ARGÉLIA | Alerta ambiental não é crime! É um dever
O professor e militante ambientalista Kamel Aissat esta sendo perseguido judicialmente por publicações recentes
Após as manifestações do Hirak que sacudiram a Argélia em 2019, o governo do atual presidente Abdelmadjid Tebboune vem redobrando de autoritarismo e vem reprimindo duramente jornalistas, militantes políticos e ecologistas e sindicalistas.
Domingo dia 3 de dezembro, Kamel Aissat comparecera frente ao tribunal de Bejaia para responder das acusações de “publicação prejudicial à unidade nacional” e de “publicação prejudicial ao interesse nacional”.
É sua posição como cientista em relação ao projeto de mineração de zinco e chumbo de Tala-Hamza-Amizour (na região de Bejaïa) que está sendo processada. Em várias ocasiões, Kamel alertou a opinião pública e as autoridades sobre as possíveis consequências para a saúde da população e o meio ambiente.
Para ele, essa mina não é como uma mina de ferro, pois o chumbo é um metal pesado potencialmente neurotóxico. Ele afirma que o chumbo tem muitos efeitos sobre a saúde humana e pode causar doenças neurológicas, malformações congênitas, envenenamento por chumbo (presença excessiva de chumbo no organismo com efeitos nocivos, especialmente em crianças e mulheres grávidas). O chumbo, acrescenta, é transmitido pelo ar, pela grama e pela água.
Recentemente o Panama mostrou o caminho: lá a força dos movimentos sociais derrotou Presidência, Parlamento e Justiça, obrigando a corte Suprema a declarar inconstitucional a a Lei 406 que autorizava a mineração da prata (outro metal pesado nos diria o professor Aissat!) na região de Penonomé.
Domingo todas as acusações contra Kamel Aissat devem ser abandonadas!
Reproduzimos a seguir o post de Samir Larabi, jornalista da rede KBC de televisão da Argélia:
O alerta ambiental não é um crime! É um dever.
O julgamento público do professor AISSAT Kamel (ativista dos direitos democráticos e ecológicos e membro suspenso do PST) está marcado para domingo, 3 de dezembro, às 9 horas, no tribunal de Béjaïa. Está processado por “publicação prejudicial à unidade nacional” e “publicação prejudicial ao interesse nacional”. O Professor AISSAT limitou-se a dar um parecer científico especializado, juntamente com outros peritos da região, em benefício das associações e do público em geral, a seu pedido. Ele exprimiu reservas quanto ao estudo de impacto da WMZ sobre o projeto da mina de chumbo-zinco de Amizour. Alertou para a necessidade de preservar a zona húmida de Ramsar no vale de Soummam e os recursos hídricos (águas subterrâneas).
Tal como fez durante a pandemia de COVID, os incêndios, os efeitos das descargas não controladas, a exploração do gás de xisto, a agricultura biológica e o desenvolvimento sustentável, tudo num contexto marcado pelas alterações climáticas, cujas consequências são visíveis.
O alerta ambiental não é um crime. Todas as opiniões expressas pelo Sr. AISSAT estão em consonância com a defesa do interesse nacional, garantindo a gestão sustentável e a proteção dos nossos recursos.
A preocupação com as gerações futuras é um dever. A nossa total solidariedade com o militante e cientista AISSAT Kamel.