeava de moto na Cidade de Deus; Eloah da Silva dos Santos, 5, foi atingida dentro de casa, no sábado (12), no morro do Dendê. Ambos foram vítimas de balas perdidas disparadas em operações policiais.

A dor atordoante dos pais, familiares e amigos das duas crianças é quase palpável. A cena do pai de Eloah carregando um caixãozinho branco em suas próprias mãos como quem levava a filha ao berço é de ficar para sempre na retina.

Mas a pergunta que fica é: na prática, o que o Estado do Rio de Janeiro fará para evitar que crianças e adolescentes, seus cidadãos, não sejam contabilizados como efeito colateral de ações violentas da PM? Este ano, sete crianças morreram só na capital fluminense. Em todo o Estado, são 16 vítimas de até 14 anos, como informa a plataforma Fogo Cruzado. 

“Impressiona que tantas crianças sejam vítimas da violência armada e ainda não haja um esforço nas esferas municipal, estadual e federal para interromper essa tragédia. O futuro da metrópole está sendo exterminado, diz nota conjunta da Fogo Cruzado com o jornal A Voz das Comunidades.

O comandante  17º Batalhão (Ilha do Governador) da PM foi afastado após a morte de Eloah, mas na avaliação do deputado estadual Prof Josemar (PSOL-RJ), é a própria política de segurança que tem de mudar.

“Até quando governador? Quantas mais vão precisar morrer para essa guerra acabar? 

Cláudio Castro, a culpa é sua! Pare já com essa lógica de guerra!”, criticou. “Uma absoluta covardia contra a população. Gente sitiada sem poder sair de casa, repressão pesada contra os moradores no legítimo direito do protesto. Isso é grave!”.

Outra morte

Eloah só morreu porque a polícia foi ao Dendê reprimir um protesto de moradores pela morte de um jovem de 17 anos, ocorrido horas antes. A morte de Wendell Eduardo também é investigada pela Polícia Civil. Conforme a versão da PM, equipes do 17º Batalhão faziam patrulhamento na Avenida Paranapuã quando tentaram abordar dois homens em uma motocicleta.

Segundo a PM, o carona da moto carregava uma pistola e teria disparado contra os policiais, que revidaram. O adolescente foi baleado e morreu a caminho do hospital. 

Após a morte, moradores da comunidade protestaram e queimaram dois ônibus. A polícia chegou e fez disparos. Uma das balas encontrou a menina, que brincava em seu quarto.

Conforme Antônio Carlos Costa, do Instituto Rio de Paz, a família de Eloah quer um encontro com o governador Cláudio Castro (PL) para pedir mudanças na política de segurança pública. 

“Infelizmente, trata-se de uma política de segurança pública que segue uma espécie de pressão política exercida por um setor da sociedade que julga que com truculência nós vamos dar conta do problema endêmico, histórico que enfrentamos”, disse Costa à Folha de S.Paulo.


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Pedro Micussi